Gastroenterologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização pelo Hospital Federal de Lagoa...
iColelitíase, popularmente conhecida como pedra na vesícula ou cálculo biliar, é uma doença que acomete cerca de 10% da população. Neste texto, vamos abordar aspectos relacionados aos cálculos de colesterol, que são os mais prevalentes.
A bile é composta basicamente por colesterol, sais biliares e bilirrubina. Quando ocorre um desequilíbrio entre os fatores que mantém a solubilidade da bile temos a formação de cristais de colesterol em um gel, que se acumula pela redução da motilidade da vesícula biliar, formando assim os cálculos de colesterol.
Fatores de risco
Os fatores de risco para o desenvolvimento de cálculos biliares habitualmente estão relacionados à secreção biliar de colesterol aumentada e de sais biliares reduzida, ou com a diminuição da motilidade da vesícula biliar. Entre estes fatores de risco podemos citar:
- História familiar (alguns genes, por exemplo, podem reduzir a concentração de substâncias responsáveis por inibir a formação de cálculos na bile)
- Sexo feminino (maior secreção biliar de colesterol)
- Idade avançada (secreção biliar de colesterol aumentada e menor síntese de sais biliares)
- Alta ingesta calórica
- Poucas fibras na dieta
- Emagrecimento rápido (maior secreção biliar de colesterol e aumento na secreção biliar de mucina e cálcio)
- Consumo de carboidratos refinados (açúcar, farinha branca etc.)
- Sedentarismo
- Jejum prolongado (redução da motilidade da vesícula biliar)
- Gravidez (maior secreção biliar de colesterol, com redução da motilidade da vesícula biliar por causa da progesterona)
- Uso de contraceptivos orais (nos primeiros anos em que são usados) e outros medicamentos como clofibrato, ceftriaxone e octreotide
- Obesidade (maior secreção biliar de colesterol)
- Síndrome metabólica
- Terapia de reposição de estrogênio (secreção biliar de colesterol aumentada e menor síntese de sais biliares)
Prevenção
Na prevenção da formação de cálculos biliares, pode-se fazer algumas observações:
- Em um estudo científico foi observado que a deficiência de vitamina C em mulheres aumentou a chance de formação de cálculos
- O uso de estatinas (medicações usualmente indicadas para tratamento de dislipidemias - por exemplo, colesterol LDL elevado - e para redução de risco cardiovascular) está associado a um risco menor da doença
- O consumo regular de café, vegetais e oleaginosas (castanha, nozes e amêndoas) também oferece alguma proteção
- Em algumas situações, como em pacientes obesos que estão emagrecendo rapidamente, pode-se usar o ácido ursodesoxicólico na prevenção da formação de cálculos biliares.
Bibliografia
Sleisenger and Fordtran's Gastrointestinal and Liver Disease- 2 Volume Set: Pathophysiology, Diagnosis, Management, 10e. FELDMAN, Mark, FRIEDMAN, Lawrence S. and BRANDT, Lawrence J.
CURRENT Diagnosis & Treatment: Gastroenterology, Hepatology, & Endoscopy, 2e. Norton J. Greenberger, Richard S. Blumberg, Robert Burakoff.