Formou-se em 1999 pela Faculdade de Odontologia da UNESP do Campus de São José dos Campos. Durante o ano de 2000 esteve...
iCom a Lei Seca unida a questões anteriores como suspeita de falsificação e de agentes ineficazes, os enxaguantes bucais foram para o topo da mídia. E muitas dúvidas surgiram na cabeça dos leigos, pacientes, e da população em geral, como: se é verdade a questão do álcool, se os enxagüantes realmente fazem efeito, e se sua composição é eficaz, ou se fazem algum mal.
Para esclarecer algumas dúvidas, primeiramente, vamos entender qual a real função dos enxaguantes bucais. Na verdade, eles possuem algumas funções, sendo a mais procurada a de refrescar o hálito. Nada é mais desagradável do que você conversar com uma pessoa e ela estar com o hálito ruim, ou o famoso bafo.
De onça ou não, o bafo ou a halitose, como é chamada pelos dentistas, pode ter mais de 30 origens. Existem no mercado vários tipos de enxaguantes bucais. Desde o mais forte ao mais amargo. Alguns com flúor, outros sem. Alguns com alcoóis em sua composição, e outros sem.
O mais importante é definir o que acontece ao utilizarmos cada um deles e qual a melhor alternativa para cada caso. Outra principal função dos enxaguantes bucais, e outro motivo por ser tão indicado pelos cirurgiões dentistas, é sem dúvida alguma prevenir a formação de placa bacteriana, e, consequentemente, o depósito de tártaro sobre os dentes, o que pode originar a formação de novas cáries.
Quanto menos cáries o paciente tiver nos próximos anos, menos o paciente vai precisar ir ao consultório. Álcool Muito tem se comentado à respeito da presença de álcool na composição dos enxagüantes bucais.
Em tempos de Lei Seca, muitos pacientes estão se perguntando se usar produtos que contenham álcool em sua formulação, como os enxaguantes bucais, pode interferir no teste de bafômetro. E a minha resposta é NÃO! .
O álcool aferido nos testes de bafômetro são relativos à presença do álcool no ar dentro dos pulmões, e não acumulado na boca. E o álcool só passa para o ar dos pulmões após ele ser absorvido pelo organismo e levado para o sangue.
As concentrações de álcool usada nos enxaguatórios não são suficientes para serem detectados e causar esse tipo de problema. Até porque, após o bochecho, o paciente cospe a substância, não tendo o líquido, portanto, qualquer contato com o resto do organismo da pessoa. Assim, quanto a presença do álcool na composição desses anti-sépticos bucais não em relação ao bafômetro, mas sim, ao fato de que ele pode prejudicar as restaurações feitas em resinas compostas.
O álcool, de qualquer tipo, não só dos enxaguantes, ataca a superfície das resinas, deixando-as mais porosas. Essa porosidade faz com que os corantes dos alimentos se depositem sobre elas e altere a cor inicial dos dentes, comprometendo a estética. Ou seja, consumir muito álcool, pode contribuir com a alteração da coloração, principalmente das restaurações feitas de resina.
É muito importante lembrar também que por melhor que os enxaguantes bucais sejam, o controle mecânico da placa bacteriana (escovação e fio dental), são ainda os melhores frente ao controle químico. Na dúvida é sempre melhor procurar um dentista, e mais do que isso, algum profissional que tenha como meta promover uma odontologia preventiva e não apenas curativa.
Dentre os enxaguatórios existentes no mercado, irei destacar alguns. Vale ressaltar que as informações técnicas são fornecidas pelas próprias empresas em impressos e na própria embalagem.
Listerine o mais polêmico e mais variado sistema de enxaguatórios bucais. Polêmico pela presença de alcoóis em sua composição numa concentração elevada (21%). Variado pela gama de sabores e tipos de ações que oferece. Possui ação que reduz em até 52% a placa bacteriana. Sua composição garante o gosto forte, do qual todos os pacientes reclamam, mas segundo o fabricante, não deve ser diluido de forma alguma, senão as ações bactericidas e bacteriostáticas se perdem. Eu recomendo usar Listerine 2 vezes ao dia durante alguns dias, e essa sensação que os óleos essenciais promovem vai passar. Traz a maior gama de sabores e tipos: Citrus, Golden, Fresh Mint, Cool Mint, o Defesa dos Dentes e Gengivas, que possui 0,02% de flúor em sua composição, e se usado 2 vezes ao dia supre toda a necessidade de flúor para os dentes.
O Whitening para pré-escovação clareia em até 2,5 tons da Escala Vita para cores de dentes, e o Vanilla, cujo sabor é bem mais suave do que os sabores convencionais, sendo esse último indicado para pacientes mais sensíveis. Enxaguante bucal aprovado pela ADA (American Dental Association).
Periogard (Colgate) é muito eficiente em casos de tratamento periodontal (de gengivas) ou em cirurgias bucais. Inibe o crescimento bacteriano em até 80%, e isso faz com que os pacientes não precisem escovar a área operada. Durante os tratamentos permite regredir o processo inflamatório, devido o controle químico da placa bacteriana, e assim a gengiva se recupera, pára de sangrar, desincha e permite ao dentista um melhor acesso. A clorexidina, presente em sua composição, embora seja um ótimo controle químico de placa bacteriana, não deve ser usada frequentemente, pois, segundo informações da própria embalagem, pode causar manchas nos dentes, em restaurações estéticas e alterar o paladar devido à sua ação nas papilas gustativas. Não é aceito pela ADA para uso diário, por ser considerado mais um medicamento, que deve ser usado somente durante tratamentos, e não como um enxagüante comum.
O Plax (Colgate) contém em sua composição o triclosan, que realiza controle químico de placa bacteriana de 20 a 50%. Possui em sua formulação também o flúor, que além de promover a remineralizaçäo dos dentes, serve ainda como componente bacteriostático, impedindo o crescimento bacteriano local. Promove proteção e hálito fresco por 12 horas, se utilizado 2 vezes ao dia. Possui as variações Fresh Mint com o triclosan em sua composição, Kids, que é utilizado por crianças menores de seis anos pela ação do flúor e o Sem Álcool, tornando-o mais aceito entre os pacientes mais sensíveis ao ardor causado pelo álcool. A versão Sem Álcool possui em sua composição o mesmo componente do Cepacol.
Cepacol promove o controle de placa no máximo em até 50%. Não possui Flúor, mas possui alcoóis em sua composição. Estudos mostram que o uso diário também pode provocar manchas nos dentes.
Dr. André Cervantes é dentista, especialista em porcelanas, próteses e restaurações
Para saber mais, acesse: www.andrecervantes.odo.br