Gastroenterologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização pelo Hospital Federal de Lagoa...
iNa investigação das doenças do trato digestório, muitas vezes, estão indicados exames complementares, como a endoscopia digestiva alta e a colonoscopia, que permitem visualizar a mucosa, coletar material para análise e tratar vários problemas.
A endoscopia digestiva alta pode ser indicada para avaliar dor abdominal, vômitos, dificuldade ou dor para engolir, doença do refluxo gastroesofágico, emagrecimento, certas deficiências de minerais e vitaminas ou prevenção de neoplasias.
A colonoscopia, por sua vez, pode ser indicada em casos de emagrecimento não intencional, sangue nas fezes, alterações do hábito intestinal, alterações em exames de imagem (espessamentos intestinais vistos em tomografias computadorizadas, por exemplo) ou prevenção das neoplasias colorretais (câncer colorretal).
Preparo
Para ambos exames, o paciente deve estar em jejum e assinar um termo de consentimento livre e esclarecido, registrando que está consciente dos riscos do exame e que autoriza a realização do mesmo. Pode estar indicada a suspensão de certos medicamentos antes dos exames e, para a colonoscopia, deve ser feito o preparo do cólon com dieta sem resíduos (fibras), soluções laxativas e, em certos casos, enemas (lavagem intestinal).
A endoscopia digestiva alta habitualmente é realizada sob sedação consciente. Nem sempre é necessário que o paciente durma, depende da aceitação do indivíduo já que o exame não causa dor, mas provoca incômodo. É administrado um anestésico tópico por spray na garganta que visa a inibição do reflexo de vômito, seguida da injeção endovenosa de um sedativo.
Já na colonoscopia, geralmente é feita uma sedação profunda com anestésicos endovenosos, uma vez que a introdução do aparelho pode causar dor ao rechaçar as alças intestinais. Em ambos os procedimentos é feita a monitorização de certos parâmetros como oxigenação sanguínea, frequência cardíaca e pressão arterial
Os exames
Os exames são realizados com tubos flexíveis - o de colonoscopia tem cerca de um centímetro de diâmetro e o de endoscopia digestiva alta é um pouco mais fino - que permitem visualizar a mucosa, injetar ar para distensão dos segmentos examinados e passar instrumentos como pinças para biópsia, alças para retirar pólipos, cateteres para cauterizar lesões e parar sangramentos, balões para dilatar estenoses, entre tantas outras possibilidades.
Na endoscopia digestiva alta, o aparelho é introduzido pela boca, passando pelo esôfago e estômago, até o duodeno (porção inicial do intestino). Na colonoscopia, o equipamento entra pelo ânus, passando pelo reto e cólon, até o íleo terminal (porção final do intestino delgado).
Fazer ou não os exames no mesmo dia?
Ambos exames podem ser feitos no mesmo dia. O preparo é igual ao da colonoscopia. Habitualmente, inicia-se pela endoscopia digestiva alta, seguida da colonoscopia. O interessante é resolver os dois exames em um único ato anestésico, ou seja, o paciente só precisaria ser anestesiado uma vez.
Contudo, a possibilidade de apresentar dor ou desconforto abdominal após os exames é maior, uma vez que são injetados mais gases durante os exames. Exceto por isto, os riscos são os mesmos de submeter-se aos dois exames em dias distintos.
Após os exames
Após o exame a recuperação é rápida e, tão logo o efeito da medicação usada na sedação acabe, a pessoa é liberada, porém deve sair acompanhada e não pode dirigir, uma vez que a capacidade de julgamento é alterada pelos sedativos utilizados.
A dieta, na maioria dos casos, não apresenta restrições, mas deve ser dada preferência por uma dieta branda a fim de evitar queixas gastrointestinais que podem levar a dúvidas quanto a possíveis complicações do exame.