Médico especializado em angiologia e cirurgia vascular graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é...
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A dor na perna de causa vascular pode ter basicamente duas razões: circulação arterial deficiente ou um problema no retorno do sangue venoso. As artérias são responsáveis por transportar o sangue para fora do coração e distribuí-lo pelo corpo até a ponta dos dedos dos pés. As veias, por sua vez, recolhem esse sangue, que contém impurezas e pouca oxigenação, e levam de volta ao coração e ao pulmão, renovando a quantidade de oxigênio e nutrientes.
Dores arteriais na perna
Quando há uma deficiência na circulação arterial, falta sangue rico em oxigênio e nutrientes para irrigar os tecidos. O sintoma mais comum nesses casos é o que chamamos de claudicação intermitente, que provoca uma sensação de cãibra nas pernas - principalmente durante exercícios físicos. Este sintoma é muito comum durante caminhadas, pois, quando andamos, precisamos de sangue para irrigar os músculos.
A dor causada por este problema é pior quando há necessidade de se fazer mais esforço, como ao subir uma rua inclinada ou durante uma corrida. Nesses casos, a dor aparece rapidamente, e costuma melhorar quando estamos parados, assentados ou deitados.
No caso de falta de circulação, o recomendado é que o paciente não deixe as pernas em posição elevada, pois o sangue que já chega ao final das pernas com dificuldade, mesmo com a ajuda da gravidade, vai chegar com ainda mais dificuldade se a perna estiver inclinada para cima. Esses sintomas costumam ser piores em dias frios devido à vasoconstricção, que diminui a circulação nas extremidades do corpo. O tabagismo, o uso de drogas ilícitas e o estresse excessivo também são fatores de risco para o problema.
Dores venosas na perna
No caso das veias, a dificuldade é retornar o sangue de volta ao coração. Se a veia está comprometida devido à presença de varizes, a um histórico de trombose venosa ou obesidade, longos períodos permanecidos de pé ou sentado, roupas que apertam muito a cintura, insuficiência cardíaca descompensada, doença pulmonar grave e outras doenças, o retorno do sangue até o coração pode ficar comprometido.
Nesses casos, sentimos uma sensação de peso, cansaço, pernas inchadas, e às vezes até uma sensação de formigamento ou dormência devido ao inchaço. Esses sintomas pioram com o calor intenso e quando permanecemos com as pernas paradas por longos períodos de tempo, e melhoram com a elevação das pernas e com o movimento.
Dificilmente a dor venosa fará a pessoa parar de se movimentar. Com o passar do tempo, essa dificuldade de retorno do sangue venoso pode levar à insuficiência venosa crônica e às suas consequências, como edema crônico, pigmentação da pele das pernas (que fica com uma cor marrom), aparecimento de pequenas lesões que podem levar à formação de úlceras, eczema (coceira intensa normalmente acompanhada de uma lesão na pele próximo ao tornozelo do lado de dentro da perna) e aparecimento de mais varizes, podendo até desencadear uma trombose.
Opções de tratamento
O tratamento da dor arterial deve contar sempre com a supervisão de um médico especializado, e basicamente inclui:
- Parar de fumar
- Controle rigoroso de colesterol e triglicerídes
- Prática de caminhada ou exercícios aeróbicos com regularidade (no mínimo 150 minutos por semana)
- Controle da pressão arterial, da diabetes e de doenças associadas
- Se necessário, o uso de medicamentos para melhorar a circulação do sangue
- Caso o tratamento clínico não seja suficiente para melhorar os sintomas, talvez uma cirurgia seja necessária.
Na dor venosa, as recomendações são:
- Parar de fumar
- Controle rigoroso de colesterol e triglicerídes
- Prática de caminhada ou exercícios aeróbicos com regularidade (no mínimo 150 minutos por semana)
- Controle da pressão arterial, da diabetes e de doenças associadas
- O uso de meias elásticas medicinais
- Procurar elevar os membros inferiores várias vezes ao dia
- Cuidar do peso e dos fatores desencadeantes.
Em caso de varizes, a cirurgia costuma ser o procedimento mais indicado. Se necessário, o paciente também poderá fazer uso de medicamentos para aliviar a dor.