Imagine que em 48 horas é possível estar em qualquer lugar do mundo. Apesar de ser uma facilidade com diversos benefícios, a evolução do transporte global de pessoas tem consequências na área da saúde.
"Costumamos dizer que as doenças infecciosas não respeitam fronteiras", afirma a infectologista Tânia Chaves, membro do Comitê Científico de Medicina dos Viajantes da Sociedade Brasileira de Infectologia.
A globalização das doenças transformou a contenção de enfermidades infecciosas em um desafio que deve ser encarado com seriedade. E nem sempre o viajante é quem dissemina o vírus.
"Alguns reservatórios extra-humanos, como animais ou a dispersão hídrica, podem ajudar a espalhar o vírus", comenta a médica brasileira que participa da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras, Lúcia Brum.
"Sempre que se possa identificar a presença do vírus e isolá-lo no hospedeiro, se conseguirá conter a sua disseminação, mas este cenário raramente acontece", esclarece o médico Marlo Libel, consultor da Skoll Global Threats Fund, empresa que colaborou no desenvolvimento do aplicativo Guardiões da Saúde em parceria com o Ministério da Saúde.
Ele explica ainda que grande parte dos vírus não produz sintomas ou eles se manifestam depois de vários dias que o hospedeiro foi infectado. Esse período de incubação tem o potencial de espalhar a doença sem que a pessoa saiba que está infectada.
Informação e vacina
Lúcia ressalta que já que a contenção do vírus é inviável, a capacidade de detecção de surtos e doenças infecciosas é fundamental: "É necessário investir no sistema de saúde. As autoridades precisam responder em tempo oportuno para controlar um vírus. O esforço global tem que ir no sentido da estruturação da área da saúde".
"Conter a introdução do vírus é um desafio. Mesmo países com recursos financeiros amplos não conseguem fazer isso. A gente precisa se preparar para enfrentar o problema ao invés de tentar contê-lo. Um dos enfrentamentos mais eficientes é disponibilizar informações para a população de forma clara e objetiva", reforça Tânia.
Saiba mais: Aplicativo disponibiliza informações de saúde no Rio de Janeiro
Outra iniciativa importante é manter a população com a cobertura de vacinação em dia. Em alguns casos, a doença pode ser controlada dessa forma. Foi o que aconteceu com a febre amarela, como aponta a infectologista Tânia Chaves.
"Ainda existe a ideia de que vacina é coisa de criança, mas é um equívoco. Não existe faixa etária nesse caso. Vacina é para todos", enfatiza a médica.
Cuidados
Além de se vacinar, as pessoas podem ajudar também no controle de doenças infecciosas passando informações de sintomas para as autoridades de saúde, seja no posto de saúde, no hospital ou através de outras ferramentas, como aplicativos e sites de vigilância participativa.
Medidas de cuidados pessoais também são eficientes. Veja, abaixo, como você pode fazer a sua parte para ajudar no controle de doenças infecciosas:
- Lave sempre as mãos com água e sabão e evite levar as mãos ao rosto
- Se não for possível lavar as mãos, esterilize-as com frequência usando álcool-gel
- Mantenha hábitos saudáveis: alimente-se bem, coma verduras e frutas e beba bastante água
- Não compartilhe utensílios pessoais, como toalhas, copos, talheres e travesseiros
- Evite frequentar locais fechados ou com muitas pessoas
- Mantenha a vacinação em dia
- Informe as autoridades sobre sintomas que esteja sentindo
- Use lenços de papel para tossir ou espirrar e descarte-os em seguida
- Tenha em mãos o endereço da unidade de saúde mais próxima.