Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (2004). Concluiu no ano de 2008 a Residência em Clínica...
iO diagnóstico de diabetes em uma criança traz um mundo de preocupações para os pais. Desde as mais imediatas: como vou aplicar insulina? Como vou conseguir ver se meu filho está com hipoglicemia? E se o açúcar no sangue subir? Até preocupações um pouco menos imediatas, mas nem por isso menos importantes: será que ele vai aceitar o diagnóstico? E na escola, como vai ser?
Este texto, trata justamente das dúvidas dos pais com relação à escola. Aqui vai um passo a passo:
1) Plano com a escola: o primeiro passo é uma conversa com a direção da escola sobre o diagnóstico e o tratamento que a criança está realizando no momento. Doses de insulina, grau de controle do diabetes, se a criança tem hipoglicemias, de quanto em quanto tempo precisa se alimentar... enfim, é importante que uma rotina do tratamento, alimentação e das condutas a serem adotadas em caso de emergências sejam passadas para a escola. Os contatos médicos e claro, dos pais devem ser passados para que sejam facilmente acessados caso seja necessário. Em caso de hipoglicemia grave, é importante que seja mantido na escola um kit de emergência com Glucagon, para ser administrado prontamente. Aqui, é importante ajustar junto com a escola que este importante medicamento de segurança esteja disponível. O Centro de Controle de Doenças Americano tem disponível em seu site em Inglês, o Guia para as escolas, orientando sobre hipoglicemia e hiperglicemia.
2) A preparação da criança: não existe uma idade específica para que a criança passe a assumir algumas tarefas do controle do diabetes. Existem crianças que desde muito cedo, com cinco ou seis anos, já se sentem confortáveis de realizar a glicemia capilar (medir o diabetes), enquanto outras vão fazer um pouco mais tarde. O primeiro passo é que ela comece a demonstrar interesse e responsabilidade no controle da própria doença, a partir daí ela pode com a supervisão dos pais ou responsável, prosseguir medindo o diabetes e aplicando insulina já com a dose calculada por um adulto. Adolescentes, no geral, já se sentem mais responsáveis para calcular os próprios ajustes de doses de insulina. Mas reforço que não existe uma regra geral, o que vale é a observação caso a caso.
3) O que levar para a escola: uma sugestão é levar o glicosímetro com baterias extras, insulina (seringas ou canetas), lenços antissépticos de álcool 70%, balas em caso de hipoglicemia e água - a hidratação da criança com diabetes é sempre fundamental.
4) De olho no lanche: a própria criança com diabetes deve ser orientada pelos pais e professores sobre sua alimentação nos intervalos e a qualidade destes alimentos. O foco é nos alimentos integrais, frutas e chás. Evitar o consumo de refrigerantes, bebidas artificialmente adoçadas e lanches com alto teor de gorduras e carboidratos simples (como farinhas brancas).
5) Rede de apoio: Colegas de classe, professores e funcionários, todos são uma rede de apoio para que a criança se sinta segura no ambiente escolar. Os próprios colegas de classe muitas vezes são os primeiros a perceber episódios de hipoglicemia e, portanto, a sugestão é que devam receber orientação sobre procurar imediatamente o professor ou funcionário caso percebam alguma alteração no amigo com diabetes. O treinamento de um professor junto às associações de apoio a diabéticos, ou mesmo com o médico responsável pode solidificar o processo, cujo objetivo é sempre garantir o melhor desenvolvimento possível para esta criança.
Com a volta às aulas, é importante que muitas rotinas dentro do ambiente escolar sejam revistas e renovadas. Abordar e acolher melhor a criança diabética no ambiente escolar é um assunto fundamental que precisa ser discutido e ampliado. Torcemos para isso! Bom ano letivo!