Alfredo Canalini graduou-se em Medicina em 1979 pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) com residência em Uro...
iNa década de 80, o câncer de próstata era diagnosticado, na maioria das vezes, quando a doença já estava numa fase avançada. Era frequente recebermos pacientes que haviam procurado auxílio devido a dor lombar e que, no decorrer da investigação, descobria-se que a dor era provocada por uma metástase deste câncer para as vértebras da coluna lombar. Pouco havia a fazer, exceto tratamentos paliativos que, na melhor das hipóteses, conseguiam manter o paciente vivo por no máximo mais cinco anos.
Nessa mesma década, verificou-se uma enzima produzida pela próstata que podia ser dosada em exames de sangue, e também que essa dosagem estava aumentada em pacientes portadores de câncer de próstata. Além disso, percebeu-se que este aumento era proporcional à extensão da doença: em pacientes com a doença em estado inicial a elevação era discreta, e em pacientes com doença avançada o aumento era muito grande. Sabendo disso, os urologistas começaram a recomendar que os homens fizessem de rotina o exame "preventivo" da próstata. Desde então muito se aprendeu em relação ao câncer de próstata e seu tratamento.
O diagnóstico precoce do câncer de próstata permite que os tratamentos tenham maior chance de curar o paciente da doença. A Associação Européia de Urologia, em suas diretrizes, chama a atenção para o fato que o diagnóstico precoce do câncer de próstata evita 35% das mortes que ocorreriam pela doença, caso esse diagnóstico não fosse feito em programas de rastreamento.
Na pista do câncer
O diagnóstico de tumores na próstata é feito a partir de dois exames: o toque retal, por meio do qual os urologistas conseguem perceber a consistência da próstata (as regiões da próstata acometidas pelo câncer tendem a ter consistência mais endurecida), e a dosagem, no sangue, do antígeno prostático específico (PSA), que está aumentado nos pacientes portadores deste tipo de câncer.
A partir de achados alterados nesses dois exames, deve ser solicitada a biópsia da próstata, e com ela o exame histopatológico dos fragmentos prostáticos, que selam o diagnóstico. No entanto, nem sempre um câncer de próstata diagnosticado em fase inicial precisará de tratamento - este só deverá ser realizado em pacientes cuja expectativa de vida seja suficientemente longa para que ele possa efetivamente usufruir do benefício do tratamento. Geralmente pacientes muito idosos ou com outras doenças concomitantes graves, e que por isso tenham expectativa de vida inferior a 10 anos, não devem ser tratados, pois o óbito acontecerá antes por outras causas. Recomenda-se até mesmo que não se deva realizar o exame rotineiro da próstata em homens com este perfil. É consenso geral que pacientes assintomáticos com mais de 75 anos não devem ser submetidos a exames para o diagnóstico precoce deste tipo de tumor.
Nos homens com expectativa de vida maior a situação é totalmente diferente: devemos pensar sempre em não deixar que o câncer diminua a perspectiva de vida, tampouco comprometa a qualidade de vida. A prostatectomia radical (assim denominamos a cirurgia para o tratamento do câncer de próstata) é considerada o tratamento padrão para essa doença. Deve sempre ser indicada nos pacientes que podem se beneficiar do procedimento: aqueles com expectativa de vida superior a 10 anos e cujo câncer tem maiores chances de evoluir.
Por outro lado, em determinadas situações, o câncer de próstata localizado necessitará de tratamento imediato, mesmo em homens mais jovens. Em alguns casos selecionados, quando os exames mostram tumores de comportamento menos agressivo, ou tumores que possam demorar mais tempo para evoluir, podemos propor ao paciente somente o acompanhamento, e iniciar o tratamento mais tarde, porém antes que a doença possa progredir a ponto de diminuir as chances de cura.
Saiba mais: 7 alimentos que ajudam a prevenir o câncer de próstata
Procure sempre conversar com seu urologista, ele é a pessoa mais indicada para lhe orientar.