Formada pela Faculdade de Medicina da UNESP Botucatu em 1991, finalizou sua Residência em Dermatologia também na mesma i...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iA pele negra, naturalmente mais firmes e protegidas contra o sol, escondem os efeitos do fotoenvelhecimento e sofrem menos com rugas e a flacidez. Mas isso não significa que os cuidados básicos, como um bom hidratante, até os mais elaborados, como os tratamentos estéticos, estão dispensados.
"A pele negra está mais suscetível a manchas e oleosidade, por exemplo", explica a dermatologista Valéria Campos, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Os pelos encravados também costumam gerar muito incômodo. Para lidar com esses e outros problemas, listamos a seguir os sete principais aliados para manter a beleza e a saúde da pele negra. Confira a seguir:
Protetor solar
Engana-se quem pensa que a pele negra não precisa de proteção solar. Apesar de serem mais resistentes ao sol, essas tonalidades de pele também podem sofrer queimaduras e sentir os efeitos da radiação - tanto no quesito envelhecimento precoce, quanto no desenvolvimento de doenças, como o câncer de pele.
A dermatologista Valéria Campos, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que o filtro solar deve ter FPS, de pelo menos 15, e o seu uso deve ser diário.
"Outro ponto importante é que o protetor solar proteja contra raios UVA e UVB", explica a dermatologista. Nem todas as marcas possuem essas duas frentes de proteção, portanto, é importante ler atentamente o rótulo para certificar-se de que a proteção é total. Valéria Campo explica ainda que a radiação UVB é a que provoca queimaduras e está relacionada ao fotoenvelhecimento, já a radiação UVA provoca efeitos invisíveis, o principal deles é o câncer de pele.
"Vale também buscar um protetor solar que contenha coloração na fórmula, chamados de filtros físicos, que protegem também contra a luz visível, ou seja, emitida pelas lâmpadas, computadores e televisões", explica Valéria. Essa radiação, que também provoca danos à pele, encontra pouca resistência nos filtros sem cor. Vale apostar nos BB cream, no protetor com cor e na base com proteção, desde que eles tenham FPS mínimo de 15 e protejam contra os raios UVA e UVB.
Desodorante
A dermatologista Valéria explica que o suor não tem cheiro, o que dá odor a ele é a colonização por fungos e bactérias, principalmente nas axilas. Por terem um organismo mais adaptado ao calor, a pele negra tem mecanismos mais eficientes para regular a temperatura corporal e, por isso, suam mais e têm maiores chances de desenvolverem microrganismos na região das axilas, que será mais úmida e quente.
"Os desodorantes para pele negra são antissépticos, ajudam a matar esses elementos, e por isso atenuam o odor".
Esses desodorantes também podem ter substâncias que ajudam a clarear a região, já que a pele negra é muito suscetível a ter manchas mais escuras. Isso porque as células de pigmento dessas tonalidades de pele trabalham mais rápido que a da pele branca, o que gera respostas mais rápidas a processos inflamatórios, como o atrito provocado pela depilação, espinhas e outros machucados.
"Durante a cicatrização, a pele produz melanina para pigmentar a área machucada. Na pele negra, isso acontece mais rápido e gera uma hiperpigmentação", conta a dermatologista Gabriela Casabona, do Hospital Samaritano de São Paulo.
Depilação
A dermatologista Valéria explica que a pele negra tem maior tendência a ter pelos encravados. O motivo é que o pelo não nasce a 90 graus em relação à pele, apontando para cima, mas inclinado, o que aumenta muito as chances de encravamento. Esse fenômeno acontece em todo o corpo, mas existe uma região específica que sofre ainda mais com o problema.
A especialista explica que pessoas com pele negra tende a ter uma doença chamada foliculite queloideana da nuca, um encravamento severo dos pelos na região posterior da cabeça, que precisa de tratamento médico.
A dermatologista explica que não adianta realizar esfoliações ou qualquer outra forma de prevenção no caso do encravamento dos pelos em todo o corpo da pessoa com pele preta, uma vez que o pelo continuará nascendo na angulação que predispõe o agravamento.
Existem apenas duas opções: a primeira é a depilação a laser, que elimina o pelo de forma mais duradoura, e a segunda é deixar os pelos crescerem, sem utilizar qualquer tipo de depilação de curta duração, como as lâminas e a cera.
Segundo Valéria, a fotodepilação com luz intensa pulsada é pouco recomendada para as peles pretas pois, como a energia é atraída pela melanina, ela se dispersa na pele e acaba chegando fraca ao pelo. "O pelo afina, mas não desaparece", explica a dermatologista.
Laser e luz intensa pulsada
Um dos principais dramas das peles negras são as manchas na pele, olheiras e foliculite. Para o tratamento desses problemas e também dos efeitos do envelhecimento, como rugas e flacidez, há os procedimentos com laser e luz intensa pulsada. No entanto, é preciso consultar-se com um dermatologista e realizar o tratamento com sua supervisão para garantir os resultados esperados.
A escolha do aparelho, bem como sua manipulação, é muito importante para que o procedimento seja feito com eficácia e segurança. Valéria Campos explica que o laser fracionado não-ablativo é o aparelho mais indicado para essa tonalidade de pele, alguns exemplos deste tipo de laser são o ND:YAP, Er:Glass e o laser de fibra. Isso porque a energia desse tipo de aparelho não é atraído pela melanina, mas pela água deste tecido, o que evita que a energia altere a pigmentação da pele.
Ácidos
As peles negras sofrem mais com as manchas e cicatrizes que as peles brancas, isso porque esse tipo de pele reage de maneira mais intensa à qualquer lesão, como por exemplo uma acne ou um pelo encravado.
"As células de pigmento da pele negra trabalham mais rápido que a da pele branca, o que gera respostas mais rápidas a processos inflamatórios, como espinhas e outros machucados", explica a dermatologista Gabriela Casabona, do Hospital Samaritano de São Paulo. "Durante a cicatrização, a pele produz melanina para pigmentar a área machucada. Na pele negra, isso acontece mais rápido e gera uma superpigmentação", diz Gabriela.
A dermatologista Valéria Campos explica que qualquer tipo de ácido pode ser usado em peles negras para tratar cicatrizes de acne e manchas, no entanto, a hidroquinona em excesso pode deixar a pele acinzentada, por isso deve ser evitado. A escolha do ácido e da sua concentração é feita pelo seu médico. "É comum que para o clareamento de manchas em peles negras, as concentrações dos ácidos seja menor", explica a dermatologista.
Disfarce para a pele oleosa
"Por ser um organismo mais bem adaptado ao calor tropical, as glândulas sudoríparas das peles negras também exalam mais sebo, com o intuito de proteger a pele", explica a dermatologista Valéria. "Por isso a pele se torna mais oleosa, no entanto, não há tendência à formação de acne, já que a oleosidade natural não gera obstrução".
A especialista conta que existem tratamentos para a pele oleosa, como ácidos e peelings, no entanto há o risco dessa remoção da oleosidade gerar um efeito rebote, aumentando a secreção de sebo. A dica da dermatologista é manter a higiene da pele, lavando com os produtos adequados - sabonete neutro ou específico para o tipo de pele e água morna - duas vezes por dia, e usando produtos com efeito mate, como os lenços e o gel com efeito anti-brilho e as maquiagens com essa informação na embalagem, que disfarçam o brilho da pele oleosa.
Cremes antienvelhecimento
A dermatologista Valéria Campos explica que as peles negras são mais resistentes à flacidez e formação de rugas típicas do envelhecimento, pois as camadas da pele negra contêm mais colágeno, que confere firmeza à cútis. Mas isso não equivale a dizer que este tratamento está dispensado para essas tonalidades de pele.
"Os cremes anti-idade para quem tem pele negra são os mesmos que para qualquer outra tonalidade de pele, mas podem começar mais tarde", explica Valéria. "Eles devem começar a fazer parte da rotina de beleza em média aos 40 anos ou quando forem percebidos os primeiros sinais de idade".
Botox, preenchimento e outros tratamentos estéticos antienvelhecimento
Por conter mais melanina, a pele negra tem filtro solar natural e sofre menos os danos causados pelo sol. "Além disso, as peles negras têm mais colágeno do que a pele branca, o que mantém a pele mais firme, evitando flacidez e rugas", explica a dermatologista Gabriela Casabona.
Por isso, ela sofre menos com os efeitos da idade. A dermatologista Valéria Campos explica que os tratamentos para quem tem pele negra são os mesmos que para qualquer outra tonalidade de pele, mas podem começar mais tarde. "Botox, preenchimentos faciais, laser e peelings podem ser feitos, mas a idade de início desses tratamentos é mais tardia, em média aos 40 anos", explica.
Cuidados básicos
Uma boa higiene acompanhada de hidratação bem feita da pele do rosto são cuidados indispensáveis para qualquer tipo de pele. No entanto, as peles negras tendem a ser mais oleosas, por isso, a recomendação da dermatologista Valéria Campos é usar sabonetes específicos para pele oleosa, indicados pelo dermatologistas, que ajudarão a disfarçar o brilho típico e hidratantes oil-free, isto é livre de óleos em sua composição, como séruns ou géis.
Dica: Para saber se você está usando o sabonete certo, a dica é simples: após lavar o rosto, a pele deve estar macia, mas sem a presença de oleosidade. "Os sabonetes devem limpar a pele, e não ressecá-la e a temperatura da água ajuda nisso: prefira jatos mornos ou frios, porque o calor estimula a glândula a produzir mais sebo", explica a dermatologista Marcela Studart, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.