Professor Associado pelo Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iAs opções de tratamentos para endometriose ajudam a controlar os sintomas e a melhorar a qualidade de vida. O tratamento adequado também pode auxiliar a restabelecer a fertilidade, uma das principais complicações da doença.
A endometriose é caracterizada pelo crescimento do endométrio, tecido que reveste a parede interna do útero, fora da cavidade uterina. Essa formação de tecido pode acontecer na região pélvica, nos ovários e em outros órgãos, como bexiga e intestino, causando cólicas menstruais intensas, dor durante a relação sexual e, em alguns casos, levar à diarreia, à náusea e vômitos.
Todos os meses, o endométrio fica mais espesso à espera de um bebê. Quando a mulher não engravida, ele se descama e é eliminado na menstruação. No entanto, em alguns casos, parte do que seria expelido migra em sentido oposto e cai nos ovários ou na cavidade abdominal, dando origem à endometriose.
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"Mas existem tratamentos capazes de controlar o problema e os sintomas que ele traz, como cólicas muito fortes e sangramento intenso", afirma o ginecologista e obstetra Maurício Abrão, presidente da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE).
O tratamento deve ser individualizado e feito de acordo com o caso, levando em consideração se ela deseja ter filhos futuramente. Separamos, a seguir, quatro opções de tratamento para endometriose para você conhecer melhor. Confira:
1. Remédios para endometriose
O sintoma mais marcante da endometriose é a dor que, em muitos casos, pode ser incapacitante e prejudicar o dia a dia. Maurício Abrão explica que a maioria dos remédios para endometriose são analgésicos e alguns têm até ação antidepressiva. Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINE), como ibuprofeno, naproxeno, acetaminofeno ou analgésicos receitados são usados para aliviar a cólica e a dor.
Além deles, também podem ser utilizados medicamentos que suprimem a atividade dos ovários durante o tratamento para endometriose. A partir dessa ação, eles conseguem retardar o crescimento do tecido do endométrio fora da cavidade uterina, reduzindo o sangramento e a dor. É o caso de progestinas, agonistas de GnRH, antagonistas de GnRH e danazol, um hormônio masculino sintético.
No Brasil, uma opção de remédio para endometriose é o dienogeste. “O dienogeste é um progestogênio (precursor da progesterona produzido em laboratório) que tem a mesma composição do hormônio natural feminino”, afirma. “Ele é antagonista do estrogênio, hormônio que alimenta a endometriose e tem também baixa ação androgênica, ou seja, não causa aumento de pelos, engrossamento da voz e outras características masculinas”, explica. Existem opções de baixa dosagem (1 mg, 2 mg e 4 mg) e alta dosagem (maior do que 4 mg).
2. Cirurgia de endometriose
A cirurgia de endometriose, chamada de laparoscopia, é uma das formas mais eficazes para o tratamento da doença, além de ser uma forma de diagnóstico da doença também. Trata-se de um procedimento minimamente invasivo, realizado através de três pequenos orifícios no abdômen.
A ginecologista e obstetra Denise Coimbra, especialista em videolaparoscopia, explica que, no momento do diagnóstico, o cirurgião pode fazer a retirada ou destruição do tecido endometrial crescido. Porém, não é toda mulher que pode lançar mão dessa técnica durante o tratamento para endometriose.
"A laparoscopia é uma opção para mulheres que estão no estágio um (em que a doença só atingiu os ovários) e dois (quando atinge a cavidade uterina)", afirma Denise Coimbra. "Quando a doença se estende para reto, bexiga e outros órgãos, a medicação é o melhor método".
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3. Anticoncepcionais para endometriose
O tratamento para endometriose pode envolver a interrupção do ciclo menstrual e a criação de um estado similar à gravidez. Isso é chamado de pseudogravidez e pode ajudar a impedir que a doença piore. Para isso, são usadas pílulas anticoncepcionais combinadas, ou seja, que possuem estrogênio e progesterona em suas composições.
Você deve tomar o medicamento, de forma contínua, durante seis a nove meses e parar de usá-lo por uma semana para menstruar. Os possíveis efeitos colaterais incluem spotting (sangramento de escape), sensibilidade nos seios e náuseas.
O tratamento com anticoncepcionais para endometriose alivia a maioria dos sintomas, mas não evita as cicatrizes causadas pela doença. Essas lesões localizam-se nos locais em que o endométrio cresceu anormalmente (trompas, ovários, intestino e bexiga) e são responsáveis pelas dores crônicas e até pela infertilidade feminina, já que podem alterar o funcionamento dos órgãos pélvicos.
Mas a ginecologista Denise faz uma ressalva: as pílulas anticoncepcionais não são específicas para o tratamento de endometriose. O mais eficiente é utilizar medicações que não tenham estrogênio, hormônio que aumenta o tecido endometrial.
4. DIU hormonal
O dispositivo intrauterino (DIU) também é uma das opções de tratamentos para endometriose. Ele é implantado no colo do útero, onde libera levonorgestrel por um período prolongado. Esse é um hormônio indicado para a prevenção da gravidez e atua impedindo a ovulação e aumentando a espessura do muco cervical, tornando mais difícil o espermatozoide alcançar o útero. A vantagem desse método está em ser um anticoncepcional de ação local, mas não é uma medicação específica para o tratamento da endometriose.
Saiba mais: Quando o DIU é uma boa opção de anticoncepcional?
A ginecologista Denise Coimbra conta que o DIU impede a formação do endométrio dentro do útero e, por isso, evita a formação do tecido do lado de fora, mas não trata a doença, assim como as pílulas anticoncepcionais. "O DIU faz com que a endometriose não progrida, mas não age nas lesões já existentes", explica a especialista.