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O muco ou catarro é produzido por pequenas glândulas que ficam abaixo da mucosa, que - a camada que reveste internamente as vias aéreas. Segundo o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o muco é composto por água (90 a 95%), glicoproteínas, sais e restos celulares. Sua função é proteger as vias aéreas do ataque de vírus, bactéria se outros micro-organismos que podem infectar nosso corpo. Justamente por isso, a cor, consistência e até mesmo o odor do muco podem nos dizer se há algo de errado, uma vez que para eliminar os organismos invasores ele poderá ficar mais concentrado, com sangue ou mesmo mal cheiroso
Nem todo o muco é sinal de problema grave. Aquele muco transparente, sem odor e de consistência fina é normal e não levanta suspeita. Mas se você está percebendo uma produção de catarro acima do normal por mais de duas a três semanas, considere buscar ajuda médica. Confira as características de um muco saudável e quando se preocupar:
Consistência
Seja ralinha ou mais grossa, a consistência do catarro pode dizer muito sobre a saúde das suas vias aéreas. De acordo com a pneumologista Carla Valeri, do Hospital Moriah, a consistência normal do muco é líquida, levemente espessa.
O pneumologista Ciro Kirchenchtejn, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, completa explicando que a quantidade de sais minerais e proteínas presentes no muco que conferem consistência ao muco. "Ele precisa ter alguma viscosidade, pois assim os cílios das células da mucosa conseguem levá-lo no sentido da laringe a fim de eliminar vírus, bactérias ou partículas que ficaram paradas na garganta e precisam ser eliminadas", diz. Se ele for muito fluido ou muito viscoso não progride para sua eliminação.
Além disso, um muco muito consistente pode indicar infecções e doenças crônicas das vias aéreas, ou então acusar que seu organismo está pouco hidratado. "Um exemplo de doença congênita relacionada ao muco muito espesso é a fibrose cística", afirma o pneumologista Ciro.
Cheiro
O muco normal raramente tem cheiro. "O odor fétido leve a moderado sugere a presença de infecção, geralmente por bactérias do tipo anaeróbias, que podem causar o que chamamos de abscesso", explica a pneumologista Carla. Esse tipo de bactéria causa odores no muco uma vez que elas produzem gases como resultado da digestão, em um processo parecido com os das bactérias que produzem mau hálito.
Caso a consistência do muco também esteja alterada, mais grossa, com odor mal cheiroso e cor mais escura, há grandes chances de ser uma infecção bacteriana de origem pulmonar e brônquica, como a pneumonia. É necessário passar por uma avaliação médica, a fim de diagnosticar o problema.
Cor
Um catarro saudável não tem cor. Se estiver muito esbranquiçado, pode indicar asma, rinite, quadros alérgicos e infecções virais (gripe, resfriado). "Em casos raros, o muco esbranquiçado pode ser sintoma de um tipo de câncer de pulmão chamado carcinoma bronquíolo-alveolar", afirma a pneumologista Carla. Caso ele não tenha odor e seja consistente, pode indicar que o corpo está desidratado.
Já se muco for amarelado é sinal de infecção respiratória do trato superior, como rinites, sinusites e laringites, podendo ser de origem viral ou um início de infecção bacteriana. "Caso ele esteja mais esverdeado ou purulento, indica uma infecção por bactéria, como amigdalite e pneumonia", diz Carla.
Há também aquele muco mais amarronzado, geralmente acompanhado de odor forte e consistência grossa. "É um forte indício de pneumonia por Aspergillus (tipo de fungo que infecta o pulmão) que pode causar um sangramento que tinge o catarro de marrom", afirma a pneumologista Carla. Além disso, tabagistas geralmente apresentam um catarro com uma coloração diferente, mais escura. "O tabaco é um importante irritante das vias aéreas, tanto nasais como brônquicas e pode estimular as glândulas a produzirem mais muco", completa Ciro. Nesse caso, a coloração escura nem sempre é uma infecção.
Quando o muco com coloração dura mais de três semanas, é considerado um quadro crônico. "Pode estar relacionado a infecções crônicas, como a tuberculose e condições de alergia crônica, como asma ou mesmo câncer", alerta o pneumologista Ciro. Se os sintomas piorarem rapidamente é necessária avaliação médica. Caso o muco esteja acompanhado de outros sintomas, como espirros em salva, tosse ou coceira nasal e nos olhos, também deve ser feita investigação.
Catarro com sangue
"A principal causa de catarro com sangue são as infecções das vias aéreas, que causam inflamação local, o que favorece o rompimento de pequenos vasos durante o esforço da tosse e/ou expectoração", lembra a pneumologista Carla. Mas se o sangue persistir ou se desde o primeiro episódio for sangue vivo em grande quantidade, é necessário procurar ajuda médica. "Nestes casos, há uma probabilidade maior de serem doenças mais graves, como tuberculose, embolia pulmonar e câncer de pulmão." O pneumologista Ciro ressalta que a presença de sangue em qualquer secreção do organismo é motivo de preocupação e deve ser investigada.
Quanto tempo os agentes infecciosos sobrevivem no muco?
É certo que as doenças respiratórias são transmitidas pelo contato de uma pessoa saudável com partículas de saliva ou muco infectadas. Isso pode acontecer ao conversarmos com uma pessoa doente ou quando estamos próximos de alguém espirrando ou tossindo. "No geral, a doença passa a ser transmissível ainda quando os sintomas são inespecíficos, e a chance da transmissão persiste enquanto a pessoa está febril", explica o pneumologista Ciro.
Dependendo da doença, a transmissão só é possível quando o paciente apresenta quadros mais graves, nos quais há uma grande quantidade de vírus ou bactéria circulando pelo corpo deste.
Em alguns casos, podemos tocar em lugares infectados com o muco, como mãos ou objetos de pessoas doentes, e depois levar as mãos não-higienizadas aos nossos olhos ou boca. "No geral, os vírus e bactérias sobrevivem no muco durante três a cinco dias", explica Carla Valeri.
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Elimine o catarro de forma saudável
A melhor forma para eliminar o catarro quando há um quadro clínico envolvido é por meio da tosse e expectoração, mas nunca forçar. "Esse esforço pode gerar dor muscular, vômitos, rompimento de pequenos vasos nas vias aéreas e, em casos extremos, até fratura de arcos costais", afirma Ciro Kirchenchtejn. Para catarros muito espessos e difíceis de ser eliminados, o ideal é prosseguir com o tratamento indicado pelo médico e beber muita água para ajudar na diluição do muco e facilitar sua eliminação. "Se o catarro não for expelido das vias aéreas, pode haver acúmulo e entupimento de determinados brônquios, além de favorecer a proliferação de bactérias, pois pode servir como meio de cultura", alerta Ciro. O muco não eliminado pode gerar problemas como sinusite e rinite crônicas.
Caso a pessoa tenha uma produção de catarro crônica, o ideal é procurar ajuda médica e seguir as instruções para sua eliminação. Geralmente, o muco excessivo está relacionado a alguma condição de saúde, que pode ser branda ou grave - mas em todos os casos deve ser investigada.
Cor | Consistência | Odor | Comentário |
Claro/Branco | Fino/Grosso | Nenhum | Normal. Se excessivo, possibilidade de quadros alérgicos ou virais. |
Branco | Grosso | Nenhum | Primeiro sinal de problema. Pode ser desidratação. Ingestão de líquidos. |
Amarelado | Grosso | Nenhum ou leve | Infecção respiratória superior (rinites, sinusites, laringites), geralmente viral ou início de infecção bacteriana. Ingestão de líquidos e repouso são recomendados. Se sintomas persistirem por mais de 07 dias ou piorarem rapidamente, avaliação médica torna-se necessária. |
Amarelado a esverdeado | Grosso | Leve | Infecção, geralmente bacteriana. Avaliação médica necessária. |
Amarelo escuro | Grosso | Moderado | Infecção mais grave, geralmente de origem pulmonar e brônquica (pneumonia). Avaliação médica necessária. |
Cor de café | Grosso | Moderado | Infecção grave de pulmões e brônquios com sangramento ou gangrene. |
Rajas de sangue | Infecção brônquica ou trato superior, na qual a tosse persistente feriu a mucosa. Avaliação médica necessária se persistir. | ||
Sangue volumoso | Infecção pulmonar ou brônquica com lesão. Avaliação médica necessária. |