Cirurgião plástico com reconhecimento atestado pelo MEC/AMB/SBCP/CRM, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástic...
iEm maio deste ano, o periódico científico British Medical Journal publicou um estudo realizado na Universidade Laval, no Canadá, que sugere que a colocação de próteses de silicone dificulta o diagnóstico precoce do câncer de mama. Os pesquisadores apontam que os implantes podem dificultar a visualização do tecido mamário através de exames de imagem, como a mamografia.
No entanto, essa pesquisa contém uma série de limitações científicas. A primeira delas está no fato de ser uma conclusão retirada de 12 outros estudos diferentes, publicados nos Estados Unidos, Canadá e Norte da Europa desde 1993. Não é possível conhecer o perfil das participantes (como a idade e o histórico familiar, por exemplo), como era feito o acompanhamento médico dessas mulheres e qual era a periodicidade com que realizavam seus exames de ultrassom e mamografia.
O estudo ideal
Para que possamos vencer os mitos e obter resultados confiáveis a partir de um estudo, o ideal seria a realização de uma pesquisa com o objetivo específico de analisar mulheres com prótese de silicone.
O estudo deveria abranger duas populações com intuito de fazer uma comparação: uma que não tem prótese e faz o ultrassom e a mamografia todo ano; e outra população com prótese que também faz os exames anualmente. Com esses dois grupos, poderia ser feita uma comparação mais precisa: nível de tumor, incidência de câncer em um grupo e no outro, etc.
Seria necessário fazer um acompanhamento dessas pacientes que fizeram ultrassom e mamografia regularmente e então receberam o diagnóstico do câncer de mama. A partir daí, deveria ser verificado se o diagnóstico poderia ter sido feito anteriormente e, se sim, o porquê não foi feito.
Silicone dificulta a realização do exame?
No caso das mulheres que têm próteses de silicone, a dificuldade na realização dos exames é um mito, pois os radiologistas estão muito habituados a analisar essas pacientes e o conhecimento desses profissionais hoje é muito maior do que há um tempo atrás. Os equipamentos, tanto de mamografia quanto de ultrassom, também estão muito mais avançados, proporcionando uma precisão maior nos exames. Quando há dúvida, é feita a ressonância magnética ? exame que garante uma investigação ainda mais detalhada.
Importância dos exames
O ponto mais importante e real que devemos frisar é que tanto as mulheres que têm próteses de silicone como as que não têm façam os exames periódicos das mamas, que são o ultrassom e a mamografia. Esse acompanhamento deve ser feito com o ginecologista, é o médico que deve recomendar quando devem começar a ser feitos os ultrassons de mama anuais, que podem começar desde cedo, e a partir dos 40 anos de idade a mulher deve fazer a mamografia todo ano. Existem muitas mulheres que não fazem os exames adequados, com a periodicidade adequada e acabam comprometendo sua saúde, descobrindo tardiamente possíveis tumores, por exemplo.
Pacientes que já possuem histórico familiar de câncer de mama devem ter seus casos avaliados pelo médico. Quanto mais parentes diretos da paciente têm ou tiveram câncer de mama (como mãe, irmã e tias), há uma relação mais preocupante.