Um estudo feito pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, descobriu que parar de fazer atividades físicas por apenas 10 dias já reduz o fluxo sanguíneo cerebral. Essa diminuição pode trazer implicações sérias para a saúde cerebral.
Nos testes, foram analisados os fluxos sanguíneos cerebrais de pessoas entre os 50 e 80 anos, saudáveis e fisicamente ativas. Primeiro, os pesquisadores coletaram os dados dos participantes em sua rotina normal. Depois, os exames foram refeitos após 10 dias sem nenhum tipo de exercício físico.
Usando técnicas de imagem cerebral, os testes realizados após os participantes terem cessado todas as atividades físicas apontaram uma diminuição significativa no fluxo de sangue em oito regiões do cérebro, incluindo o hipocampo.
"Sabemos que o hipocampo desempenha um papel importante na aprendizagem e memória e é uma das primeiras regiões do cérebro a encolher em pessoas com Alzheimer. Nos roedores, o hipocampo responde ao exercício de treinamento aumentando o crescimento de novos vasos sanguíneos e novos neurônios e, em pessoas mais velhas, o exercício pode ajudar a evitar que o hipocampo encolha", afirma o J. Carson Smith, principal autor do estudo.
Todos os participantes do estudo tinham, pelo menos, 15 anos de experiências em exercícios de resistência física e participaram de competições recentemente. A interrupção dos exercícios implicou em pelo menos 4 horas de treinamento semanais. Os participantes, em média, corriam 59 km por semana e possuíam um Vo2 (taxa de consumo de oxigênio durante uma atividade física) acima de 90% do normal para sua idade.
Os dados obtidos pelos testes contribuem para a crescente compreensão científica do impacto da atividade física na saúde cognitiva. "Sabemos que, se você é menos ativo fisicamente, é mais propenso a ter problemas cognitivos e demência com a idade. No entanto, não havia nenhuma evidência de que as habilidades cognitivas pioraram após a interrupção do exercício por apenas 10 dias", diz Smith.
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Ele ainda acredita que tudo isso pode ter implicações importantes para a saúde cerebral em pessoas mais velhas. Entretanto, o especialista aponta para a necessidade de novas pesquisas para entender o quão rápido essas mudanças ocorrem, quais os efeitos a longo prazo e quão rápido o quadro poderia ser revertido com a retomada das atividades físicas.