Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Padronizados na dosagem dos princípios ativos, produzidos segundo as boas práticas de fabricação atuais, submetidos a rígido controle de qualidade, registrados e controlados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com indicações terapêuticas e efeitos reconhecidos, os medicamentos fitoterápicos são tão eficientes no combate às doenças que se propõem a tratar quanto seus similares sintéticos.
Eles também são mais gentis com o organismo. "Por serem constituídos de extratos vegetais, os princípios ativos presentes nesses medicamentos estão mais diluídos. Desta forma, riscos de dependência química e de efeitos colaterais são diminuídos", explica Melissa Schwanz, doutora em ciências farmacêuticas (com ênfase em controle e produção de produtos naturais e fitoterápicos) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Tais características têm atraído cada vez mais um público que quer cuidar da saúde de forma menos agressiva. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a busca por medicamentos fitoterápicos no SUS cresceu 161% entre 2013 e 2015; no mercado, o crescimento nas vendas foi de 8% de 2013 para 2014, segundo números da Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa).
À medida que os estudos sobre fitoterápicos avançam, a quantidade de problemas de saúde que podem ser tratados por eles aumenta. Os fitoterápicos podem ser produzidos pelos laboratórios farmacêuticos em cápsulas, comprimidos, pomadas, géis, xaropes ou chás.
O médico especialista em medicina integrativa Roberto Debski, diretor da Clínica Ser Integral, e a nutricionista Aurea Regina Marins Astulla, membro da Associação Brasileira de Fitoterapia (Abfit), apontam os principais problemas de saúde que os fitoterápicos auxiliam e as plantas de que onde são extraídos os ativos para os tratamentos.
Veja lista com 11 problemas de saúde que podem ser tratados com fitoterápicos:
Ansiedade
A fitoterapia é uma das opções para controlar a ansiedade. Algumas plantas agem como calmantes, ajudando a melhorar esse quadro. Os fitoterápicos mais indicados para tratar a ansiedade são Valeriana (Valeriana officinalis) e Passiflora (Passiflora incarnata).
Contusões
O fitoterápico mais indicado no tratamento de contusões e hematomas é a Arnica (Arnica montana). Esse medicamento, que contribui para o alívio da dor, é mais utilizado nas suas formas tópicas (em gel ou pomada).
Gastrite
O tratamento de gastrite na fitoterapia utiliza a planta medicinal Espinheira Santa (Mayetenus ilicifolia). Além disso, ela também é indicada para má digestão e como coadjuvante no tratamento da úlcera duodenal.
Insônia
Outro problema que a fitoterapia pode ajudar a controlar é a insônia. Assim como no caso da ansiedade, os fitoterápicos mais indicados são Valeriana (Valeriana officinalis) e Passiflora (Passiflora incarnata).
Irritações de pele
O fitoterápico de Camomila (Matricaria recutita), na sua forma tópica, é o mais indicado para controlar irritações da pele. Com ação anti-inflamatória, ajuda a aliviar a vermelhidão.
Má digestão
Problema muito comum, a má digestão causa grande mal-estar. O remédio fitoterápico mais indicado neste caso é a Alcachofra (Cynara scolymus). Ela alivia o desconforto abdominal e controla náuseas e gases.
Prisão de ventre
O tratamento de prisão de ventre ocasional é feito com Sene (Cassia angustifolia). A planta é usada como laxante, mas não deve ser utilizada com frequência.
Tosse
Na fitoterapia, o grande aliado contra a tosse é o Guaco (Mikania glomerata). O medicamento pode ser usado no tratamento de problemas do trato respiratório, como tosse ou rouquidão. Ele possui ação expectorante e broncodilatadora.
Varizes
O tratamento de sintomas de insuficiência venosa, como varizes, sensação de pernas cansadas, inchaço e cãibras pode ser feito com a Castanha da Índia (Aesculus hippocastanum).
Artrite e osteoartrite
Vendido com prescrição médica, o fitoterápico de Unha de Gato (Uncaria tomentosa) é indicado para casos de artrite e osteoartrite. Ele atua com efeito anti-inflamatório.
Dor lombar baixa aguda
A planta medicinal Salgueiro (Salix alba) é usada no tratamento de dores, como a dor lombar baixa aguda, e tem propriedade anti-inflamatória.
Fique atento!
Vale lembrar: para que os efeitos desejados sejam alcançados, é necessário que se utilize o medicamento fitoterápico, e não as plantas in natura.
"Em primeiro lugar, não é possível saber se a erva ou planta utilizada é exatamente a que se pensa ser. Há vários relatos de pessoas que se intoxicaram pelo uso inadequado de plantas que eram parecidas na forma, mas de diferentes espécies e com efeitos tóxicos", alerta Roberto.
Saiba mais: Atitudes que melhoram a sensação de pernas cansadas
Melissa complementa dizendo que "nas plantas, os constituintes químicos podem variar devido a fatores como o tipo de solo, a água e a radiação solar. Os medicamentos de laboratórios reconhecidos são preparados com extratos padronizados das plantas, isto é, preparados de forma que sempre se tenha total conhecimento das substâncias químicas presentes e suas quantidades. Por isso conseguimos prescrevê-los em dosagem adequada".
Para saber exatamente qual medicamento fitoterápico deve ser tomado, o melhor caminho é consultar um médico específico para o problema de saúde e que tenha experiência em fitoterapia. Ele deve, inclusive, ser avisado sobre todos os remédios que tenham sido ou estejam sendo consumidos para o caso, pois "podem ocorrer interações medicamentosas entre fitoterápicos e alopáticos sintéticos", segundo Roberto.
Melissa e Roberto fazem questão de ressaltar que, embora os medicamentos fitoterápicos tenham uma constituição menos agressiva para o organismo, podem levar a efeitos colaterais importantes se consumidos em excesso ou de forma inadequada. E que algumas pessoas podem ter ou estar em condições que não permitam seu uso. A orientação médica é, portanto, necessária.