Redatora entusiasta de beleza e nutrição, autora de reportagens sobre alimentação, receitas saudáveis e cuidados pessoais.
iO diabetes é uma doença crônica, e como tal, precisa de cuidados por toda a vida. Mas, acredite, é possível levar uma vida normal tendo esta doença, desde que se tenha um controle adequado, o que pode ser conseguido através do monitoramento da glicemia. O melhor recurso para isso é a medição através dos glicosímetros, aparelhos que medem a glicose no organismo, por meio de uma gota de sangue: os famosos aparelhinhos que picam o dedo.
"Pacientes que se tratam com insulina, ou seja, com diabetes tipo 1, gestacional e alguns com diabetes tipo 2, precisam monitorar constantemente esse índice para aplicarem a quantidade certa do hormônio", explica o endocrinologista Walter Minicucci, especialista em endocrinologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. No entanto, mesmo diabéticos tipo 2 que usam medicamento oral podem se beneficiar dessa prática. "Nesses casos, a medição pode ser feita quando o paciente está doente ou sob algum fator que cause alteração em sua glicemia", considera o especialista.
Além disso, existem diversas vantagens em fazer um monitoramento mais próximo de sua glicemia. Entre eles: saber como se o tratamento está indo bem, entender com mais facilidade as oscilações da glicemia, oferecer um controle em relação aos alimentos ingeridos, prevenir possíveis complicações e evitar a hipoglicemia noturna. Veja a seguir cada uma delas:
Avalia como está indo o tratamento
Para o médico é muito importante medir a glicemia do paciente e acompanhar essa relação. "Sabemos que quanto mais controlados estão os níveis de glicemia capilar melhores serão os níveis da hemoglobina glicada", explica a endocrinologista Andressa Heimbecher, médica Colaboradora do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
A hemoglobina glicada é um exame que mostra a média dos níveis de glicose do paciente nos últimos três meses. No entanto, muitas vezes ela pode apresentar um resultado que não representa com exatidão os níveis de glicemina do paciente. Isso porque, se o indivíduo apresentou muitas variações na glicemina ao longo de um período, os marcadores do exame podem tirar uma média e apontar que a quantidade de açúcar está normal, mas nem sempre está. "É como se o paciente estivesse com uma temperatura média porque colocou a mão no fogo e depois no gelo várias vezes", compara o endocrinologista Minicucci.
O monitoramento da glicemia capilar é feito na hora e por isso mostra de forma mais fiel o que está acontecendo com o paciente. Com essa informação, o profissional de saúde têm mais insumos para receitar medicamentos e até mesmo entender como outros fatores influenciam na medicação que ele recomenda. Por exemplo, corticoide pode afetar a glicemia, então através do monitoramento é possível perceber como ele está agindo no paciente e em qual horário.
Ajuda a entender a oscilação da glicemia
Para a endocrinologista Denise Franco, diretora da ADJ Diabetes Brasil, monitorar a glicemia tem um caráter educativo para o paciente também. "Com esse processo, ele começa a entender os hábitos que o levam a ter picos ou quedas de açúcar no sangue, e assim ele pode mudar isso", considera a especialista. Dessa forma a pessoa com diabetes consegue ter noção de quais atitudes o ajudam a ter um diabetes mais controlado. Além disso, consegue relatar melhor ao médico suas impressões e ajudar no tratamento.
Traz um controle melhor da alimentação
Um dos fatores que mais causa oscilação da glicemia é a alimentação. "O paciente começa a notar que quando come uma pizza a noite, por exemplo, ele acorda com níveis glicêmicos altos, ou quando ele come arroz com feijão, salada e um pouco de carne, seus níveis ficam bem mais estáveis", explica Minicucci. Dessa forma, o paciente começa a entender os efeitos dos alimentos na sua saúde e se torna mais autônomo e ativo no tratamento.
Previne complicações do diabetes descontrolado
Pacientes disciplinados são capazes de controlar melhor sua glicemia, entendendo o que pode levá-la a cair ou se elevar de forma preocupante. Portanto, é muito mais fácil evitar as complicações ocasionadas pelo diabetes descontrolado. "Essas consequências incluem infartos, derrames e obstruções nas artérias (que se ocorrerem nas pernas, podem causar amputações), acometimento da retina e dos rins (com perda da função renal) e a alteração na sensibilidade e nos nervos (a chamada neuropatia diabética), enumera Andressa.
No entanto, Minicucci ressalta que esse tipo de complicação ocorre em pacientes cuja glicemia está completamente descontrolada. Em pacientes que tem descontroles eventuais, o que pode ocorrer mesmo com quem monitora a glicemia, esses problemas costumam ser menos perigosos e ocorrer em longo prazo, o que permite o cuidado antes que eles evoluam. "Dificilmente um paciente que segue o tratamento corretamente poderá perder a visão ou ter que fazer hemodiálise", frisa o especialista.
Evita a hipoglicemia noturna
A hipoglicemia é muito comum em pacientes que não controlam seu diabetes, principalmente os que fazem uso de insulina no tratamento. Nesses casos, é muito comum ela ocorrer durante a noite, quando o paciente fica em jejum por mais tempo . Esse quadro pode ser evitado quando o paciente se alimenta corretamente antes de dormir e também aplica a quantidade certa de insulina. "A partir do momento em que o paciente passa a enxergar melhor os períodos de maior ou menor glicemia, conseguimos avaliar na consulta médica uma melhor forma de ajustar as doses de insulina", frisa Andressa.