Uma dúvida frequente que meus pacientes têm envolve o clareamento dental, seus riscos, benefícios e técnicas. Aqui vai a minha explicação: o objetivo do clareamento é diminuir o tamanho das moléculas de pigmentos internas à estrutura dos dentes, fazendo-os refletir mais luz e, assim, aparentar serem mais claros.
Existem diversas técnicas que podem ser empregadas para esse fim, embora todas elas utilizem o oxigênio livre como agente clareador final. Variam as concentrações, o tempo de contato entre o gel contendo o clareador (peróxido) e o dente e a forma de utilizar.
Em dentes vitais (que não tiveram canais tratados), o melhor resultado do clareamento é obtido através da associação de técnicas, ou seja, a combinação do clareamento ambulatorial ou de consultório (conhecido popularmente como clareamento a laser) e o clareamento com moldeiras (conhecido popularmente como clareamento caseiro).
O clareamento ambulatorial só pode ser realizado sob a supervisão de um cirurgião-dentista, porque o gel clareador utilizado tem elevada concentração de peróxido - o agente ativo geralmente é o peróxido de hidrogênio a 35%, o qual não deve entrar em contato com a gengiva por ser cáustico.
Durante o procedimento em consultório, os lábios são afastados e a gengiva é protegida com uma resina fotopolimerizável, que endurece com uma luz azul do tipo L.E.D. (Luz Emitida por Diodo). Sobre os dentes secos é aplicado o gel, o qual deve permanecer por no mínimo 15 minutos. Durante esse tempo, seria aplicada a fonte de luz que, na grande maioria dos casos, não é um laser e sim um L.E.D. de alta potência com um feixe bem pequeno de laser de baixa potência entre as lâmpadas de L.E.D.
A função da luz seria ativar o gel, ou por ação enzimática ou por calor. Contudo, a literatura científica não foi capaz de provar que há maior benefício com a aplicação da luz, ou seja, não é necessário aplicar qualquer fonte de luz durante o clareamento ambulatorial para que alcançar resultados satisfatórios. Ainda, é necessário alertar que a aplicação da luz pode elevar a sensibilidade do paciente pela incidência do calor sobre o dente, sem melhorar a eficácia do clareamento.
As principais vantagens do clareamento ambulatorial seria a velocidade de clareamento, que parece ser maior para o paciente, pois o efeito do clareador está associado ao efeito de branqueamento dos dentes, resultado da desidratação dos tecidos dentais durante o procedimento. O branqueamento não é estável como o clareamento. São necessárias em media três sessões de clareamento ambulatorial, com intervalos de sete à 15 dias entre cada sessão.
O clareamento individual com moldeiras utiliza géis com menor concentração (de 10 a 22%) e diferentes formulações, podendo ser à base de peróxido de hidrogênio ou peróxido de carbamida (este, em contato com a água, dissocia-se em peróxido de hidrogênio e uréia, elevando o pH e impedindo a desmineralização das camadas mais superficiais do esmalte dentário).
Essa técnica depende completamente da disciplina do paciente, que utilizará a moldeira personalizada carregada com o gel de 30 minutos a 2 horas diárias ou por 6 a 8 horas durante a noite, por no mínimo 14 dias e no máximo 6 meses, para o alcance satisfatório da cor. A concentração mais segura do gel nessa técnica é a de 10%.
O ideal é associar as técnicas para otimizar resultados. Uma sessão de clareamento ambulatorial seguida de 14 dias de clareamento diurno com moldeira parecem trazer resultados bastante satisfatórios.