É gente, é filha, é irmã, é amiga, é tia, é namorada, é companheira, é de carne osso, que sente e que fica doente. Hoje,...
iMuitas pessoas se perguntam: um ambiente de trabalho hostil pode gerar problemas sérios de saúde? E a resposta, infelizmente, é sim! Transtorno bipolar, síndrome do pânico e depressão são as complicações mais comuns. O estresse proveniente do trabalho, impacta a partir principalmente da ansiedade e a evolução dessa ansiedade, é que pode se tornar uma doença.
A negatividade, a insatisfação, o desânimo, a tristeza, a ansiedade progridem a quadros mais graves, porém, quando as pessoas se dão conta da gravidade do problema, já é hora de partir para medicação.
Se o ambiente hostil é a causa dessas doenças, isso não consigo afirmar, é como a história do ovo e da galinha, sobre quem vem primeiro. Mas que um ambiente não favorável prejudica a saúde, prejudica.
Podemos dizer que o ambiente é o solo onde irão brotar as sementes que forem plantadas. Se plantarmos boa convivência, brotarão confiança e boas ideias e assim o crescimento mútuo acontecerá naturalmente.
Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), "a adesão aos princípios dos ambientes de trabalho saudáveis, evita afastamentos e incapacidades para o trabalho, minimiza os custos com saúde e os custos associados com a alta rotatividade, e aumenta a produtividade a longo prazo bem como a qualidade dos produtos e serviços".
Tipos de ambiente de trabalho
Tem estudos que definem bem, os tipos de ambiente. Podemos classificar os ambientes de trabalho em três realidades: negativo, neutro e positivo.
Para o ambiente negativo não é preciso muita descrição, é só lembrarmos da maioria dos ambientes que conhecemos. Pessoas eternamente insatisfeitas, o assunto de ponta da língua nos corredores, nos cafés e rodas de conversas é a vida alheia, o insucesso do outro, o quanto o chefe ou fulano é puxa-saco da empresa, ou seja, a famosa e indispensável fofoca. Tudo é comentado com pessimismo e negativismo, há prazer em dizer que não vai dar certo, que deu errado, que não sei quem se deu mal, e o foco é sempre nos pontos negativos da empresa e das pessoas que a dirigem e que participam dela. Assumir algo que não seja sua obrigação, nem pensar!
O ambiente neutro é aquele do tanto faz, não importa se as coisas estão caminhando para melhor ou para pior, não faz diferença, não me atinge, não tenho nada com isso, a ordem é "não faça nada que você não tenha que fazer". O que impera é a energia resignada. Portanto faça o mínimo, falar mal das pessoas só se for com muita descrição e sigilo. Reconhecer e parabenizar o que está correto ou positivo é quase proibido.
No ambiente positivo as pessoas têm prazer de se relacionar, as relações são mais verdadeiras, não se julga sem se ter todos os fatos em mãos. Não há inferência, checa-se antes de se deduzir, o importante não é quem está certo, mas sim o que é melhor para o time, se faz questão de entender as pessoas e suas intenções, o objetivo principal é o bem comum. Ser voluntário é um valor notado facilmente. Contribuição e gentileza são evidências. Neste ambiente, não é necessário "tomar conta" das pessoas, o interesse em acertar é maior do que a intenção de negligenciar, por que a vontade de cada um é de fazer o seu melhor e isso se transformou num desafio próprio e deixou de ser apenas mais uma tarefa.
No ambiente positivo é onde há inspiração. Se mais gente soubesse mais como criar organizações que inspiram, poderíamos viver em um mundo no qual a estatística seria o reverso - um mundo no qual mais de 80% das pessoas gostariam de seu trabalho. As pessoas que gostam do seu trabalho são mais produtivas e mais criativas. Elas voltam para casa mais felizes e tem famílias mais felizes. Tratam melhor os colegas, os clientes e os consumidores. Colaboradores inspirados ajudam as empresas e a economia a ficarem mais fortes. Às vezes as pessoas nem estão fazendo exatamente o que gostam, mas amam tanto o ambiente, que a relação com esse trabalho se torna prazerosa.
É difícil dizer se é a inspiração que faz um ambiente mais positivo ou se é um ambiente positivo que gera inspiração. Mas o importante talvez, nem seja saber qual é o primeiro, mas saber que esses fatores andam juntos.
Se talvez o ambiente onde você vive não esteja tão bom, inspire-se, sendo a mudança que deseja ver no mundo. Isso é conselho de Gandhi e funciona. Mas se não sente mais a energia para se empenhar nisso, olhe com atenção para você, vá investigar, porque se a tristeza e o desânimo crescerem sem acompanhamento, a situação pode complicar. Enquanto for só a preguiça, o comodismo, ou o ataque de sempre colocar a responsabilidade no está fora de você, até ai tudo bem, o problema é quando vira mania, quando vira depressão.
Reconhecendo seu ambiente de trabalho
E como se faz para saber se o ambiente do seu trabalho está te fazendo mal? É parar e olhar para o como você se sente no trabalho. A maneira como se vive na sua empresa, abala a sua autoestima? Não estou dizendo que tudo tem que ser sempre um mar de rosas, perto do mundo encantado, por que o ambiente corporativo já tem uma pressão e dificuldades que são inerentes à sua natureza. Estou dizendo para olhar a convivência, as relações. Pense se você está em um ambiente sem confiança, que te faz sentir medo e insuficiente como pessoa. Repense.
A prática diária dos valores estabelecidos pela empresa são precursores do ambiente ideal. A verdade, transparência, honestidade, respeito e confiança entre outros, esses são valores que precisam ser levados a sério. Toda circunstância que coloque em risco estes valores tem que ser apurada.
Pergunte-se:
- Qual você acha que tem sido o impacto de seus comportamentos no seu ambiente de trabalho?
- O que você leva com você para o trabalho, faz bem ou faz mal para você e as pessoas ao seu redor?
O importante num ambiente de trabalho é o que não se pode ver. Fique atento. E o principal responsável por criar o ambiente positivo ou negativo são as pessoas. Quer pessoas saudáveis? Faça um ambiente saudável. Quer um ambiente saudável? Faça pessoas saudáveis.
Comece por você!
Ana Paula Bellati é psicóloga, master coach e diretora da UM%, empresa de São Paulo focada em coaching e desenvolvimento de pessoas.