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Muitas vezes, quando pensamos em doenças em uma região, esquecemos o papel de cada indivíduo na hora de combatê-las. Se o assunto é um problema de saúde pública em nossa comunidade, cada atitude correta vale muito.
"Boa parte das doenças pode ser evitada ou pelo menos ter seu risco de surgir diminuído a partir de medidas individuais", considera o médico de família Rodrigo Lima, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
Para o epidemiologista Eduardo Hage, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis (DEVIT) do Ministério da Saúde, a participação do cidadão é imprescindível. "A partir do momento em que se tem acesso a informações sobre doenças presentes em sua comunidade, a formas de disseminação (no caso das doenças transmissíveis) e aos mecanismos de prevenção e controle, você passa a ser um ator importante na divulgação desses conhecimentos", considera o especialista.
Quer saber como evitar a disseminação de doenças na sua região? Veja a seguir atitudes simples que combatem problemas de saúde pública:
Lavar as mãos
As mãos são um dos maiores meios de contato das pessoas com o mundo. Por isso, é natural que elas entrem em contato com um maior número de bactérias e vírus. Se não tivermos a rotina de lavá-las regularmente, elas se tornam um veículo importante para a transmissão desse tipo de agente, como explica o infectologista Gilberto Turcato, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
"É importante fazer a higienização correta das mãos antes de manipular alimentos ou comer e quando se entra em contato com qualquer objeto ou situação que possa ser infectante", lista o especialista.
Com essa medida, você pode prevenir desde gripes e resfriados até infecções mais sérias como pneumonia, gastroenterites ou mesmo os diversos tipos de meningite.
Cobrir a boca ao espirrar e tossir
Espirrar e tossir são situações que também ajudam a espalhar vírus e bactérias. "As gotículas produzidas nas vias aéreas se espalham pelo ambiente após a tosse ou o espirro e acabam sendo inaladas por pessoas próximas", explica Rodrigo Lima.
É importante cobrir a boca e o nariz com algum anteparo, que pode ser as mãos, um lenço ou o antebraço. O problema ao usar as mãos, no entanto, é garantir que você poderá lavá-las logo em seguida. Caso contrário, continuará espalhando os agentes infecciosos, mas dessa vez através delas.
Notificar sintomas diferentes e sempre buscar ajuda médica
Estar sempre atento a diferentes sintomas de saúde e reportá-los a entidades de saúde pública pode ajudar muito a evitar a propagação de doenças. "Essa atitude permite respostas mais rápidas contra epidemias, incluindo vacinação, educação em saúde, entre outras", explica Lima.
Nesses casos é importante visitar postos de saúde, conversar com os agentes de saúde nos bairros ou mesmo recorrer a aplicativos de celular que ajudam a relatar focos de sintomas e doenças através da notificação do usuário.
"Em 2014, durante a Copa do Mundo, foi desenvolvido pelo Ministério da Saúde um aplicativo para celular que permitiu monitorar a eventual ocorrência de surtos durante aquele evento, o que felizmente não ocorreu. Este aplicativo foi aperfeiçoado agora para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos e chama Guardiões da Saúde. Qualquer pessoa pode usá-lo e notificar seu estado de saúde", ressalta Eduardo Hage.
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Permitir a circulação do ar nos ambientes
Em locais fechados e sem circulação de ar, aquelas gotículas infectadas com bactérias ficam circulando pelo ambiente. Se houver um aglomerado de pessoas, o cenário é ainda pior. "Quando estes lugares não têm ventilação adequada, essas gotículas têm contato com as pessoas por mais tempo", explica Lima.
Portanto, ao ficar em locais com muitas pessoas (como ônibus, trens, salas de espera, escritórios, academia, entre outros) certifique-se de que há alguma janela que ventile o ar em seu interior. Isso pode ajudar na prevenção de gripes, resfriados e infecções como o sarampo, caxumba, catapora e outras doenças virais.
Seguir orientação do atestado médico
Quando uma pessoa está doente e recebe orientação de ficar em casa, isso é importante não só para seu repouso, mas também para evitar que ela transmita seu agente infeccioso para outras pessoas.
"Hoje, até mesmo gripes podem ser arriscadas para populações mais idosas, por isso é importante manter o resguardo ao ter uma gripe ou outras doenças", considera Turcato.
Manter a carteirinha de vacinação em dia
A vacinação foi um avanço muito importante para impedir a disseminação de doenças em grandes populações. "Se você tem um bom número de pessoas imunes a uma doença, a penetração desse agente será muito menor e a doença se espalhará menos", considera Turcato. Isso ocorre porque quando uma pessoa está imunizada, por mais que ela contraía o vírus, dificilmente o transmitirá.
Os órgãos de saúde pública disponibilizam vacinas gratuitas conforme o calendário de vacinação. Mas é preciso que a população tome a iniciativa de se vacinar e levar seus filhos. É essencial que todos contribuam para controlar e erradicar doenças através da vacinação.
Cuidar dos animais de estimação
Não são só as pessoas que transmitem doenças, os animais também são agentes transmissores. Por isso, é importante que eles fiquem com a carteirinha de vacinação em dia, além de estarem sempre vermifugados e livres de pulgas.
"Isso ajuda a evitar doenças como micoses, infecções intestinais, raiva, toxoplasmose, doença da arranhadura do gato, entre outras", lista Lima.
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Evitar focos de mosquitos
Existem diversos insetos que são vetores de doenças, como o mosquito Aedes aegypti, que está em maior destaque ultimamente devido à transmissão de Zika vírus, dengue e febre chikungunya.
Esse mosquito costuma deixar seus ovos em água limpa e parada, portanto existem focos específicos para evitar: "não mantenha plantas cujos vasos acumulem água, não estoque objetos que acumulem água, como garrafas, pneus, e vasilhas plásticas, e tenha atenção com a formação de poças de água no seu quintal", considera o médico de família Rodrigo Lima.
Além disso, é importante reduzir o contato das pessoas com esses insetos, protegendo a casa com telas e mosquiteiros, usando repelente na pele exposta e, quando possível, preferindo roupas que cubram bem a pele, como calças e blusas de manga comprida.
Não deixar lixo na rua
O lixo aberto na rua pode causar doenças de duas formas. A primeira é que ele pode ser espalhado por fatores ambientais, como a chuva e o vento, e disseminar alguma doença que por ventura quem o manipulou anteriormente possa ter?, ressalta Lima.
Outra possibilidade é que esse material orgânico atraia animais como ratos, que podem transmitir diversos tipos de parasitas. "Eles podem transmitir a leptospirose pela urina, mas também por pulgas e fungos", considera o especialista.
Higienizar a piscina de casa
Piscinas também pedem uma boa higienização, e não pense que é só pela água parada. "A água não tratada se torna um caldo de cultura de agentes infecciosos que podem ser passados por qualquer pessoa que estiver com um deles no organismo", considera o infectologista Turcato.
Os materiais para limpeza da piscina impedem justamente a proliferação desses agentes, que podem causar otites, doenças de pele (como a micose) e até mesmo infecções intestinais.