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O que é eritroblastose fetal
A eritroblastose fetal, também chamada de doença hemolítica do recém-nascido (DHRN), é uma condição que ocorre quando há uma incompatibilidade sanguínea referente ao fator Rh entre mãe e feto. O Rh é o fator que pode ser positivo ou negativo no sangue - aquele sinal que vem junto à letra no tipo sanguíneo (A+ ou AB-, por exemplo).
De acordo com o ginecologista e obstetra Eduardo Motta, essa condição faz com que os glóbulos vermelhos (hemácias) presentes na circulação do feto sejam destruídos (hemolisados) por anticorpos produzidos pela mãe, que acabam atravessando a placenta.
Quem pode ter eritroblastose fetal
O corpo da mãe só "destrói" os glóbulos vermelhos do feto, os tratando como "corpo estranho", se ela já tiver desenvolvido anticorpos contra esse fator Rh positivo. Isso acontece se houve uma gestação ou aborto anterior de bebê Rh positivo ou em transfusões de sangue erradas, por exemplo.
A eritroblastose fetal pode atingir bebês de mães com o sangue A-, B-, AB- ou O-. Ou seja: aquelas que têm Rh negativo, quando estiverem gerando um bebê com Rh positivo.
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Sintomas
A maior parte dos sintomas no feto só são notados após o nascimento. Porém, a mãe pode apresentar aumento desproporcional da útero por uma quantidade maior do líquido amniótico.
Possíveis sintomas no feto:
- Edema generalizado importante
- Aumento do fígado
- Aumento do baço.
Possíveis sintomas após o nascimento:
- Anemia
- Icterícia
- Paralisia cerebral
- Edema
- Surdez
- Crescimento anômalo do fígado e baço
- Insuficiência cardíaca.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da eritroblastose fetal pode ser feito durante a gestação. A bióloga Taccyanna Ali explica que, se testes sorológicos e clínicos forem realizados em momentos adequados da gestação, podem ser determinantes para identificar a doença.
"Os testes podem identificar precisamente o nível do anticorpo na circulação materna, o potencial do anticorpo como causador da doença hemolítica e a gravidade da destruição dos glóbulos vermelhos", afirma Taccyanna.
Eduardo Motta explica que, quando houver o risco, o ultrassom do feto apresenta alterações sugestivas desta condição e pode ser necessário a coleta de líquido amniótico ou mesmo do sangue fetal para confirmação.
Riscos da eritroblastose fetal
Há uma série de possíveis riscos direcionados, principalmente, ao feto. Alguns deles são:
- Insuficiência cardíaca e hepática
- Danos cerebrais
- Aborto espontâneo
- Hidropsia fetal
- Óbito fetal.
É de extrema importância que os exames durante o pré-natal sejam feitos em dia, além do acompanhamento de perto por um médico especialista. Quando diagnosticada e tratada, os riscos dessa condição diminuem.
"Com a destruição das hemácias do feto, ele desenvolve anemia que pode ser grave a ponto de causar insuficiência cardíaca, edema, comprometimento neurológico e, inclusive, óbito no interior do útero", explica o especialista.
Tratamento da eritroblastose fetal
Após o diagnóstico, algumas medidas são tomadas para o tratamento da doença. De acordo com Tacyanna, a primeira medida terapêutica é transfusão de sangue.
Essa troca do sangue pode ser feita até mesmo com o feto ainda no interior do útero, explica Eduardo Motta. "Ainda é possível retirar parte dos anticorpos do sangue materno. Após o nascimento, o tratamento se faz com transfusões sanguíneas fetais, além do suporte para os comprometimentos que tenham sido identificados", conta o ginecologista.
Como evitar que ela aconteça?
Identificar Rh negativo: Através de exames de sangue, é possível identificar qual o tipo de Rh que a mulher possui antes mesmo de engravidar, sendo essa a principal forma de prevenir a doença.
Tipagem sanguínea: Nos casos em que a gestação é confirmada antes de qualquer exame de sangue, a melhor forma de controlar o desenvolvimento da eritroblastose é através da realização do exame de tipagem sanguínea da mulher e seu parceiro.
"O principal é evitar o contato da mãe com sangue fator Rh positivo, como não transfundir sangue incompatível. Durante a gestação, esta prevenção se faz através da administração na mãe de uma medicação chamada de gamaglobulina específica para fator Rh durante a gravidez e após o parto nas gestantes fator Rh negativo", finaliza Eduardo.
Fontes
Eduardo Motta, médico ginecologista do Hospital Sírio-Libanês, CRM 59938 SP
Taccyanna Ali, bióloga especialista em análises clínicas e mestre em ciências