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Só de pensar em ir ao dentista você já fica nervoso? Isso ainda é comum, mas com as novas tecnologias, procedimentos e conduta médica é provável que este medo fique cada vez mais no passado. Além do que, visitar o dentista a cada seis meses tem muitos benefícios, inclusive evitar a necessidade de diversos procedimentos desconfortáveis.
É na consulta de rotina que o profissional pode conversar, tirar dúvidas e ter o relacionamento que permite estabelecer confiança entre o paciente e o especialista. Isso porque a pessoa não está com dor e, provavelmente, não fará nenhum procedimento desconfortável. Essa situação é muito diferente de quando o paciente só procura o especialista quando já está com alguma queixa.
"Durante essas consultas problemas comuns como mau hálito, desconfortos na boca ou face e sangramento na gengiva, que são sinais de que algo não vai bem, são diagnosticados logo no início e podem ser tratados sem nenhum tipo de trauma ou procedimentos mais invasivos", diz Silvio Cecchetto (CRO-SP-CD-15655), dentista clínico geral e presidente da Associação Brasileira de Cirurgiões-Dentistas (ABCD).
Profissional de saúde
Segundo explica Cecchetto, na população brasileira as cáries ainda são extremamente comuns, e estão relacionadas a hábitos como fumar, consumo de bebidas alcoólicas e higiene não adequada dos dentes - principalmente falta do uso do fio dental.
Esses hábitos também podem estar relacionados ao aparecimento de lesões pré-cancerígenas e à presença de bactérias que podem até acarretar na perda do dente, por isso é necessário que sejam detectadas o quanto antes.
Quando há a perda de um dente, o especialista explica que além do comprometimento estético, mastigação, fala e até respiração podem ser afetadas. Para corrigir este problema, o procedimento é mais desconfortável - mas não é dolorido por causa do uso de anestesias modernas - e há um custo financeiro mais alto.
Já sobre os problemas de saúde que têm manifestações orais, como anemia, HPV, diabetes e até câncer, o dentista pode ajudar no diagnóstico precoce e, consequentemente, que o paciente tenha um melhor resultado com o tratamento.
"Hoje em dia, o dentista, como profissional de saúde, pode solicitar exames para a comprovação de qualquer doença que ele suspeite e o ajude no diagnóstico", afirma Artur Cerri (SP-CD-12139), diretor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD).
O que esperar
Uma das maneiras de acabar com o medo de ir ao dentista é tornar a rotina de tratamento mais conhecida. Normalmente, quando o paciente chega ao consultório, ele deve preencher uma ficha com seu histórico médico e odontológico.
"O dentista precisa saber, por exemplo, se a pessoa tem diabetes, hipertensão, remédios que usa e hábitos de vida para definir as melhores medidas preventivas e tratamentos, se necessário", diz Roberto Suguihara (SP-CD-67376), cirurgião dentista membro do Internacional Team for Impantology e proprietário da clínica que leva o seu nome.
O profissional ainda ressalta que, caso o dentista não pergunte algo que o paciente julgue importante, como outros problemas de saúde e sintomas que tenha, é importante que o paciente se manifeste e complemente o histórico.
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Depois da conversa, o profissional deverá examinar a boca do paciente, procurando por cáries e outros problemas bucais que podem estar presentes. Ele também pode solicitar uma radiografia para ter uma análise mais completa, inclusive de como está o nascimento de seus dentes do siso, por exemplo.
Confiança no dentista
Outro ponto importante para se sentir mais seguro é a ter confiança no profissional. "É importante que antes de ir a um profissional a pessoa tenha uma referência do seu trabalho. Uma indicação sempre ajuda a construir esta confiança", diz Cerri.
Ele explica que analisar alguns pontos também pode ajudar a entender como o profissional trabalha e a estabelecer este relacionamento, por exemplo:
- Se o consultório é limpo
- Se há resto de sangue na cuspideira
- Se ele está registrado no conselho de odontologia da sua região, ou seja, se ele tem o CRO ativo, que significa que está apto para exercer a profissão. É possível fazer isso sem nenhum custo no próprio site do conselho na internet.
O trato do profissional com o paciente também conta. Note se ele conversa, tira dúvidas e se é possível entender o que ele explica. São todos bons indicadores.
"Só se constrói a confiança no dentista estando com ele no consultório e é sempre melhor fazer isso sem um procedimento mais desconfortável", diz Cecchetto, destacando novamente a importância da consulta de rotina.
Tecnologia contra o medo
Mesmo com as consultas de rotina, pode existir o momento de se deparar com um procedimento mais desconfortável. Palavras como tratamento de canal, cirurgia, implante, extração do siso e outras podem assustar, mas não há razão para desespero. Isso porque nos últimos anos houve um enorme avanço nos materiais para dentistas.
Neste avanço estão as anestesias cada vez mais potentes e de uso personalizado, ou seja, tipos e quantidades diferentes para cada procedimento e também para a sensibilidade de cada paciente.
"As agulhas, que antes eram grossas e reaproveitadas, hoje são cada vez mais finas e descartáveis, ou seja, utilizadas uma única vez. Isso deixa o procedimento mais seguro e menos dolorido", explica Cerri.
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"Caso o paciente tenha muito medo, ainda estão disponíveis técnicas como hipnose, que são aplicadas por profissionais especialistas que podem cuidar também emocionalmente do paciente nesta hora. Assim como alguns medicamentos que o ajudem a ficar mais tranquilo também podem ser receitados", diz Cecchetto.
Para procedimentos mais longos ou complexos, o dentista também pode pedir ajuda de um médico anestesista, que manteria o paciente inconsciente por este período. Nestes casos, o trabalho é feito num centro cirúrgico ou em um consultório equipado para este fim.