Sou graduada em educação física há 12 anos, pós-graduada em condicionamento físico para grupos especiais e fisiologia do...
iA prática de esportes individuais, como a corrida, depende em grande parte do estado mental do praticante, especialmente quando se trata de grandes distâncias. Paciência, equilíbrio e concentração se tornam ferramentas importantes para o controle do corpo e da fadiga.
Nesse sentido, as atividades mais comuns para aquisição dessas habilidades são a ioga, as artes marciais e as práticas meditativas existentes em filosofias como o budismo, por exemplo.
O controle interno adquirido nessas práticas compõe uma descoberta individual e muito pessoal de fatores que conflitam com o equilíbrio diário e com a maneira que cada ser humano lida com problemas e eventualidades.
Atividades físicas que exigem concentração induzem o indivíduo a estados de consciência diferenciados, internalizando as energias envolvidas nesse processo de atenção. Estar integralmente dedicado à execução dos movimentos é o princípio das práticas meditativas nas quais o foco deve ser voltado ao interior e a retirada dos sentidos do universo externo. É mais como voltar para casa depois de um dia cansativo de trabalho; é deixar o futuro breve para daqui a pouco.
Meditar pode ser entendido simplesmente como viver o momento presente sem as interferências da hora passada e das atividades a serem executada em seguida. É o foco no agora com porcentagem total de atenção e controle do sistema nervoso, em geral, alcançado através de exercícios físicos, práticas respiratórias e técnicas de concentração. A meditação é um mergulho em si mesmo e a retirada das influências do externo, representando o controle do equilíbrio e da invulnerabilidade.
Compreender essa leitura da meditação faz com que um corredor encontre similaridade com a prática da corrida, na qual o movimento constante de passadas por um determinado período, aliado à respiração ritmada, ofertam a sensação de voltar o olhar ao interior e à retirada do universo. Quem corre longas distâncias nem sempre percebe exatamente por onde passou ou se lembrará de detalhes do percurso, mas certamente se recordará da sensação de paz e conforto provenientes do momento.
Treinar esse direcionamento do estado mental através de práticas meditativas pode ajudar em objetivos maiores como correr uma maratona ou, ainda, fazer com que esse estado mental seja alcançado mesmo em distâncias curtas.
O controle dessa percepção será transportado para qualquer situação da rotina, seja nos esportes, nos conflitos pessoais ou no trabalho, uma vez que o comando do equilíbrio vem de ferramentas internas utilizadas para o encontro da lucidez.
Comece a meditação com dez minutos por dia com frequência de 2 a 3 vezes por semana, seguindo as sugestões:
1-Sente-se em posição confortável no chão ou em uma cadeira, de modo a alinhar a coluna e os ombros, mas sem manter uma postura tensa;
2-Observe se o seu queixo não está voltado para o chão ou para cima, mantenha o rosto voltado para frente;
3-Feche os olhos e faça de respirações completas, inspirando e expirando pelo nariz. Nesse momento, observe se os ombros estão contraídos, se o maxilar está tenso ou a língua está exercendo pressão no céu da boca e, ainda, se a testa apresenta rugas. Faça uma análise de como o seu corpo se comporta nessa posição;
4-Feito isso, inspire em três tempos (conte mentalmente até três), tentando soltar o ar em seis tempos. Sempre pelo nariz e sem pausar a entrada ou saída do ar, que deve ser lenta e constante. Tente por dois minutos seguidos e, a cada semana, aumente um minuto. Marque no relógio um cronômetro regressivo em som baixo e, ao toque do alarme, relaxe a atenção na contagem da respiração, deixando-a livre, de acordo com a vontade voluntária de inspirar e expirar até que se sinta confortável em manter o momento.
Desafie-se por algumas semanas de prática e observe os benefícios. Se a resposta for positiva, procure experimentar algo novo como a ioga ou alguma arte marcial. Assim, saberá qual atividade mais combina com você e poderá agregar ao autoconhecimento e ao seu desempenho como corredor.