Clarissa Tamie Hiwatashi Fujiwara Deveza é nutricionista pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (F...
iRedatora especializada na cobertura de temas sobre alimentação e universo fitness.
O que é Mel?
O mel é um produto natural obtido a partir do néctar das flores e de excreções da abelha. Além de ser um ótimo adoçante natural, este alimento é cheio de benefícios porque conta com ação antimicrobiana, capaz de impedir o crescimento ou destruir micro-organismos e assim proteger contra doenças.
O alimento também conta com ação antioxidante e prebiótica, o que quer dizer que atua no equilíbrio da microbiana intestinal, estimulando o crescimento e/ou atividade de micro-organismos benéficos. Por ser rico em carboidratos e açúcar, ele é ótima fonte de energia.
O mel de abelha também conta com potássio, magnésio, sódio, cálcio, fósforo, ferro, manganês, cobalto, cobre e alguns outros minerais. Entre estes nutrientes, o potássio é o que está mais presente e é interessante para o equilíbrio da pressão arterial.
Tipos
O sabor, aroma e cor do alimento irão variar de acordo com as floradas, definidas a partir do tipo de flor que a abelha coleta o néctar para produzir este doce. Alguns benefícios podem ser mais fortes em determinados tipos do que em outros. Confira os principais tipos consumidos no Brasil:
Mel silvestre: Este é o mais ingerido no Brasil e é proveniente de diversas flores. É considerado interessante para a pele, vias respiratórias, tem efeito antioxidante e propriedades calmantes.
Mel de assa-peixe: Possui aroma e sabor agradáveis e possui efeito calmante e expectorante.
Mel de flor de eucalipto: Possui um sabor mais forte e coloração escura. É interessante para o tratamento auxiliar e alivio de infecções intestinais, vias urinárias e doenças respiratórias.
Mel de flor de laranjeira: Conta com sabor suave e regula a função intestinal e tem efeito calmante.
Mel de cipó-uva: possui ação antioxidante, especialmente no fígado, por isso pode ajudar a diminuir os efeitos do álcool no corpo.
Propriedades
Entre as propriedades do mel, estão boas quantidades de açúcar e carboidratos e, por isso, ele é uma ótima fonte rápida de energia. Ele também possui alguns ácidos orgânicos, sendo que um deles, o ácido glucônico, contribui para a formação do peróxido de hidrogênio, um poderoso antibactericida. O ferro e o cobre contribuem para a ação antimicrobiana.
O ácido glucônico também tem forte ação antioxidante. O alimento ainda conta com grande número de compostos que proporcionam este mesmo benefício. Os ácidos fenólicos, os flavonoides, certas enzimas, como a glicose oxidase, catalase e peroxidase, ácido ascórbico, hidroximetilfurfuraldeído e carotenoides. Todas as substâncias contribuem para combater os danos causados por agentes oxidantes, presentes nos alimentos e no corpo humano, e assim prevenir o envelhecimento e doenças como o Alzheimer, cardiovasculares, entre outras.
Ele conta com carboidratos não digeríveis e oligossacarídeos que são prebióticos. Isto significa que eles contribuem para a manutenção da microbiota intestinal e assim estimulam o trânsito intestinal, cooperam com a consistência normal das fezes, previnem diarreia e constipação.
Este adoçante natural possui potássio, interessante para o equilíbrio da pressão arterial, cálcio, importante para a saúde dos ossos, ferro, necessário para a prevenção da anemia, e outros minerais.
Propriedades do mel
Nutrientes | Mel (25 gramas) |
Calorias | 77.25 kcal |
Carboidratos | 21 g |
Cálcio | 2.5 mg |
Magnésio | 1.5 mg |
Ferro | 0.075 mg |
Potássio | 24.75 mg |
Fósforo | 1 mg |
Fonte: Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos / Taco - versão 2, UNICAMP
Confira qual a porcentagem do Valor Diário* de alguns nutrientes que a porção recomendada, 25 gramas (uma colher de sopa), de mel carrega:
- 7% de carboidratos;
- 0,5% de ferro;
- 0,25% de cálcio.
Benefícios
Devido as suas propriedades, o mel é saudável e bom em diversos fatores para a saúde. Listamos, a seguir, sete benefícios do mel para você conhecer. Confira:
Benefícios do mel
1. Bom para dor de garganta
Sua avó estava certa! Como o mel possui ação antimicrobiana, capaz de impedir o crescimento ou destruir micro-organismos, ele é interessante para aliviar a dor de garganta momentaneamente. Mas é importante ressaltar que não há nenhum estudo científico comprovando que ele trate as causas desse sintoma, como uma faringite por exemplo, e nem a evolução da doença relacionada a uma dor de garganta.
As características deste adoçante natural que fazem com que ele tenha esta ação antibiótica são: o baixo ph, proporcionando um ambiente ácido que pode inibir o desenvolvimento de muitos micro-organismos, pouca quantidade de água, que não proporciona condições favoráveis para o crescimento das bactérias. Além disso, o mel possui o ácido glucônico que contribui para a formação do peróxido de hidrogênio, um poderoso antibactericida.
2. Bom para problemas respiratórios
Pesquisas mostraram que bactérias causadoras de algumas doenças são sensíveis a ação antibacteriana do mel. Entre esses micro-organismos estão a Haemophilus influenzae, responsável por infecções respiratória e sinusites, Mycobacterium tuberculosis, que leva a tuberculose, Klebsiella pneumoniae e Streptococcus pneumoniae, que causa a pneumonia. Nesse caso, vale a mesma ressalva em relação à dor de garganta. O mel pode ajudar aliviando os sintomas e o desconforto, mas não promove a cura da doença em si. O tratamento dessas doenças, portanto, deve ser indicado por um especialista.
Vale associar este alimento com o própolis, substância complexa coletada e transformada por abelhas e que possui flavonoides. Os flavonoides apresentam propriedades antibactericida, sendo também um coadjuvante no camba à doenças do trato respiratório.
3. Bom para o intestino
O mel pode ser um importante aliado na manutenção da microbiota intestinal (conhecida como flora intestinal), que são bactérias benéficas que carregamos ali. Contribuindo assim para um melhor trânsito intestinal, a consistência normal das fezes, prevenção de diarreia e constipação.
Com a microbiota boa, quando a pessoa consumir fibras as bactérias do bem transformam as fibras em ácidos graxos de cadeia curta, que impedem que os micro-organismos ruins do intestino invadam a corrente sanguínea e se espalhem pelo nosso corpo, criando uma defesa indireta.
Todos estes benefícios ocorrem porque ele possui carboidratos não digeríveis e oligossacarídeos que são prebióticos, ou seja, contribuem para a manutenção da microbiota intestinal. Além disso, pesquisas mostraram que bactérias causadoras de algumas doenças são sensíveis a ação antibacteriana do mel. Entre esses microrganismos estão: Escherichia coli, causadora de diarreia e infecções urinárias e Salmonella species, que pode levar a diarreia.
4. Bom para pele
O mel é rico em antioxidantes, como ácidos fenólicos, os flavonoides e os carotenoides. Por isso, o alimento contribui para a diminuição dos radicais livres e assim previne o envelhecimento precoce e contribui para a pele mais bonita e saudável. O produto pode ser ingerido ou utilizado em cosméticos como sabonetes e cremes.
Ao ser passado na pele algumas pesquisas, entre elas uma da Universidade de Ouagadougou de Burkina Faso, observaram que ele pode agir como cicatrizante de feridas e em casos de úlceras, queimaduras e abscessos na pele. Os micro-organismo staphylococcus aureus e salmonela typhimurium, ambos causadores de infecções em ferimentos, são sensíveis a ação antibacteriana do mel.
5. Tem ação antioxidante
Isto faz com que o mel ajude a diminuir os radicais livres e assim contribua para evitar o envelhecimento celular, proporcionando uma pele mais bonita e saudável e prevenindo doenças como o Alzheimer, cardiovasculares, entres outras.
As substâncias presentes no alimento que proporcionam este benefício são: ácido glucônico, os ácidos fenólicos, os flavonoides, certas enzimas, como a glicose oxidase, catalase e peroxidase, ácido ascórbico, hidroximetilfurfuraldeído e carotenoides.
6. Diminui os riscos de infecção urinária
Alguns estudos apontaram que bactérias causadoras de certas doenças são sensíveis a ação antibacteriana do mel. Entre esses microrganismos estão a streptococcus faecalis, proteus species e pseudomonas aeruginosa, todas elas podem causar a infecção urinária.
7. Melhora o sono e ajuda a relaxar
O mel estimula a produção de serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem-estar. O alimento é um carboidrato fonte de triptofano, um aminoácido precursor da serotonina, que é o hormônio responsável por baixar os níveis de estresse do organismo, melhorando o bem-estar.
Ele também tem uma função importante como regenerador da microbiota intestinal, quando combinado aos lactobacilos presentes no intestino. Sabe-se que mais de 90% da serotonina é produzida no intestino, portanto o alimento ajuda a manter a integridade intestinal colaborando com uma melhor regulação neuro-endócrina, com mais serotonina e mais disposição e sensação de prazer.
Mel engorda?
Essa é uma dúvida bastante comum. Em comparação com o açúcar refinado e o mascavo, o mel possui menos calorias (como veremos a seguir). Por isso, ele pode ser considerado um aliado no processo de emagrecimento se usado como substituto do açúcar em receitas.
Porém, ainda assim, se consumido exageradamente, o mel pode engordar, além de poder elevar o nível de glicose no sangue. Portanto, o segredo é utiliza-lo de forma equilibrada na alimentação.
Comparação
Nutrientes | Mel (25 gramas) | Melado (25 gramas) | Açúcar refinado (50 gramas) | Açúcar mascavo (50 gramas) |
Calorias | 77.25 kcal | 74 kcal | 193.5 kcal | 184.5 kcal |
Carboidratos | 21 g | 19.15 g | 49.75 g | 47.25 g |
Cálcio | 2.5 mg | 25.5 mg | 2 mg | 63.5 mg |
Magnésio | 1.5 mg | 28.75 mg | 0.5 mg | 40 mg |
Ferro | 0.075 mg | 1.35 mg | 0.05 mg | 4.15 mg |
Potássio | 24.75 mg | 98.75 mg | 3 mg | 261 mg |
Fósforo | 1 mg | 18.5 mg | 0 mg | 19 mg |
Fonte: Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos / Taco - versão 2, UNICAMP.
*Comparação baseada nas quantidades diárias recomendadas de cada alimento. Valores Diários de referência para adultos com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kj. Seu valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.
O mel é muito mais saudável para a alimentação do que o açúcar refinado. Enquanto o primeiro possui uma série de substâncias que proporcionam benefícios para o organismo, o segundo é somente fonte de "calorias vazias" já que é veículo de calorias, porém sem agregar nutrientes.
Já o açúcar mascavo não passa pelo processo de refinamento e por isso preserva nutrientes em sua composição. Ele conta com boas quantidades de ferro, importante para evitar a anemia, e potássio, nutriente que participa do processo de equilíbrio da pressão arterial. Além disso, o alimento possui magnésio, fósforo e cálcio. Porém, o alimento não possui as propriedades antioxidantes, antibacterianas e prebióticas do mel.
O melado, que assim como o açúcar refinado e mascavo é derivado da cana de açúcar, é uma outra opção para adoçar, pois não passa pelo refinamento. Assim, ele possui boas quantidades de nutrientes semelhantes aos do mascavo, como o ferro e o potássio. Alguns estudos apontam que o melado é interessante para a prisão de ventre. Contudo, ele também não possui as propriedades antioxidantes, antibacterianas e prebióticas do mel.
Como consumir ?
O mel pode ser utilizado como uma substituição saudável ao açúcar refinado na preparação de bolos, tortas, biscoitos, entre outros doces. Também é interessante consumi-lo com torradas, frutas, iogurtes, sucos e até mesmo na receita de carnes.
Evite o aquecimento em excesso do mel, pois isto pode reduzir a acidez e a umidade do alimento e causar a perda na atividade de algumas enzimas, fazendo com que o alimento deixe de ter parte de suas propriedades benéficas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) orienta aquecer o alimento até no máximo 70 graus Celsius.
Mel cristalizado: Por ser uma solução rica em açúcar, quando armazenado em temperaturas abaixo da média da colmeia, que é entre 34 e 35 graus, ele pode cristalizar. Dessa forma, deve ser mantido fora de refrigeração. Para que ele volte ao estado líquido sem perder as propriedades nutricionais, a orientação é colocar a quantidade a ser utilizada em um pote em banho-maria a 45 graus durante cinco minutos. Deixe a água esfriar com o pote dentro.
Cuidados com a origem do mel
É importante ficar atento para a procedência do mel. Opte sempre pelo produto que tem as informações do fabricante e o selo do Serviço de Inspeção Federal (S.I.F). O S.I.F pertence ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal que tem por objetivo normatizar e autorizar a produção e comercialização de todos os alimentos de origem animal no Brasil.
Combinações
Mel com limão: Essa é uma combinação conhecida por ser usada para aliviar a tosse. De fato, a mistura é rica em vitaminas B e C, que podem fortalecer o sistema imunológico. Além disso, é rica em flavonoides, que possuem efeitos antioxidantes que combatem a ação dos radicais livres, reduzindo o processo inflamatório, podendo evitar e diminuir os efeitos da gripe.
Mel com cereais: O mel possui ação prebiótica que melhora a microbiota intestinal e os cereais, como aveia, são ricos em fibras. Com a microbiota boa, quando a pessoa consumir fibras as bactérias do bem transformam as fibras em ácidos graxos de cadeia curta, que impedem que os micro-organismos ruins do intestino invadam a corrente sanguínea e se espalhem pelo nosso corpo, criando uma defesa indireta.
Mel com leite: A combinação pode ser ótima para melhorar a qualidade do sono, principalmente para quem tem mais dificuldade de desligar o cérebro antes de dormir. A temperatura morna do leite é reconfortante, ajudando o corpo a relaxar. Além disso, o alimento é fonte de triptofano, aminoácido que melhora o bem-estar e prepara para o sono. Já o mel, além de também ser fonte de triptofano, é uma fonte de carboidrato simples, que também ajuda no sono, pois facilita a absorção do triptofano.
Mel com fruta: Por ambos serem fontes de carboidratos, trata-se de uma combinação recomendável para antes da prática de exercícios físicos. Isso porque o carboidrato é o principal nutriente que proverá a energia para a melhor execução da atividade e, basicamente, os carboidratos são encontrados em quantidade limitada como reserva na forma de glicogênio nos músculos e no fígado, assim como na glicose presente no sangue.
Quantidade recomendada
Afinal, quantas colheres de mel por dia podem ser consumidas? Esse valor pode variar entre uma colher de chá, cerca de 10 gramas, a uma colher de sopa, aproximadamente 25 gramas. É importante ressaltar que este alimento deve ser inserido em uma dieta saudável.
Contraindicações
O mel não deve ser consumido por crianças menores de um ano. Isto porque o alimento pode ter Clostridium botulunum, bactéria causadora do botulismo.
A doença pode causar problemas de saúde sérios como visão dupla e embaçada, fotofobia, tonturas, boca seca, constipação, comprometimento do sistema nervoso (dificuldades para engolir, falar, se mover) e comprometimento dos músculos respiratórios.
Esta quantidade de bactéria pode ser prejudicial para crianças com menos de um ano porque elas não possuem a microbiota completamente formada. Para os adultos saudáveis esta quantidade de Clostridium botulunum não é prejudicial.
Além disso, ele não é recomendado para pessoas que possuem diabetes. Isto porque este alimento rico em açúcar pode levar a picos de glicemia no organismo.Grávidas também devem ficar atentas a este alimento e procurar incluí-lo em uma dieta saudável, a fim de evitar o risco de diabetes gestacional.
Mel faz mal?
Como o mel é muito calórico e rico em açúcar o consumo em excesso pode causar o ganho de peso. Além disso, grandes quantidades de mel, assim como o açúcar, podem elevar os níveis de glicose no sangue rapidamente, fazendo com que os níveis de insulina aumentem e consequentemente a longo prazo isso pode levar a resistência à insulina que favorece o diabetes tipo 2.
Referências
- Nutrólogo Roberto Navarro (CRM SP 78.392).
- Nutricionista Karina Valentim da PB Consultoria em Nutrição.