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"Dos muitos tipos de arritmia cardíaca, podemos chamar a atenção para a fibrilação atrial, que tem sérios riscos para o paciente: a falta de um tratamento adequado pode levar a um AVC". Com esta afirmação, o cardiologista José Rocha Faria Neto, professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), deixa bastante claro porque a doença merece uma atenção especial entre os problemas que o coração pode enfrentar.
Por ser uma arritmia cardíaca, a característica mais básica da fibrilação atrial é o descompasso dos batimentos cardíacos quando comparados ao padrão normal. Mas isto é só o começo. Tem muito mais sobre a doença que é importante conhecer.
Saiba, a seguir, seis fatos sobre a fibrilação atrial que você precisa saber:
1 - A fibrilação atrial "pula" uma etapa dos batimentos cardíacos
Para que o coração funcione de maneira normal, existe tanto uma interação entre suas partes elétrica e mecânica quanto um caminho natural a ser seguido: o estímulo para os batimentos começa no nó sinusal, passa para os átrios e, em seguida, para os ventrículos. Em quem tem fibrilação atrial, a primeira parte desse processo não acontece.
"Em vez de nascer no nó sinusal, o estímulo para os batimentos cardíacos dos pacientes com esta doença começa em pontos diversos no próprio átrio", conta o especialista. "O coração pode acelerar muito, os batimentos ficam descompassados e os átrios não conseguem contrair direito, fazendo com que o sangue circule mais lentamente neles e o bombeamento de sangue para a irrigação dos órgãos seja menos efetivo".
2 - O maior risco da fibrilação atrial é levar a um AVC isquêmico
Toda arritmia deve ser investigada e tratada, mas a fibrilação atrial requer uma atenção especial devido ao risco de levar a um AVC isquêmico, popularmente conhecido como derrame. "Um em cada cinco AVCs isquêmicos é causado por fibrilação atrial", revela o médico.
O cardiologista explica como isso acontece: "Como o sangue circula mais lentamente nos átrios, a possibilidade de formação de coágulos no coração é maior. Um coágulo pode se soltar e entupir uma artéria em algum lugar do organismo, como o cérebro. Este cenário é o mais preocupante, pois o risco de um AVC isquêmico é muito grande".
3 - Pessoas idosas correm maior risco de ter fibrilação atrial, mas não só elas
Entre os públicos mais propensos a sofrer de fibrilação atrial, Faria destaca a população da terceira idade. "O envelhecimento aumenta o risco. Quanto mais idosa a pessoa, maior o risco", afirma.
Mas existem outros casos de vulnerabilidade à doença, segundo o cardiologista: pessoas hipertensas, indivíduos que já sofreram um infarto, quem tenha hipertireoidismo e aqueles que consomem bebidas alcoólicas exageradamente. "Todos são quadros associados à fibrilação atrial", diz.
4 - Os sintomas da fibrilação atrial estão relacionados ao coração e ao mal-estar
O principal sintoma da fibrilação atrial é o aceleramento seguido do descompasso dos batimentos cardíacos. "De uma hora para outra, o coração dispara e dá para perceber que ele está fora de compasso", afirma o especialista. Além desse, outros sintomas da doença são: falta de ar, forte tontura, fraqueza, fadiga e dor no peito. Se eles forem notados em conjunto e insistentemente, deve-se passar por uma consulta com um cardiologista.
Há alguns casos em que o paciente não tem nenhum sintoma e a fibrilação atrial é descoberta por exames solicitados no check-up de rotina.
5 - Medicamento anticoagulante pode impedir AVC isquêmico
Quando a fibrilação atrial é diagnosticada, duas medidas podem ser tomadas pelo cardiologista que acompanha o paciente. A primeira é o tratamento para controle do ritmo cardíaco. A segunda é a avaliação do risco da formação de coágulos. "Isso se faz por meio de uma tabela, que permite o cálculo do risco de AVC a partir da avaliação de fatores clínicos predisponentes à formação de coágulo", esclarece o médico.
"Se for determinado um alto risco de formação de trombos, receita-se o uso de medicamentos anticoagulantes", explica o cardiologista. Esses medicamentos, como por exemplo, a Dabigatrana, têm a importante função de impedir a formação de coágulos. No caso de pacientes com fibrilação atrial, como explicado, o risco de coágulos no coração precisa ser contido, pois eles podem se deslocar e causar um AVC isquêmico.
6 - Efeito do medicamento anticoagulante em situações de emergência
Ao mesmo tempo em que o medicamento anticoagulante é muito bem-vindo no dia a dia de quem tem fibrilação atrial, pois afasta o risco de um AVC isquêmico, ele pode se tornar uma preocupação em situações de emergência, como a necessidade imediata de uma cirurgia (de apendicite, por exemplo) ou a perda significativa de sangue em um acidente. Em casos extremos como estes, restaurar a coagulação normal é importante.
Por isso, a chegada de um agente reversor ao mercado brasileiro é um grande alívio tanto para pacientes quanto para a classe médica. Trata-se do Idarucizumabe, agente reversor específico para o anticoagulante Dabigatrana. "Com uma injeção do agente reversor em ambiente hospitalar, em poucos minutos o efeito anticoagulante do medicamente de rotina é interrompido e qualquer procedimento pode ser realizado sem essa preocupação adicional", afirma o especialista.
O cardiologista explica que sem o agente reversor o efeito do anticoagulante pode levar várias horas para passar - tempo de que nem sempre é possível dispor para iniciar uma cirurgia.
"Quando o medicamento usado não tem agente reversor e não dá para esperar, parte-se para o procedimento de emergência mesmo assim. Apenas há a consciência de que haverá uma perda de sangue mais significativa que deverá ser contornada posteriormente", finaliza.