Manuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iEnrolados, lisos, crespos, claros ou escuros. Não importa qual é o seu tipo de cabelo, certamente você já desejou uma cabeleira de arrasar, com efeito de comercial de xampu. E para isso, investiu em cremes, acessórios e salões de beleza. Mas é provável que você tenha se esquecido de um "pequeno" detalhe: o couro cabeludo.
É dele que cada fio de cabelo nasce e, consequentemente, herda tanto as qualidades quanto os defeitos. Se essa região estiver com excesso de oleosidade, pele ou constantemente suja, não há corte que resolva, as madeixas terão sempre os mesmos problemas.
O dermatologista Valcinir Bedin explica que as raízes dos cabelos são a base para fios fortes. "O descaso com o couro cabeludo pode causar caspa, descamação, oleosidade em excesso e até prejudicar a nutrição do cabelo". A boa notícia é que basta um pouquinho de atenção para garantir raízes saudáveis. Confira os cuidados com o couro cabeludo a seguir.
Na hora de lavar
Você é adepto de um bom banho quente e ainda lava o cabelo todo dia? A tática pode até ser relaxante, mas provavelmente está detonando o seu couro cabeludo - e de diferentes maneiras.
Primeiro: a água quente estimula as glândulas sebáceas da região, responsáveis pela produção da oleosidade, que trabalharão mais que o normal. Já o excesso de água decorrente da lavagem diária vai retirar a oleosidade natural, estimulando as glândulas a trabalhar ainda mais para compensar a falta de sebo.
O resultado é o aspecto engordurado em dobro, que pode obstruir os poros que dão passagem ao fio de cabelo, e, consequentemente, dificultar a distribuição dessa oleosidade, importante para a hidratação do fio por inteiro.
Para evitar o desastre, Valcinir Bedin recomenda que a lavagem seja feita com água em temperatura menor que 25 graus e, preferencialmente em dias alternados. Assim você evita os desgastes causados pelo excesso de água, sem permitir o acúmulo de sujeira.
"No caso de cabelos muito oleosos, se não der para intercalar as lavagens, é fundamental respeitar a temperatura da água, que deve ser de morna a fria", aponta o especialista.
Enxágue bem
A cabeleireira Marília Kikuchi, consultora técnica da Condor, conta que o acúmulo de produtos na raiz dos cabelos também pode entupir os poros (folículos pilosos) do couro cabeludo, que é por onde o fio de cabelo sai, prejudicando a nutrição dos fios.
"Isso acontece comumente com os produtos do tipo "2 em 1", que agregam xampu e condicionador numa só fórmula", explica. "Em geral, as pessoas não retiram totalmente esse produto do cabelo, e os resquícios acabam se acumulando no couro cabeludo."
Mas o problema pode acontecer com qualquer outro produto. A especialista recomenda que condicionadores e cremes não sejam aplicados diretamente na raiz e que o xampu seja muito bem retirado após a lavagem.
Hidratações para combater a descamação
Muita gente sofre com o ressecamento do couro cabeludo. O especialista recomenda esse cuidado quando houver descamação, que pode ser causada pela queda de temperatura: "No frio, a sudorese fica diminuída, por isso há o ressecamento do couro cabeludo e possivelmente a descamação", explica.
Existem produtos específicos que podem hidratar o couro cabeludo sem deixá-lo com aspecto ensebado e nem obstruir os poros do couro cabeludo. Princípios ativos como a ureia e o lactato de amônio, por exemplo, têm alto poder emoliente.
"Enquanto o lactato promove a hidratação do couro retendo água, a ureia tem como principal função hidratar e amaciar o cabelo", conta Valcinir Bedin.
Vale lembrar que os produtos que hidratam o couro cabeludo não são os mesmo usados para hidratar o fio. Usar uma máscara capilar na região com esse objetivo pode, portanto, agravar o quadro.
Secador e chapinha
Para os fios existem produtos ativados pelo calor do secador e da chapinha que dão a proteção necessária. Mas e para as raízes? Não há produto capaz de atenuar o dano do calor excessivo, a única solução é o cuidado ao fazer esses procedimentos.
O dermatologista Valcinir Bedin recomenda manter o secador a uma distância mínima de 30 centímetros da raiz dos cabelos e a chapinha a cerca de um centímetro e meio do couro cabeludo.
O especialista ainda faz o alerta: por mais popular e prática que a chapinha tenha se tornado, é preciso lembrar que ela danifica os cabelos e não pode ser usada tão frequentemente.
Produtos químicos
Escova progressiva, definitiva, permanente e qualquer outro procedimento químico pode detonar os fios. O mesmo perigo corre o couro cabeludo. Esses produtos são ácidos e por isso podem queimar o couro cabeludo e gerar descamação.
"O ideal é que o profissional faça um teste de sensibilidade antes de aplicar o produto", orienta a cabeleireira Marília Kikuchi, consultora técnica da Condor.
Alimentação nutre o couro cabeludo
Os fios de cabelo são compostos por substâncias que adquirimos através da alimentação, por isso, uma dieta adequada é fundamental para que os nutrientes cheguem ao couro cabeludo e constituam um belo fio.
O dermatologista Ademir Júnior, membro da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, explica que aminoácidos e proteínas (carnes, ovos e leite), por exemplo, estimulam o crescimento e o fortalecimento dos fios, enquanto o zinco (nozes, frutos do mar, gérmen de trigo e levedo de cerveja) estimula o crescimento e reduz a oleosidade, e o ômega-3 e o ômega-6 (presentes nos óleos funcionais) ajudam na hidratação dos fios.
Procure um médico se...
Xampus, condicionadores e loções encontradas com facilidade em farmácias podem sim ajudar no controle de problemas como a caspa, por exemplo, mas caso o incômodo não melhore, o ideal é consultar um médico. Isso porque as raízes do cabelo podem esconder problemas muito graves, como o eczema - uma descamação que começa comumente com uma alergia -, a psoríase de couro cabeludo, e até a alopecia areata, que é uma das formas com que a queda de cabelo pode se manifestar.
"O médico pode também diagnosticar o problema com mais precisão, diferenciando a caspa da descamação, por exemplo, e receitar remédios mais eficientes", explica Valcinir Bedin.