Formação pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, especialização em Neurologia pelo Hospital das Clínica...
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O cotidiano está repleto de situações que podem causar dor de cabeça: uma noite mal dormida, um episódio de estresse e até mesmo o contato constante com telas. Dependendo da causa, alguns tipos podem vir acompanhados de outros sintomas, como enjoo, tontura e mal-estar.
Ainda que o desconforto seja comum, é de extrema importância que o problema seja investigado — especialmente se a dor for frequente. Segundo Caio Grava Simioni, neurologista do Fleury Medicina e Saúde, uma dor de cabeça que apresenta progressão de intensidade no decorrer dos dias deve ser investigada, pois pode estar associada a condições médicas mais graves.
De acordo com a Classificação Internacional de Cefaleias, existem mais de 200 tipos de cefaleia e, para definir a causa de cada uma, são classificadas em dois tipos:
- Cefaleia primária: é aquela que não está relacionada a nenhuma doença ou condição, ou seja, a dor de cabeça é uma doença em si. Sendo o tipo mais comum de cefaleia, ela engloba a enxaqueca, cefaleia em salvas e a cefaleia de tensão;
- Cefaleia secundária: é sintoma de uma condição clínica que a justifique, como, por exemplo, infecções bacterianas e virais, aneurismas e tumores cerebrais e lesões cranianas.
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Tipos de dor de cabeça
É importante estar atento à frequência e à intensidade da cefaleia para saber a hora de buscar ajuda médica, de preferência de um neurologista. Pensando nisso, o MinhaVida listou os cinco principais tipos de dor de cabeça e como cada um se manifesta. Confira!
1. Dor de cabeça tensional
A dor de cabeça tensional, conhecida como cefaleia de tensão, é o tipo mais comum de cefaleia primária e provoca uma dor entre leve e moderada, que afeta os dois lados da nuca ou na testa. É descrita como a sensação de uma faixa apertada em torno da cabeça.
Na maioria dos casos, é causada pela contração involuntária e crônica dos músculos na parte de trás do pescoço que, por sua vez, pode ocorrer devido a fatores como estresse, má postura, ansiedade e falta de sono.
É importante ressaltar que a exposição diária a situações de estresse pode levar a um quadro de cefaleia crônica primária, que se manifesta por mais de quinze dias em um mês, por mais de três meses. O problema interfere diretamente na realização das atividades do cotidiano e na qualidade de vida do paciente.
2. Enxaqueca
De origem genética, a enxaqueca é um tipo de dor de cabeça incapacitante caracterizada por uma dor pulsante e intensa em um ou nos dois lados da cabeça, que pode vir acompanhada de sintomas como enjoo, vômito e sensibilidade à luz.
Embora suas causas exatas sejam desconhecidas, pesquisadores apontam que a enxaqueca está relacionada a alterações no cérebro, que reage a algum gatilho e envia impulsos para os vasos sanguíneos. Estresse, jejum intermitente e esforço físico excessivo são alguns dos principais gatilhos para a doença.
3. Cefaleia em salvas
A cefaleia em salvas é uma doença relativamente rara que se repete por um longo período de tempo. Normalmente, as crises ocorrem durante um período de um a três meses, seguido de um período indeterminado livre de dor.
Com intensidade maior que a enxaqueca, o problema se manifesta como uma dor intensa de um lado da cabeça, localizada na têmpora ou em volta do olho, que dura pouco tempo. A dor é acompanhada por congestão nasal ou coriza e, em alguns casos, de lacrimejamento, rosto avermelhado e pálpebra caída.
Segundo o Manual MSD, a maioria das pessoas com cefaleia em salvas precisa tomar medicamentos para prevenir a reincidência de ataques, como triptanos ou di-hidroergonomina administrado por injeção.
4. Dor de cabeça associada à sinusite
A dor de cabeça constante é um dos principais sintomas em quadros de sinusite crônica ou aguda, em que ocorre a inflamação dos seios nasais. É descrita como uma pressão ou dor facial, atrás da testa, nas bochechas, na parte ao redor dos olhos e ouvidos e no maxilar superior.
Além da dor causada pela sinusite (o que a classifica como uma cefaleia secundária), podem-se manifestar outros sintomas, como febre, tosse, congestão nasal e corrimento.
5. Dor de cabeça associada à COVID-19
Durante a fase aguda da infecção pelo coronavírus, que dura de uma a quatro semanas, a dor de cabeça é um dos sintomas mais presentes e pode surgir em até 50% dos casos.
Nessa fase, a dor pode se manifestar de modo leve no início e aumentar a intensidade com o passar dos dias, acometer ambos os lados da cabeça e vir acompanhada de sintomas como náusea, tosse, cansaço e perda de paladar e olfato.
Ademais, dados da Fiocruz apontam que algumas pessoas desenvolvem dores que não se restringem ao período agudo da infecção e podem durar semanas. Segundo Caio, alguns pacientes que testaram positivo para COVID-19 podem apresentar piora de uma dor de cabeça prévia (como enxaqueca) ou podem desenvolver uma nova cefaleia.
Como aliviar a dor de cabeça?
O tratamento da dor de cabeça depende da causa do problema. No caso das dores tensionais, é possível recorrer a remédios caseiros que promovam o alívio, como massagens, compressas e chás. Se isso não resolver, pode ser necessário o uso de analgésicos, como paracetamol, aspirina ou ibuprofeno.
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Quanto à enxaqueca, as crises podem ser controladas a partir da administração de analgésicos comuns. Caso não, o médico especialista pode prescrever o uso de triptanos, medicamentos bastante utilizados no tratamento da doença e que apresentam baixa incidência de efeitos colaterais.
No caso das cefaleias secundárias, como dor de cabeça por sinusite ou COVID-19, o tratamento é direcionado ao controle da doença ou da condição que está causando a dor. Na maioria dos casos, a dor vai embora com a resolução do problema.
Por fim, a cefaleia em salvas abrange diversos métodos de tratamento, embora a doença não tenha cura, que buscam atenuar a intensidade e diminuir a sua duração. Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides e analgésicos fortes são os mais utilizados, além da máscara de oxigênio em momentos de crise.
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