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Muitos fatores podem levar alguém a precisar de uma restauração dental, desde cáries até traumas que provocam a fratura do dente e condições de saúde, como o bruxismo - que causa um desgaste na região pelo apertar ou ranger dos dentes.
O objetivo da restauração dental é repor a anatomia do dente que foi perdida, mantendo a sua função (como a mastigação), além de cuidar para que a estética não seja prejudicada, deixando o dente o mais parecido possível com o que era antes do problema.
Para explicar quais os materiais disponíveis e como são feitas as restaurações, o Portal Minha Vida conversou com o dentista Alexandre Martinelli (SP-CD-46095), especialista em próteses e implantes e diretor do Instituto Pedro Martinelli Pró-Odontologia, e com o dentista Leonardo Nitto (SP-CD-61675), da Odontoclinic.
Existem basicamente dois tipos de restaurações: as diretas e as indiretas. As restaurações diretas são feitas quando é possível adicionar os materiais diretamente no dente a ser restaurado. Normalmente, são casos mais simples, em que apenas a superfície foi afetada.
Já as indiretas são utilizadas se há uma cavidade ou um desgaste maior no local. "Nestas situações, o dentista precisa preparar o material fora da boca e fazer o encaixe dele no dente posteriormente", diz Martinelli.
Restauração direta
O procedimento para fazer uma restauração dental direta "começa removendo a parte do dente que está deteriorada usando brocas de desgaste de esmalte e dentina. Depois, limpamos esta área e preenchemos a cavidade com um material restaurador", explica Nitto.
As contraindicações da restauração direta só existem quando a cavidade é muito grande proporcionalmente ao tamanho do dente, quando atinge uma área próxima da gengiva ou quando é muito profunda. Nestes casos, é preciso fazer uma restauração indireta ou outros tratamentos específicos indicados caso a caso, como o canal.
Os materiais mais utilizados na restauração direta são:
Resina
Atualmente, a restauração dental com resina é a mais utilizada nos consultórios de dentistas. Isso porque ela tem vários benefícios, como:
- Alta durabilidade;
- Capacidade de resistência à mastigação;
- Sistema adesivo de qualidade, ou seja, é fixada ao dente facilmente e dificilmente se solta;
- Material maleável para o trabalho do dentista, endurecendo apenas com a ativação via luz (fotopolimerização) - o que permite que o profissional trabalhe no dente o tempo que for necessário para ter um resultado satisfatório.
Além disso, Martinelli explica que a resina tem um grande apelo estético: "Esse material possui diversas tonalidades e transparências, o que faz com que, através de misturas, seja possível igualar ao máximo a cor e formato do dente natural da pessoa".
Inômero de vidro
A principal indicação do inômero de vidro é para pessoas com alta incidência de cáries, principalmente em crianças com dentes de leite. "Isso porque o material libera flúor, o que ajuda a combater este número exagerado de cáries", diz Martinelli.
Este material costuma ser mais barato do que a resina, mas não tem tantas propriedades estéticas e não é tão resistente à mastigação quanto ela. Ou seja, a tonalidade pode não ficar tão parecida com o dente original e o tempo de duração do material costuma ser um pouco menor.
Amálgama
O amálgama (liga metálica), obtido através da mistura de mercúrio com a malha de prata, era o material mais utilizado nas obturações antigamente. "Contudo, já podemos considerá-lo obsoleto por uma série de desvantagens, como maior desgaste do dente para receber a restauração, falta de adesão e risco de novas fraturas", afirma Nitto.
Além disso, como a mistura endurece quimicamente enquanto o dentista está preenchendo a restauração, o tempo que ele pode trabalhar na anatomia deste dente é mais limitado.
É possível trocar uma restauração de amálgama por uma de resina, dependendo da condição do dente do paciente. Essa troca pode ser por uma falha na amálgama (quando perde um pedaço ou a cavidade aumenta, por exemplo) ou por estética. Contudo, é preciso avaliar os riscos e benefícios desta mudança caso a caso com o especialista.
Restauração indireta
Na técnica indireta de restauração dental, o dentista faz um preparo do local, depois a moldagem do dente e o envia a um laboratório de próteses para a confecção. Após este processo, ele realiza a cimentação desta restauração no local. Alguns consultórios também estão preparados para fazer a confecção do dente na própria clínica, sem a necessidade de enviá-lo para o protético.
"O maior problema da restauração indireta é a dureza do material, que é mais resistente que o dente da pessoa, por isso precisa estar bem ajustada dentro da boca para não provocar um impacto e grande desgaste nos demais dentes", orienta Martinelli.
Saiba mais: Entenda o que é restauração adesiva
Os materiais mais utilizados na restauração indireta são:
Porcelana
A porcelana é o material mais utilizado nas restaurações indiretas. Isso porque ela é resistente e tem um bom apelo estético, fazendo com que seja possível se aproximar bastante da cor natural do dente.
Cerômero
"O cerômero é uma mistura de porcelana com resina, sendo mais resistente que a resina, porém menos que a porcelana", explica Martinelli.
O material é mais barato do que a resina, apresenta uma boa durabilidade e também tem apelo estético, ficando parecido com o dente original.
Tanto no caso do cerômero quanto da porcelana, para fazer com que o dente fique com a cor mais parecida com o original, o dentista costuma incluir fotos no pedido para que o protético possa analisar a cor e confeccionar a restauração a partir desta informação.
Grande precisão
Nem sempre é preciso confeccionar a restauração fora do consultório. A tecnologia CAD/CAM permite esculpir o dente e realizar o procedimento de restauração dental na boca do paciente no mesmo dia, através de um aparelho tecnológico no próprio consultório odontológico.
"O dentista utiliza um escâner intraoral, que faz a análise do dente que precisa ser restaurado e dos adjacentes. No programa, o dentista define os detalhes e, no próprio consultório, o aparelho esculpe esta restauração na porcelana. Depois disso, o dentista já pode fazer o encaixe com a fotopolimerização", explica Martinelli.
Apesar de ter grande precisão, são poucos os consultórios no Brasil que oferecem o serviço, uma vez que seu custo ainda é elevado.
Cuidados depois de fazer a restauração
Logo após a realização da restauração, o dentista irá orientar como se deve proceder nas primeiras horas após o procedimento. Dependendo do estado do dente, do material aplicado e principalmente da técnica utilizada, pode ser necessário que o paciente permaneça em jejum ou evite alguns alimentos por algumas horas.
Na maioria dos casos, contudo, já é possível comer imediatamente após deixar o consultório, com poucas restrições. "O dentista pode recomendar que o paciente não faça uso de substâncias ou alimentos com corantes que podem causar manchas - como café, vinho tinto e batons - por até 48 horas após o procedimento", ressalta Nitto.
Depois deste período, os cuidados de higiene devem ser iguais aos tomados com os dentes que não passaram por uma restauração. Ou seja, escovar adequadamente e não esquecer o fio dental é essencial para manter a saúde bucal, preservar a restauração e aumentar sua durabilidade.