Redatora entusiasta de beleza e nutrição, autora de reportagens sobre alimentação, receitas saudáveis e cuidados pessoais.
iO medicamento obtido exclusivamente de matérias-primas vegetais é um fitoterápico. Ele pode ser simples (quando é proveniente de uma planta) ou composto (de mais de uma planta). Assim como os medicamentos sintéticos, cujas substâncias são produzidas em laboratório, os fitoterápicos também passam por processos farmacêuticos industriais de produção e seguem rigorosos controles de qualidade.
"Assim como todos os medicamentos, os fitoterápicos devem oferecer garantia de qualidade, ter efeitos terapêuticos comprovados, composição padronizada e segurança de uso para a população", esclarece Leonardo Ramos Paes de Lima, doutor em bioquímica agrícola pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e professor de fitoterapia na Faculdade de Medicina do Vale do Aço (Famevaço).
Os medicamentos fitoterápicos também precisam de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que os regulamenta e, além disso, fiscaliza as indústrias farmacêuticas.
Eficaz
A origem natural das substâncias ativas de um fitoterápico não torna sua ação mais rápida ou mais lenta. "A velocidade e intensidade de ação dos medicamentos fitoterápicos dependem de vários fatores como, entre eles, os ativos e suas concentrações, dose, horário de tomada e interação medicamentosa", explica a médica nutróloga Marcella Garcez Duarte, membro da Associação Brasileira de Fitoterapia (Abfit).
A desconfiança de que eles sejam mais lentos, de acordo com ela, vem do "uso histórico e empírico das plantas medicinais pelas populações para o tratamento de suas moléstias". Mas não se aplica à realidade dos medicamentos fitoterápicos atuais.
Sua eficácia também não é maior ou menor que a dos medicamentos sintéticos. "A grande diferença é que os sintéticos apresentam concentrações de princípios ativos normalmente maiores que as dos fitoterápicos. Um é tão eficaz quanto o outro, mas o risco de medicamentos de origem natural terem efeitos adversos diminui muito por causa disso", afirma Leonardo.
Este risco diminui, mas não desaparece, alerta Marcella. "Assim como qualquer medicamento, os de origem vegetal podem apresentar efeitos colaterais, contraindicações e efeitos tóxicos. Portanto, devem ser prescritos pelo médico e utilizados com responsabilidade", diz.
Orientação médica
Leonardo ressalta que os fitoterápicos só devem ser usados com recomendação médica e que o profissional deve ser informado sobre a utilização de qualquer um desses produtos, inclusive as plantas medicinais. "Isso é válido principalmente para quem vai passar por cirurgias, pois as substâncias presentes nos medicamentos ou nas plantas podem interagir com outras que serão usadas nos procedimentos". Esta precaução é válida também para os medicamentos sintéticos.
É bom saber também que alguns medicamentos fitoterápicos só podem ser comprados com receita médica. Todo médico com experiência e conhecimento em medicamentos fitoterápicos pode receitá-los. As orientações de uso devem ser rigorosamente respeitadas.
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"Nunca é demais lembrar que, mesmo sendo naturais, as substâncias ali presentes são também substâncias químicas, só que produzidas pela natureza. Portanto, a ação no organismo é a mesma das produzidas pelo homem", destaca o professor de fitoterapia.
Serve para quais problemas de saúde?
É difícil listar todos os problemas de saúde que podem ser tratados com medicamentos fitoterápicos, pois, como observa Marcella, "estamos falando de milhares de plantas, extratos e substâncias".
Mas Leonardo conta que na oitava edição da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename), do Ministério da Saúde, constam medicamentos fitoterápicos que agem em diversas frentes. Esse documento lista os medicamentos que devem atender às necessidades de saúde da população brasileira.
Lá estão listados medicamentos cicatrizantes, anti-inflamatórios, expectorantes, para obstipação intestinal, coadjuvantes no tratamento de gastrite, para tratamento de dores lombares, de artrite e para tratamento tópico de queimaduras de primeiro e segundo graus, entre muitas outras indicações.