Pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo estão tentando uma nova maneira de aperfeiçoar cirurgias cardíacas através do uso de réplicas do coração do paciente, impressas em 3D, geradas a partir de imagens de tomografias. Os estudos vêm sendo conduzidos há três anos e já possuem três pacientes operados através deste recurso, além do recrutamento de outros.
A pesquisadora Leila Nogueira Ferreira de Barros, condutora do estudo, analisa se o método traria melhorias nos resultados de cirurgias para tratar aneurismas do ventrículo esquerdo. Por serem muito caros, os biomodelos só foram possíveis devido a uma parceria com a empresa BioArchitects, desenvolvedora dos mesmos, além do financiamento do fundo de amparo à pesquisa da faculdade.
A impressão em 3D possibilita a criação de biomodelos, que reproduzem todos os detalhes da anatomia do órgão do paciente, colaborando com a medicina e permitindo aos médicos diagnosticarem de forma mais precisa, tendo um preparo mais minucioso nas cirurgias.
De acordo com as experiências de cirurgias anteriores, a técnica permite que o cirurgião entre com precisão na ideia do que encontrará. "A imagem pode ser perfeita e dar uma boa ideia do que vamos encontrar, evoluímos muito por causa da imagem. Mas o fato de perceber o órgão tridimensionalmente, colocando a mão e vendo sob todas as posições traz uma contribuição muito maior do que a imagem sozinha", diz o cirurgião Luiz Antonio Rivetti, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa e orientador da pesquisa.
O aneurisma doventrículo esquerdo, estudado pelos pesquisadores, pode ocorrer devido a uminfarto agudo do miocárdio ou pela doença de Chagas. Segundo Leila, a cirurgiaseria indicada a pacientes que já possuem sequelas por conta do maufuncionamento do músculo do coração, podendo resseca-lo, o fazendo parar de funcionar.Remodelar o coração faria com que ele voltasse a ter um funcionamento correto.
Leila explica que, para executar a tática, o cirurgião deve saber de forma precisa qual porção do músculo não se contrai mais. Dessa forma, seria inclusa a réplica, que reproduz o coração no exato momento da contração do órgão, mostrando os detalhes da região que não contraiu adequadamente.
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"Quando se usa o biomodelo, o cirurgião já vai planejar e imaginar o quanto vai poder ressecar na cirurgia. Ele deu ao cirurgião uma segurança maior para que a gente entre mais tranquilamente no procedimento", explica Rivetti.