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Quem tem diabetes precisa se preocupar com várias implicações do dia a dia com a doença. Seja do tipo 1 ou 2, é necessário cuidar dos níveis de glicose no sangue, fazer mudanças na dieta, praticar atividade física e evitar vícios, como cigarro e álcool.
Além disso, o diabético também precisa cuidar da pele, que fica mais fragilizada por conta da doença. Descubra as alterações que ocorrem na pele do paciente com diabetes e quais cuidados devem ser adotados para evitar complicações.
Pacientes com diabetes tem tendência em apresentar pele seca
Os diabéticos tem uma tendência maior de apresentarem pele seca. Segundo a endocrinologista Andressa Heimbecher (CRM 123579/SP), da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, a doença pode causar alterações nos nervos da pele. "Se afetar os nervos do sistema nervoso autonômico - que controlam a produção de suor e de sebo - a pele vai progressivamente ficando mais seca", diz. Com isso, ocorre uma ruptura da linearidade das células da pele e as rachaduras podem ocorrer.
Além disso, pacientes com diabetes tendem a urinar mais vezes ao dia, na tentativa de eliminar o excesso de glicose presente no sangue. "Esse processo causa perda de líquidos no corpo, levando à desidratação e ao ressecamento da pele", completa a dermatologista Leninha do Nascimento (CRM 236114/RJ), da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Hidratação ideal para pele do diabético
Há três níveis de hidratação da pele:
- Emolientes: são substâncias hidratantes que combinam água e óleo, atuando na epiderme e tornando a pele mais macia. "Os emolientes preenchem as fendas entre as fragmentações das células mais superficiais da epiderme (corneócitos) produzindo uma textura agradável ao creme", diz a dermatologista Leninha
- Oclusivos: impedem a evaporação de água, como se fossem uma barreira - geralmente são à base de cera, óleos, silicone e petrolato
- Umectantes: atraem água da derme para a camada externa da pele, ou podem atrair água do meio ambiente se a umidade estiver alta", completa a especialista.
Um creme hidratante eficaz deve conter substâncias dos três tipos.
Frequência da hidratação para pele do diabético
De acordo com as especialistas, a hidratação da pele deve ser feita diariamente pelo paciente com diabetes. "Nos casos de ressecamento mais acentuado, a pele deve ser hidratada até duas vezes por dia", lembra a endocrinologista Andressa.
O melhor momento para hidratar a pele é logo após sair do banho. Nessa hora, os poros estarão dilatados e o hidratante irá penetrar na pele com muito mais eficiência, além de criar uma camada de proteção que evita a perda de umidade que a pele sofre naturalmente em decorrência do banho.
Vale ressaltar que somente o médico pode indicar o produto mais adequado. Há hidratantes mais indicados para o paciente com diabetes, a depender do local do ressecamento e tipo de lesão.
"Os cremes a base de ureia conseguem manter a umidade nas camadas mais superiores da pele, já os cremes com ácido lático ajudam a deixar a pele mais macia, dissolvendo os locais onde houve formação de crostas", explica Andressa Heimbecher.
Mas antes de usá-los é importante consultar um dermatologista - só ele poderá definir em quais áreas aplicar e qual produto será o mais correto. "Alguns hidratantes comprados sem orientação podem conter álcool, que irá acelerar o ressecamento da pele, e produtos não adequados podem piorar o problema."
A hidratação diária é suficiente para proteger os pés do paciente diabético?
Além da hidratação diária, outros cuidados devem ser tomados com os pés: "O paciente deve olhar os pés todos os dias após o banho e após retirar os sapatos, utilizar calçados confortáveis e meias devem preferencialmente não ter costuras para evitar lesões", diz a endocrinologista Andressa.
A dermatologista Leninha completa dizendo que os pés devem ser bem secos após os banhos para evitar a proliferação bacteriana e fúngica. As unhas devem ser cortadas por profissional especializado e a sensibilidade dos pés deve ser avaliada na consulta médica ao menos uma vez por ano.
Possíveis complicações caso não haja hidratação
"A pele seca pode causar coceira, e o trauma causado pelas unhas leva à formação de escoriações, espessamento, vermelhidão, escamas e rachaduras", conta a dermatologista Leninha.
O ressecamento e as rachaduras na pele fazem com que a entrada de bactérias e fungos seja mais fácil, podendo provocar complicações mais graves. "Regiões onde os calos são formados também ficam propensas à formação de úlceras", lembra a endocrinologista Andressa.