Graduado em medicina pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), tem especialização em ortopedia e em cirurgia da colu...
iAproximadamente 50% das lesões do esporte estão relacionadas ao "overuse", ou seja, pelo excesso das atividades. A frequência das lesões por excesso de uso, nos locais de atendimento inicial, é geralmente duas vezes maior do que as lesões agudas. A maioria das lesões no tratamento de corredores está relacionada ao overuse, sendo cerca de metade destes envolvidos na perna (20%), tornozelo (15%) e pés (15%).
As lesões por excesso de uso ocorrem em decorrência de microtraumas que levam a lesão do tecido local, e geralmente estão relacionadas a mudanças na forma, intensidade ou duração dos treinos. A falta do equilíbrio entre o período de recuperação pós-treino e a geração de uma nova sobrecarga tende a ser a causa das lesões por repetição. É importante ressaltar que as lesões do tecido, mesmo que pequenas, vão se sobrepondo pelo uso aumentado, sem tempo suficiente para a reparação tecidual, o que leva depois de um tempo ao aparecimento de sintomas como dor e incapacidade.
A possibilidade da ocorrência das lesões são maiores em atletas que já tenham tido uma historia anterior de lesão, ou que caminham/correm mais de 32 km por semana. Algumas características do atleta também podem facilitar a ocorrência das lesões, como a falta de equilíbrio muscular, diminuição da flexibilidade, fraqueza e instabilidade em uma determinada articulação. Pés cavos, aqueles com maior curvatura, foram comprovados em ser um fator de risco para ocorrência de lesões, quando comparados aos pés planos. Outros fatores incluem técnica esportiva mau realizada, equipamentos inadequados, e alterações intensas da duração ou na sobrecarga dos treinos.
As lesões mais comuns por excesso de uso são tendinopatias (machucado no tendão), fraturas por estresse, síndrome compartimental e periostites (canelites). O diagnóstico pode ser feito por meio da conversa com o médico e exame físico. Em alguns casos o uso de exames de imagem pode ser necessário - desde radiografias até tomografia e ressonância magnética.
Seguem algumas dicas para o tratamento dessas lesões:
- Diminuir a intensidade, duração e frequência da atividade física
- Adaptar o tipo de treinamento e intercarlar os treinos mais intensos com outros de menor sobrecarga, além de realizar atividades que permitam o equilíbrio muscular de diferentes regiões - não apenas as voltadas diretamente a modalidade
- Melhorar as técnicas do esporte com educador físico ou técnicos
- Realizar atividade de aquecimento muscular e diminuição progressiva, antes e após os exercícios
- Utilizar gelo para pequenas dores após o treino
- O uso de medicações anti-inflamatórias poderão ser necessárias.
Se os sintomas persistirem, procure um especialista na área medica para aliviar os sintomas e ainda reorientar e oferecer mudanças para a realização da atividade física. Há casos em que fisioterapia ou outras modalidades de terapias adjuvantes poderão ser incorporadas ao tratamento e a retomada da atividade física.
Prevenção
A maioria destas lesões pode ser prevenida com a realização de um treino adequado e bom senso. Aprenda a escutar o seu corpo. Não se deve intensificar em mais de 10% o seu treino por semana. Isto se aplica tanto para intensidade das atividades aeróbicas, como velocidade e distância, quanto para elevação de pesos para fortalecimento. Outras dicas envolvem:
- Sempre lembrar de aquecer e resfriar antes e apos os exercícios
- Realizar também treinamento de fortalecimento muscular global, aumento da flexibilidade e na estabilização da musculatura do core (grupo de músculos que confere segurança a sua coluna) para melhor execução das atividades físicas
- Busque a avaliação de profissionais do ramo se estiver iniciando ou passando a sentir qualquer incômodo com a atividade física
- Durante a fase de treinamento procure poupar a região lesada, apenas mantendo atividades que permitam manter a condição do preparo físico.
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O mais importante, em casos de sintomas intensos ou persistentes, é procurar um médico especialista.