Manuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iMusculação, ginástica localizada, corrida ou futebol. Seja qual for o exercício físico, ele sempre marca presença: o suor. Mas ao contrário do que muitos pensam, a transpiração é aliada da atividade física.
"Composto por águas e sais minerais, o suor ajuda a manter estável a temperatura do corpo, impedindo a chamada intermação, conjunto de sintomas que ocorre quando o corpo atinge a temperatura de 40 graus Celsius", explica o educador físico Nikolas Chaves, de Belo Horizonte.
"Esse quadro, mais grave, é o último de uma série de sintomas que incluem cãibras, exaustão e desidratação". Para evitar esse desfecho, tenha consciência ao treinar.
Conversamos com os especialistas, que nos contaram quais são os cuidados para diminuir os efeitos negativos de treinar no calor. Eles são bem simples! Aproveite!
Nada de enxugar
Não basta suar, é preciso evaporar. Isso mesmo, a transformação da água em vapor é muito importante para que ocorra o resfriamento do corpo. "A produção de suor por si só não diminui a temperatura do corpo", explica Nikolas Chaves.
Enxugar a pele antes que o suor vire vapor, impede que esse processo chegue ao seu fim e dificulta a regulação da temperatura. Mas vale a ressalva: se o corpo estiver muito molhado, a evaporação também ficará prejudicada. Não exceda os limites.
Não molhe o corpo
Jogar água no corpo parece uma ideia tentadora para reverter o calor? Pois saiba que quando o corpo está molhado, a evaporação fica muito mais difícil. "É criada uma película entre a superfície da pele e a atmosfera, o que impede que as gotículas de água se transformem em vapor", explica o fisiologista do exercício Raul Santo, da Universidade federal de São Paulo (Unifesp). "Em consequência, o corpo continua retendo calor".
Muita água
Já que suar é mais que necessário para manter a temperatura corporal adequada durante o exercício físico, o jeito é beber água para evitar a desidratação. O educador físico Nikolas Chaves recomenda a ingestão de 200 ml de água a cada 15 minutos de atividade.
Antes da prática, vale obedecer a sede, um instinto básico que nos indica se estamos desidratados ou não. Cuidado também como excesso: beber água demais não ajuda, pelo contrário, pode causar desconforto gástrico durante a atividade física.
Evite treinar no calor intenso
Nikolas Chaves explica que quando a umidade relativa do ar alta, isto é, acima de 60% - de acordo com o índice de estresse térmico - a diferença de pressão entre as gotículas de água suspensas no ar e as gotículas da pele diminui. Em consequência, a evaporação do suor fica muito mais difícil.
A dificuldade também aumenta quando o dia está muito quente: temperaturas maiores que 30 graus Celsius, transferem muito calor ao corpo, que precisa de uma sudorese mais intensa para normalizar o quadro. A combinação desses fatores pode ser muito perigosa, favorecendo a desidratação e mal-estar. Evite o treino nesses dias.
Hidrate-se com água de coco
O suor não é composto apenas por água, dentro das gotículas também estão vários sais minerais, como o sódio, por exemplo. Por isso, apesar de ser um ótimo recurso, não fique apenas na água.
Cerca de 100 ml de água de coco possuem 250 mg de potássio e 105 mg de sódio, além de vitamina C, magnésio, açúcares e cálcio. Isso faz da água de coco uma ótima opção para repor os fluidos perdidos durante a atividade física.
No entanto, nenhuma bebida substitui a água, a ingestão deve ser conjunta para que corpo fique saudável.
Isotônicos com moderação
Já as bebidas isotônicas foram desenvolvidas especialmente para repor líquidos e sais minerais perdidos com a transpiração durante um exercício com carga intensa. No entanto, a bebida têm calorias e não deve substituir a água.
Segundo o fisiologista Raul Santo, o consumo inadequado de bebidas isotônicas é um erro grave, que pode levar ao agravamento de algumas doenças crônicas, como hipertensão e diabetes.
"Essas bebidas, como o nome já diz, são para quem pratica atividades físicas e precisam de uma reposição de sais e de energia imediata", aponta o especialista.
Use roupas largas e claras
Ao usar roupas largas você está permitindo um fenômeno chamado convecção. "A convecção permite que o ar circule ao redor da superfície corporal, diminuindo a temperatura da pele", explica o educador físico Nikolas.
Ao vestir roupas justas, esse processo de perda de calor é dificultado, aumentando a sudorese. Roupas claras, por sua vez, retêm menos calor que as roupas escuras, o que impede o aquecimento corporal excessivo.
Também vale apostar em roupas feitas com tecido tecnológico, que não absorvem o suor, mas facilitam a sua evaporação.
Diminua intensidade e duração
Nos dias de forte calor, vale a pena diminuir a intensidade e duração dos exercícios. "Esse cuidado ajuda a evitar as cãibras, a exaustão e a intermação, já que, como a atividade será mais leve, a elevação da temperatura corporal será menor", explica o educador físico Nikolas Chaves. Opte por uma atividade mais tranquila, como uma caminhada, yoga ou uma aula de hidroginástica.