Redator colaborador das editorias de saúde e beleza.
Rosto brilhoso, cabelo grudado na testa, fios com aspecto sujo, acne e cravos por todo lugar. Não é fácil a vida de quem tem pele oleosa - e olha que não é pouca gente que tem. Entre todos os tipos de pele, a de aspecto oleoso é o mais comum entre os brasileiros. Causada pela produção excessiva de sebo pelas glândulas sebáceas, a pele oleosa traz consigo uma série de mitos que, de tão repetidos, acabaram virando falsas verdades. Mas, afinal, como saber se a pele é de fato oleosa?
Algumas doenças também estão relacionadas à pele oleosa, como a acne, rosácea, dermatite seborreica e hiperplasia sebácea. "O estresse, o consumo da proteína do leite e o uso de medicamentos antidepressivos e antipsicóticos são fatores que podem levar as glândulas sebáceas a produzir mais sebo do que o normal", afirma a dermatologista Christiana Blattner.
Mas é verdade que pessoas com pele oleosa têm menos rugas? É verdade que a oleosidade presente na pele retarda o processo de envelhecimento? E o protetor solar, afinal de contas, aumenta ou diminui a oleosidade na pele? Saiba identificar o que é mito e o que é verdade quanto o assunto é pele oleosa.
Lavar o rosto várias vezes ao dia elimina a oleosidade
Mito. Quando você retira o sebo do rosto durante a lavagem, a pele automaticamente o repõe, pois essa gordura que é eliminada existe para proteger a nossa pele, como se fosse uma película. Isso significa que não adianta lavar o rosto várias vezes ao dia, achando que isso vai reduzir a oleosidade. O ideal mesmo é fazer a limpeza com sabonete duas vezes ao dia. "Dê preferência aos sabões à base de enxofre e ácido salicílico", recomenda o dermatologista Abdo Salomão. E muita atenção para a temperatura da água! Se ela estiver muito quente, acabará removendo a oleosidade natural da pele e incentivará as glândulas a produzir mais sebo. Se estiver muito fria, os poros da pele não se abrirão o suficiente para que a lavagem seja completa e eficaz. Por isso, o ideal é sempre lavar o rosto em água morna.
Quem tem pele oleosa pode usar maquiagem todos os dias
Verdade. Antigamente, os itens de beleza bloqueavam os poros e não deixavam a pele respirar propriamente. "Hoje em dia, no entanto, já existem tecnologias avançadas que permitem que até mesmo pessoas com pele oleosa possam fazer uso de maquiagem diariamente", explica Christiana Blattner.
A verdade é que, hoje, muitas mulheres usam maquiagem justamente para disfarçar os efeitos da pele oleosa. O pó compacto e o primer são ótimas opções para esconder o brilho causado pela oleosidade excessiva - e muitos são destinados exclusivamente a pessoas com pele oleosa, pois tem efeito mate, que dão aspecto seco e não incentivam a produção de sebo pelas glândulas. Desde que os produtos sejam removidos corretamente depois, pode usar maquiagem sem medo.
O verão aumenta a oleosidade da pele
Verdade. O calor estimula a oleosidade e é comum que em dias mais quentes as glândulas sebáceas produzam mais sebo do que o normal. Pode reparar: no verão, principalmente, a pele está sempre com um aspecto mais brilhoso e pesado do que nas estações mais frias do ano. Não à toa que costuma-se muito ouvir que a pele fica mais bonita no inverno, quando as temperaturas geralmente estão mais baixas e as glândulas não costumam produzir tanta gordura.
Mas, segundo o dermatologista Abdo Salomão, é possível driblar o excesso de oleosidade na pele causado pelo calor. "Uma solução é manter o ambiente sempre arejado e refrigerado", diz.
Então, se por um lado o verão é o inimigo da pele oleosa, por outro o ar condicionado... também é. Acontece que, em dias muito quentes, é praticamente impossível ficar sem aquele ar geladinho. O problema é que o ar condicionado resseca o ambiente, ajudando a desidratar a pele também.
Com isso, há um aumento na produção de sebo, como uma reação natural do corpo para tentar reduzir os danos causados pela desidratação. Então não tem solução? Tem sim. No calor, beba sempre muita água. Manter-se hidratado é essencial para manter a pele sempre com aparência saudável e, principalmente, livre da oleosidade!
Esfoliantes e esponja vegetal reduzem a oleosidade
Mito. O que acontece é justamente o contrário. Sabonetes esfoliantes limpam profundamente, mas removem a oleosidade natural e ressacam a pele. O resultado disso é um aumento na produção de sebo decorrente do uso incorreto do esfoliante.
Além disso, a famosa bucha, conhecida por proporcionar limpeza profunda, é um verdadeiro hotel de bactérias. Isso porque, depois de usadas, as esponjas vegetais acumulam as células mortas da pele removidas durante o banho. Some isso ao ambiente úmido do chuveiro, e que também há pouca circulação de ar, e voilá: temos todas as condições perfeitas para a proliferação das bactérias, que se alimentam de qualquer matéria orgânica, como as células mortas, para crescer de tamanho.
A cada banho tomado e a cada vez que a bucha é usada e não é secada corretamente, a população de bactérias aumenta. E o pior: a esponja vegetal espalha novamente pelo corpo toda a sujeira que tirou dele no banho anterior. Se usada com muita regularidade, a bucha pode agredir a pele, e quando ela é muito estimulada, a oleosidade aumenta e os poros podem se obstruir.
A alimentação influencia na oleosidade da pele
Verdade. "Alguns alimentos influenciam na produção de gordura pelas glândulas sebáceas, especialmente farináceos (farinha de trigo, farinha de mandioca, farinha de aveia, etc.) e os que contenham proteína do leite, como queijos, iogurtes, o próprio leite, entre outros", explica a Dra. Christiana Blatter. "Esses alimentos estimulam a produção de insulina, o que, somada à ação hormonal, leva ao surgimento mais frequente de cravos e acnes no rosto", diz.
Por isso é tão comum adolescentes terem muitas espinhas, principalmente na face. Juntam-se as alterações hormonais típicas dessa fase da vida a maus hábitos alimentares e pronto: o resultado é uma pele com muito mais oleosidade. O dermatologista Abdo Salomão concorda. "Alimentos muito gordurosos, como frituras, e os que contém cacau também podem aumentar a produção de sebo pelas glândulas", afirma.
Pele oleosa não precisa de hidratante
Mito. Não é porque a pele é oleosa que ela não precisa ser bem tratada, não é mesmo? "Hoje em dia, existem produtos exclusivamente voltados para pessoas com maior oleosidade na pele", afirma a dermatologista Christiana Blattner. "Esses produtos hidratam e ainda têm efeito mate, que confere aspecto seco à pele", diz. Procure por produtos oil free, e prefira géis no lugar de cremes.
Pessoas com pele oleosa têm maior tendência à acne e aos cravos
Verdade. As acnes e os cravos só aparecem em peles em que há um acúmulo de gordura nos poros, de modo que isso só pode ocorrer com pessoas que produzam sebo em excesso - característica base da pele oleosa.
Esses problemas são mais comuns durante a adolescência, quando ocorrem alterações hormonais e um pico na produção de insulina pelo organismo. No entanto, pessoas com pele oleosa também têm problemas com acnes e cravos durante toda a vida, a não ser em casos em que a oleosidade seja reduzida com o passar dos anos.
Usar protetor solar aumenta a oleosidade
Mito. Não há relação alguma entre a oleosidade excessiva produzida pelo corpo com o uso do protetor do solar. "Existe esse mito porque filtros solares também são hidratantes, e acredita-se que pele oleosa não precisa de hidratação", explica Christiana Blattner. "As pessoas estão projetando a culpa da oleosidade da pele no protetor solar, quando na verdade o problema está nela mesma", afirma.
Os protetores solares na realidade não só não pioram a oleosidade como ajudam a combatê-la. Isso porque os filtros solares, por terem ação hidratante - a ponto de manter até mesmo a pele seca hidratada - preservam a oleosidade natural e conferem aspecto brilhoso à pele, garantindo, assim, a refração da luz solar. Isso, além de preservar a saúde da pele, retarda o envelhecimento, não resseca a pele e, portanto, não estimula a produção de sebo como forma de compensação à oleosidade perdida durante a exposição solar.
Comer chocolate aumenta a oleosidade?
Parcialmente verdade. Você com certeza já ouviu dizer por aí que chocolate causa espinha. Não é que isso seja inteiramente mentira, mas há muito exagero nessa história. Como muitos chocolates levam leite, então não é incorreto dizer que eles podem causar, sim, um excesso de oleosidade na pele e um posterior surgimento de acnes e cravos em alguns pacientes, por serem alimentos gordurosos, e que portanto interferem na produção de gordura pelas glândulas sebáceas e estimulam a produção de insulina, levando a um mecanismo hormonal que aumenta acne na pele. Mas existem outros tipos de chocolate, com quantidades maiores de cacau e menores de leite, por exemplo, que não levam a uma produção maior de sebo pelas glândulas.
Quem tem pele oleosa envelhece mais devagar
Mito. "O que acontece é que, ao contrário da pele seca, a pele com mais oleosidade refrata melhor a luz solar e, com isso, apresenta menos rugas, manchas e outras marcas da idade", explica a dermatologista Christiana Blattner. Então quer dizer que o sol é inimigo da pele? Calma lá.
A exposição ao sol não somente é benéfica como também é a maior fonte existente de vitamina D - um importante nutriente para nosso corpo que é capaz de prevenir 17 tipos de câncer e que ainda fortalece os ossos, protege o coração, previne e controla a diabetes e pode ajudar até no tratamento de doenças autoimunes. Mas, como tudo na vida, tomar sol demais também faz mal.
Por isso o uso de protetor solar é imprescindível para manter a saúde da pele, e até mesmo para retardar os efeitos do envelhecimento. O protetor solar, assim como a oleosidade natural da pele, funciona como um refrator dos raios UVA e UVB. Quanto menor a incidência deles sobre a pele desprotegida, menores serão os efeitos nocivos sobre a saúde e a boa aparência da pele.
Quem tem pele oleosa também tem cabelo oleoso
Verdade. A pele oleosa é causada pela produção excessiva de sebo pelas glândulas sebáceas, então o excesso de oleosidade produzido pelo corpo também se estende ao couro cabeludo, conferindo aspecto oleoso aos fios também.