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Você acorda, lava os cabelos, seca, se prepara para o dia e, quando chega a hora do almoço, já dá para ver aquela oleosidade começando a aparecer. No final do dia, ela aumentou. E, no dia seguinte, a forma e volume já estão comprometidos - e é bem capaz que o efeito "escorrido" seja a definição do visual.
As causas que favorecem a oleosidade excessiva dos fios são muitas, mas não se desespere, é possível se livrar desse problema com alguns cuidados.
Lavar os cabelos em dias alternados
Quem tem cabelo oleoso não pode descuidar da rotina de lavagem dos fios. Lavar pouco aumenta a oleosidade e muitas vezes pode ter o mesmo efeito. É melhor lavar os cabelos em dias alternados. Não é indicado ficar dois ou três dias sem lavar ou lavar três vezes ao dia. "Se você não tira a oleosidade na medida ideal a glândula sebácea fica muito estimulada a produzir mais", explica Adriano Almeida, tricologista e presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo.
Usar xampus para cabelos oleosos
Segundo o tricologista Almeida, xampus específicos para cada tipo de cabelo não são um mito - há um estudo para desenvolver cada produto e eles tendem a ser melhores para este tipo de fio. Os para cabelo oleosos possuem tensoativos, ou seja, substâncias encarregadas de se ligarem em gorduras e sujeiras e levá-las embora com o enxague. "O Lauril Sulfato de Sódio é um tensoativo que age como um potente agente desengordurante", afirma Lucas Portilho, farmacêutico e especialista em cosmetologia. Presente em xampus e sabonetes líquidos, o Lauril Sulfato de Sódio, proporciona limpeza e remoção do óleo dos cabelos.
Porém, é importante lembrar que, da mesma forma que o tensoativo remove a oleosidade dos fios, também acaba 'limpando' a gordura natural que mantém, por exemplo, a pele hidratada. Essa gordura natural, formada por cerâmicas, ácidos graxos e colesterol age como uma barreira, retendo a água na pele. Ao remover esses componentes, a pele perde muita água e o couro cabeludo fica ressecado.
Equilibrar o uso de Sulfato
De um tempo para cá, alguns grupos que defendem o uso de produtos naturais para cuidar da pele e cabelos vem levantando a questão de que o Lauril Sulfato de Sódio poderia ter ação cancerígena. Segundo o National Cancer Institute dos Estados Unidos, o Lauril Sulfato de Sódio pode causar irritação nos olhos, pele e mucosas, dependendo da concentração utilizada.
Para Almeida, apesar de o Lauril Sulfato de Sódio ser considerado um vilão atualmente, no caso do cabelo oleoso ele pode ajudar, uma vez que ele resseca mais e ajuda a reduzir a oleosidade.
Desconfiar do efeito rebote
O efeito rebote, neste caso, é quando o xampu remove o sebo capilar em excesso, fazendo com que o organismo entenda que ele precisa produzir mais óleo para suprir aquela necessidade. Contudo, segundo explica o farmacêutico e cosmetólogo Portilho, não há evidências que comprovem a ocorrência desse efeito. Além disso, nem o lauril ou outro tensoativo mais suave vão atuar nas glândulas sebáceas, portanto, a produção de oleosidade será a mesma, o que significa que o efeito neste sentido é um mito.
Evitar banhos muito quentes
A água quente pode gerar um maior ressecamento da pele e couro cabeludo e acabar estimulando as glândulas a produzirem mais oleosidade. Por isso, a recomendação dos especialistas é que a pessoa tome banho com a água morna, o mais fria que ela conseguir, para evitar este efeito. Segundo a dermatologista Joana, não adianta tomar um banho quente e depois apenas finalizar com um jato frio, "pois a glândula já foi estimulada a produzir mais, então a pessoa acaba se enganando achando que apenas com um jato frio conseguiria reverter este estímulo".
Não exagerar no uso de condicionadores
O condicionador é para quem precisa, e abusar deste produto pode ser uma das causas da oleosidade excessiva do cabelo. "Quem tem cabelo curto e não precisa desembaraçá-lo, não precisa de condicionar. Quem tem cabelos longos deve usar o produto apenas nas pontas. Se houver uma necessidade maior, ou seja, cabelos descoloridos ou tingidos, pode ser necessário usar uma máscara capilar, que nestes casos pode ser passada desde a raiz se a pessoa utilizá-la até uma vez por semana. Mais do que isso, a partir da segunda vez, se deve usar apenas da altura da orelha para baixo", ensina o tricologista Almeida. A farmacêutica Vânia ainda afirma que existem muitos condicionadores em forma de géis, que podem ser muito úteis para quem tem esse tipo de cabelo, uma vez que a fórmula dos cremes é naturalmente mais oleosa.
Usar shampoo anti-resíduos, mas com cautela
A resposta rápida é que sim, se aplicados com os devidos cuidados, os shampooa anti-resíduos podem ajudar a reduzir a oleosidade do cabelo. Isso porque os condicionantes presentes nos shampoos e condicionadores possuem carga elétrica positiva e, quando são aplicados nos cabelos, ficam aderidos aos fios através de atração eletrostática.
Sobre os cuidados, o tricologista Almeida orienta para que se use os shampoo anti-resíduos apenas uma vez por semana e avisa que ele pode acabar removendo um pouco mais de tinta (no caso de cabelos tingidos) que o shampoo comum, justamente por seu poder de limpeza ser maior.
Evitar cremes sem enxague
Uma das possíveis causas da oleosidade são os resíduos que ficam nos cabelos e podem gerar a proliferação de fungos, aumentando a quantidade de sebo no local. "O uso de condicionador em excesso, ou de cremes sem enxague, geram alguns destes resíduos que podem ajudar a obstruir os poros de saída das glândulas na região do couro cabeludo, que quando não são retiradas corretamente podem evoluir para um quadro de dermatite. Além disso, como essas glândulas não são obstruídas de forma homogênea, isso pode fazer com que as glândulas que não estão com a sua saída obstruída produzam mais óleo para suprir a ausência das demais, o que acaba aumentando a oleosidade", explica a dermatologista Joana.
Portanto, o uso de cremes sem enxague, no geral, deve ser avaliado, assim como o condicionador. e realmente há necessidade de uso, somente o utilizar nas pontas.
Não usar álcool, vinagre ou limão para tirar o óleo
Métodos caseiros amplamente divulgados, como usar álcool, vinagre ou limão para retirar a oleosidade, podem não ser uma boa ideia e, em alguns casos, até ser um perigo para os fios. "Esses produtos só irão secar os fios, o que pode causar uma irritação e até uma dermatite de contato", diz Joana. "Para se comercializar um produto para os cabelos ou pele são feitos vários estudos e testes, além da necessidade de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Então, deixar de usar o que foi aprovado para utilizar algo feito em casa, sem nenhum tipo de estudo ou teste, pode ser perigoso. A pessoa deve procurar um produto feito por uma empresa idônea, registrada na Anvisa e que tenha um farmacêutico clínico responsável por ele se quer realmente se livrar da oleosidade com segurança", opina a farmacêutica e professora Vânia.
Shampoo a seco para emergências
O xampu a seco é uma espécie de talco que ajuda a retirar o excesso de sebo do couro cabeludo e é o melhor amigo de quem tem cabelo oleoso. Mas atenção! Ele só deve ser usado em emergências ou compromissos de última hora - como uma reunião de urgência, um encontro no final do dia que o cabelo já está sem volume e outros imprevistos.
"O uso do shampoo a seco nunca deve ser estimulado como um hábito de vida diário. A substância utilizada para a sua formulação é o amido de alumínio, que ajuda a absorver a oleosidade e melhorar o brilho dos cabelos, mas não substitui uma lavagem por não remover a sujeira", diz a dermatologista Gabriella Albuquerque, coordenadora da Sociedade de Dermatologia do Rio de Janeiro. Usar este tipo de produto constantemente também gera resíduos que podem ajudar a obstruir a saída dos poros de oleosidade, o que pioraria o quadro.
Apostar em tratamentos de longa duração
Apesar da maioria dos produtos contra oleosidade só funcionarem durante o seu uso, hoje já existem tratamentos que têm uma duração maior. Portanto, quando a oleosidade incomoda ou já surgiu a caspa, é importante procurar um tricologista ou dermatologista, que são as especialidades médicas mais habilitadas para lidar com o problema.
"Por exemplo, quando a pessoa tem caspa podemos passar um xampu com remédio e fazer o desincruste, uma lavagem mais profunda, como se fosse um peeling do couro cabeludo. No consultório temos um xampu com composição diferente e fazemos uma massagem para soltar as 'casquinhas', depois enxaguamos e lavamos com xampu normal, além de fazer uma hidratação quando necessário. Se a pessoa tiver coceira também é importante tratar o quanto antes, pois isso pode causar feridas e avulsão, que é quando a pessoa perde cabelo pelo ato de coçar o couro cabeludo. Nestes casos pode ser usado um laser de baixa potência (LED), que ajuda a tirar o processo inflamatório, assim como máscaras de argila, que também acalmam o couro cabeludo", diz o tricologista Almeida.
Oleosidade não é sinônimo de caspa
Não, não são todas as pessoas com cabelos oleosos que apresentam caspa, assim como nem todas as pessoas com caspa têm cabelos oleosos. Contudo, "o excesso de oleosidade pode prejudicar e causar doenças, como dermatite seborreica, que é a caspa", diz Almeida. Ela pode vir acompanhada de coceira e passar uma impressão de falta de higiene, pois fica visível nos fios e roupas da pessoa. A caspa pode estar relacionada com a queda de cabelo e demanda tratamento, então, se você está com o problema, busque um especialista para trata-la.