Ginecologista e Obstetrícia
Redatora de conteúdos sobre saúde, alimentação e bem-estar.
A gravidez é responsável por diversas alterações no corpo da pessoa. Durante o processo, algumas podem apresentar dores específicas em determinados locais do corpo — o que, embora seja compatível com a gestação, são bastante desagradáveis e devem ser relatadas ao médico responsável pelo pré-natal.
Saiba mais: Sintomas de gravidez: descubra se você está esperando um bebê
“Temos que lembrar é que hoje a mulher tem uma rotina cansativa, com duplas ou triplas jornadas, e quando ela engravida continua com isso, o que causa sobrecarga musculoesquelética muito grande", considera a ginecologista e obstetra Telma Zakka, especialista em dor, coordenadora do comitê de dor urogenital da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED).
Destaca-se que, com os cuidados adequados, é possível amenizar as dores e melhorar o conforto da gestante. Pensando nisso, o MinhaVida conversou com especialistas para avaliar a causa dos incômodos e como aliviá-los. Confira!
1. Dor nas mamas
Não é só durante a amamentação que as mamas crescem. No primeiro trimestre é comum que as mamas fiquem mais doloridas, até mesmo com a liberação maior do hormônio prolactina. O peso também é um fator importante para essa dor, o aumento do tamanho e densidade causam maiores desconfortos.
"Uma boa forma de amenizar isso no terceiro trimestre é usando um sutiã adequado, com melhor sustentação e alças e laterais mais largas", ensina a ginecologista e obstetra Telma Zakka, especialista em dor, coordenadora do comitê de dor urogenital da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED).
Saiba mais: 5 roupas para usar durante e depois da gestação
2. Dor nas costas
A dor nas costas é um incômodo comum que atinge cerca de 80% das gestantes, de acordo com Telma. "Isso é causado pela sobrecarga de peso que a gravidez exige e que gera uma mudança da postura da grávida", comenta a obstetra. Nesse caso, uma das melhores formas de prevenir o problema é ganhando a quantidade de peso recomendada pelo médico.
Além disso, ter uma postura melhor em casa e no ambiente de trabalho também ajuda. "Técnicas como RPG, massagens localizadas, compressas de água morna e acupuntura costumam dar bons resultados. Se nada funcionar, entramos com analgésicos, que são seguros na gestação se forem indicados pelo médico", aponta o obstetra Antônio Braga, diretor da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (SGORJ).
3. Dor na pélvis
O peso que a mulher ganha na gravidez nem sempre é apenas do bebê: "Ao final da gestação, vamos ter um ganho de 5 a 7 kg nessa região: o peso do bebe que é de 3,5 kg, 1 kg de placenta e mais 1 kg de liquido amniótico", explica o obstetra Braga.
Quem sofre também com isso é a pélvis, mais especificamente a sínfise púbica, que só relaxará perto do parto, quando essa estrutura fica mais maleável para a passagem do bebê. "A chamada pubalgia acomete cerca de 58% das gestantes", mensura a especialista em dor Telma.
4. Dor de cabeça
Ao mudar toda a postura, a coluna cervical acaba sendo prejudicada. Isso causa dores não somente na nuca, como também na cabeça. "Esse é o tipo de dor de cabeça bem frequente nas gestantes", pondera Telma Zakka. Além disso, as preocupações podem tornar a mulher mais suscetível a cefaleias tensionais.
Ainda assim, não é um incômodo que toda gestante necessariamente vai sentir. "No primeiro trimestre a tensão maior ocorre pela descoberta do problema, no segundo há a ansiedade sobre a saúde do bebê e no terceiro o medo do parto", explica Braga. Se as dores não aliviarem com técnicas de relaxamento, o especialista pode indicar a administração de medicamentos.
Saiba mais: Dor de cabeça na gravidez é normal? Veja como aliviar o problema
5. Cólicas
Normalmente associada à menstruação, as cólicas podem surgir durante a gestação, especialmente no começo. "Isso assusta, as gestantes acham que podem perder o bebê, mas ela se relaciona na verdade tanto com aumento do útero, quanto com a produção de gases intestinais, que causam uma distensão", explica Telma.
Esse tipo de dor normalmente passa com um banho quente ou através de analgésicos. Mesmo se não houver o alívio do sintoma, principalmente se muito intenso e com uma periodicidade certa, pode indicar aborto ou parto prematuro, dependendo da época da gestação em que a gestante está. Por isso, é indispensável informar o médico sobre o quadro.
6. Dor nas articulações
Muitas gestantes podem apresentar um certo inchaço nas articulações por reterem mais líquidos, o que causa dores nesses locais. "Na verdade, isso poderá ser até mais importante que retenção hídrica, o melhor é que o médico possa avaliar corretamente", acredita o ginecologista Augusto Bussab, especialista em fertilização.
Isso também pode acontecer devido à síndrome do túnel do carpo, comum nas mulheres grávidas, possivelmente porque elas apresentam mais edemas no corpo. "Para minimizar esses problemas todos, o ideal é que a mulher faça exercícios físicos e tenha uma dieta com pouco sal, principalmente no fim da gestação", ressalta Telma.
7. Dor nas pernas
A gestante, ao equilibrar seu corpo, também altera a postura das pernas, que ficam mais arqueadas. Isso faz com que elas fiquem mais doloridas. "Além disso, pode haver uma diminuição do retorno venoso deixando os membros inferiores com edemas e dores", ressalta Augusto Bussab. Nesses casos, o ideal é repousar com as pernas elevadas em 30 graus de 5 a 10 minutos no final da manhã e no final da tarde.
8. Câimbra
A mudança na postura das pernas sobrecarrega os músculos, o que também pode causar cãibra muscular. "Isso causa um encurtamento da musculatura posterior da perna, o que torna esses músculos mais propenso a espasmos", explica Telma. Além disso, ao crescer o útero comprime a veia cava, atrapalhando a circulação sanguínea dos membros inferiores e causando maior retenção de líquidos.
Em muitos casos, as cãibras noturnas podem ser causadas por um desequilíbrio de minerais. "Há uma diminuição do cálcio e magnésio na corrente sanguínea, propiciando o quadro", considera Bussab. Nesses casos, uma alimentação variada composta por frutas e vegetais ajuda a reduzir o problema. Alongamentos antes de dormir também podem ajudar.