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Os aminoácidos são moléculas formadas por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e alguns podem conter enxofre. A ligação entre os aminoácidos forma as proteínas. Os aminoácidos podem ser produzidos pelo corpo, aqueles não essenciais, ou devem ser obtidos pela dieta, os essenciais.
Entre os suplementos de aminoácidos que existem no mercado estão:
- BCAA
- aminoácidos de cadeia ramificada que contam com três aminoácidos essenciais: leucina, isoleucina e valina
- glutamina
- leucina
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O BCAA tem função na síntese proteica, importante para a recuperação muscular no pós-treino. Além disso, durante o exercício, eles atuam na produção de energia na ausência de carboidrato e o consumo de BCAA também promove a manutenção da concentração de glutamina pós-exercício que estaria envolvida na atenuação da imunossupressão observada após o término do exercício.
A glutamina é um aminoácido importante para a manutenção da mucosa intestinal, recuperação do sistema imune e redução do catabolismo proteico (quebra de proteínas). Já a leucina estimula o mTOR, um regulador da síntese proteica no organismo. Em geral, os suplementos proteicos e de aminoácidos são obtidos do leite.
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Benefícios comprovados dos aminoácidos
- Bom para quem pratica exercícios: O consumo de BCAA aumenta a síntese de proteína e reduz a possibilidade de lesão muscular pós-treino
- Bom contra a encefalopatia hepática: A diminuição de BCAAs pode desencadear a encefalopatia hepática, com manifestações neuropsiquiátricas, neuromusculares e sintomas comportamentais. A suplementação gera uma competição dos aminoácidos ramificados com os aminoácidos de cadeia aromática que passam na barreira hematoencefálica, minimizando a entrada de aminas tóxicas no sistema nervoso central
- Bom para a imunidade: A reposição dos BCAA após a prática de exercícios intensos é essencial para o metabolismo corporal, especialmente para o sistema imunológico
Benefícios em estudo dos aminoácidos
Ajuda a baixar o colesterol: Há um estudo mostrando que a suplementação com leucina poderia baixar os níveis de colesterol total em ratos sedentários, mas em humanos não há comprovação científica.
Benéfico em alguns tipos de câncer: Pesquisas mostram que alguns suplementos a base de aminoácidos como a glutamina, arginina e o BCAA podem ser indicados por médicos ou nutricionistas no tratamento do câncer, uma vez que estes aminoácidos agem como imunomodulador, sendo substrato fundamental para as células do sistema imunológico, estimulando a multiplicação de linfócitos que auxiliam no aumento das defesas do organismo, além de manutenção de integridade intestinal e manutenção de massa muscular.
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Estudos mostram que a glutamina pode ser utilizada em pacientes de câncer de intestino que fazem quimioterapia. Os resultados demonstram que a glutamina atua na proteção da mucosa gastrointestinal, além de estimular o crescimento da mucosa intestinal, reduzindo as alterações na absorção e permeabilidade intestinal, que pode ser alterada pelo tratamento.
Uma pesquisa realizada em pacientes com neoplasia de reto, estômago ou pâncreas mostraram benefícios na utilização do aminoácido arginina pré-cirurgia, aumentando a síntese de proteínas e reduzindo a taxa de infecção pós?operatória.
Estudo realizado em 2006 mostrou que pacientes tratados com BCAA (leucina, isoleucina e arginina) possuíram uma melhor resposta metabólica após cirurgia de câncer, uma vez que o BCAA melhora a síntese de proteína muscular mantendo a massa magra do indivíduo, diminuindo risco de perda de peso.
Contudo é preciso cautela ao utilizar os aminoácidos, mais estudos são necessários para avaliar se não pode haver efeitos deletérios a saúde. Além disso, uma pesquisa publicada no Cancer & Metabolism mostrou que a suplementação de leucina em ratos com câncer pancreático levou ao aumento do crescimento do tumor.
Benéfico para gestantes: No caso de gestantes estudos realizados em animais mostram que quando há alcoolismo materno a suplementação de L-glutamina poderia atenuar desequilíbrios ácido-base induzidos pelo álcool e alterações no fluxo sanguíneo. Em casos de depressão gestacional a L-arginina poderia ser um suplemento indicado. Porém, ainda são necessários mais estudos e pesquisas a fim de verificar a real segurança de suplementação humana.
Como consumir os aminoácidos
Os suplementos de aminoácidos devem ser ingeridos somente com orientação. Para esportistas os suplementos podem ser utilizados antes, durante ou após treino, dependendo do tipo de exercício duração e objetivos, em casos de patologias a administração deve ser avaliada para que o benefício seja maior que os riscos.
No caso da glutamina, ela costuma ser ingerida em pó. Para esportistas a recomendação é ingerir a glutamina no pós-treino e antes de dormir. Vale combinar carboidratos simples, como frutas e mel, com o consumo da glutamina. Isto porque esses alimentos potencializam os benefícios do suplemento, pois aumentam os níveis de insulina e consequentemente aceleram a entrada de glutamina nas células musculares, contribuindo para uma recuperação mais rápida.
Já o BCAA é encontrado na forma de cápsulas ou em pó e não há uma versão melhor, o importante é que a dose esteja correta. O momento de ingestão do BCAA também irá depender do tipo de exercício praticado pelo indivíduo, se for musculação ou aeróbico de alta performance. Não é orientado consumir o BCAA em dias que não irá treinar. Tanto a dosagem do BCAA quanto o momento correto de ingeri-lo deve ser determinado por um nutricionista ou um médico especializado.
Quem pode consumir os aminoácidos
Os aminoácidos são indicados para esportistas, fisiculturistas e praticantes de atividades físicas de forma geral. Além disso, os médicos também podem indicar o suplemento para o tratamento de doenças como encefalopatia hepática e degeneração espinocerebelar.
Gestantes, lactantes, crianças e idosos devem evitar o consumo de BCAA e só fazê-lo após orientação médica. Alcoólatras devem evitar o consumo de BCAA, pois estudos mostram que após a ingestão de álcool há um aumento das concentrações de aminoácidos de cadeia ramificada no sangue.
Já a suplementação com a glutamina costuma ser orientada em pessoas que passam por situações que causam um estresse intenso ou depleção do sistema imunossupressor. Nesses casos, pode ocorrer um déficit de glutamina no organismo e a suplementação é recomendada.
Esses problemas acontecem com a prática de exercício acentuada levando ao overtraining, em casos de algumas doenças infecciosas ou inflamatórias ou traumas que desencadeiam uma depleção no sistema imune.
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Cuidados ao consumir os aminoácidos
Antes de ingerir o suplemento de aminoácidos vale verificar sua composição discriminada no rótulo e se o laboratório em que foi produzido cumpre as legislações higiênicas e sanitárias estipuladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e se possui registro neste órgão.
É importante manter uma alimentação balanceada. Nenhum nutriente consegue suprir todas as necessidades nutricionais do nosso organismo isoladamente. Assim, para que o metabolismo funcione de forma efetiva e o organismo se mantenha de forma saudável, uma alimentação equilibrada, em quantidade suficiente, e rica em vitaminas e minerais, é sempre essencial.
Quantidade recomendada
A quantidade diária varia de acordo com a necessidade do indivíduo. A suplementação sempre é baseada em pesquisas e estudos científicos em que utilizaram doses diferentes dos aminoácidos a fim de não levar a efeitos colaterais e prejuízos aos indivíduos. Contudo, a dosagem do BCAA costuma variar entre um e sete gramas, de acordo com o indivíduo, tipo e duração do exercício. Já a do suplemento glutamina é entre 10 e 15 gramas por dia, dividido em três doses.
Riscos ao ingerir em excesso
Os suplementos de aminoácidos parecem ser seguros se consumidos na quantidade de até 30gramas ao dia. Porém, o consumo em excesso de proteínas ou aminoácidos via suplementação, mais de 3gramas por quilo ao dia pode ter efeitos negativos como danos renais, aumento de colesterol sanguíneo e desidratação. Em excesso o consumo de proteínas ou aminoácidos via suplementação podem levar à sobrecarga renal.
Estudos em animais mostram que a suplementação de BCAA associada com dietas ricas em gordura podem aumentar o risco de resistência à insulina.
Combinações
Estudos mostram que o uso combinado de glutamina e suplementos probióticos pode reduzir significativamente a incidência de infecção e melhora da mucosa intestinal. A primeira age na nutrição da mucosa intestinal e nas células do sistema imunológico, e o segundo confere manutenção da microbiota intestinal equilibrada.
Interações
Alguns estudos mostram que a utilização de medicamento Levedopa (L-dopa), usada no tratamento da doença de Parkinson, tem ação terapêutica inibida por dieta hiperprotéica, uma vez que os aminoácidos competem com a levodopa na absorção intestinal e absorção cerebral.
Aminoácidos essenciais e não-essenciais
Aminoácidos essenciais
Os aminoácidos essenciais não podem ser produzidos pelo organismo. Como resultado, eles devem vir de alimentos. São eles:
- histidina
- isoleucina
- leucina
- lisina
- metionina
- fenilalanina
- treonina
- triptofano
- valina
Aminoácidos não essenciais
Não essencial significa que nosso corpo produz um aminoácido, mesmo que não o recebamos dos alimentos que ingerimos. Aminoácidos não essenciais incluem:
- alanina
- arginina
- asparagina
- ácido aspártico
- cisteína
- ácido glutâmico
- glutamina
- glicina
- prolina
- serina
- tirosina
Fontes consultadas:
Nutricionista Fabiana Honda, da PB Consultoria em Nutrição.
Nutrólogo Euclésio Bragança, fundador da Integralmédica.
Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA