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Os dentes desempenham diversas funções essenciais para o bom funcionamento do corpo inteiro. Eles são importantes para mastigação, fala, respiração e até para a estética do rosto. Quando um ou mais dentes são perdidos, as próteses dentárias assumem o papel de manter tudo isso funcionando bem.
Uma vez que as pessoas perdem dentes diferentes por diversos motivos, existem também vários tipos de prótese que podem ser indicadas para a realidade de cada paciente.
Conheça os tipos de próteses e os usos mais indicados para cada uma:
Prótese total
A prótese total, que popularmente é conhecida como dentadura, é feita com base na anatomia da boca e do maxilar da pessoa. A peça é encomendada sob medida em um laboratório especializado. Como ela só fica apoiada na mucosa, ou seja, na gengiva, pode ser retirada e recolocada novamente na boca.
"A prótese total é indicada para pacientes totalmente desprovidos de seus dentes naturais. O sucesso deste tratamento está relacionado a quantidade de osso remanescente e da qualidade do tecido mole (gengiva) que reveste esse osso", diz Carlos Henrique M. Boucault (SP-CD-37533), assessor científico da Associação Brasileira de Cirurgiões-Dentistas (ABCD) e especialista em prótese da UnicSul.
A reprodução dos dentes e da gengiva usada neste tipo de prótese é feita com resina, que passa por um processo de pintura para se assemelhar ao máximo com o que seriam os dentes e gengivas naturais deste paciente.
Como desvantagem, o paciente pode encontrar uma perda de osso gradual. "Isso leva a uma dificuldade de estabilização da prótese causando dificuldade e diminuição da eficiência mastigatória", pondera o odontologista Reinaldo Yoshino (SP-CD-73184), Presidente da Câmara Técnica de Prótese Dentária do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
Prótese parcial fixa
A indicação para a prótese parcial fixa dependerá da quantidade de dentes que a pessoa perdeu, do posicionamento e da extensão do chamado espaço protético, ou seja, o local em que um ou mais dentes seriam colocados.
A prótese parcial fixa, normalmente, é indicada quando a pessoa perdeu um ou mais dentes naturais, com um espaço protético não muito grande e que tenha pelo menos dois dentes que podem ser usados como suporte - um posterior e um anterior ao espaço protético.
Essa condição é necessária porque essas próteses "tradicionalmente são apoiadas nos dentes vizinhos, que são desgastados para recebê-las, unindo dois dentes e fazendo com que não seja possível removê-las para escovar, por exemplo", diz Rogério Adib Kairalla (SP-CD-25635), Conselheiro do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
Segundo o especialista, o mais comum é que elas sejam feitas de metal com porcelana e que substituam um, dois ou até seis dentes naturais.
Saiba mais: Prótese dentária fixa: tire suas dúvidas
Muitas vezes a prótese fixa precisa ser feita sob implantes. "Isso ocorre quando o paciente perde um dente e precisa do implante como um pilar para colocação da prótese", explica o odontologista Leonardo Panza (SP-CD-82271), doutor em prótese dental pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista da One Clinic (Campinas-SP).
A desvantagem deste método é justamente a questão da preparação uma vez que, se os dentes remanescentes estiverem íntegros (sem nenhum problema), terão um pouco da sua estrutura comprometida com o desgaste necessário para a colocação da prótese.
Além disso, sua durabilidade depende do paciente. "É necessária criteriosa e eficaz higiene da estrutura de suporte, quer sejam os dentes ou implantes", alerta Yoshino.
Prótese parcial removível
A prótese parcial removível, popularmente conhecida como ponte móvel, é fixada na boca do paciente através de uma espécie de grampo de metal. Ela pode ser removida para uma melhor higienização.
"Elas são indicadas quando há múltiplos espaços desprovidos de dentes naturais na mesma arcada dentária, quando o espaço sem dentes está intercalado com dentes naturais, quando há dente remanescente anterior a este espaço, mas posterior não ou quando o espaço protético é muito extenso, contraindicando a prótese parcial fixa", explica Boucault.
A principal vantagem deste método é a "manutenção e preservação da integridade dos dentes remanescentes, já que necessitamos de um preparo mínimo sobre a superfície destes dentes que estarão vizinhos e servirão de suporte ao dente protético", diz Orlando Magalhães Neto (SP-CD-66038), professor do curso de Especialização em Prótese Dentária da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD) e da Universidade Nove de Julho.
Segundo Magalhães Neto, as próteses parciais removíveis também são uma ferramenta nos casos em que houve perda de um ou mais dentes e a melhor indicação seria a colocação de implantes osseointegrados, mas o paciente não tem condições, seja por causa da sua saúde ou até pela questão financeira, de fazer o procedimento no momento.
Isso porque elas reabilitariam a fonética, a função mastigatória e estética da pessoa, sem comprometer a anatomia dos dentes remanescentes, dando a possibilidade da pessoa se preparar para uma colocação de implantes no futuro.
Como desvantagem dessas próteses, podemos citar o fato de que elas precisam ser removidas para higienização após todas as refeições, como explica Panza.
Implante osseointegrado
Os implantes osseointegrados, ou simplesmente implantes dentários, são os que mais se assemelham aos dentes naturais do paciente. "O implante funciona como uma raiz artificial, e sobre ele confeccionamos uma coroa protética (dente), que vai devolver os padrões estéticos, fonéticos e mastigatórios para este paciente", diz Magalhães Neto.
Os implantes são indicados para pessoas que perderam desde um dente até todos os dentes da boca. Quando usado para fazer a raiz artificial de apenas um dente, ele facilita a higienização e deixa o trabalho mais natural.
"Com a aplicação de quatro ou cinco implantes na mesma mandíbula, podemos confeccionar uma prótese total fixa parafusada sobre estes implantes, possibilitando uma melhor retenção e estabilidade em relação a uma prótese dental convencional", diz o especialista.
Os implantes dentários são colocados em duas fases. A primeira é cirúrgica, em que os implantes, que nada mais são do que parafusos de titânio, são presos ao osso da mandíbula do paciente que está anestesiado. Depois disso, as próteses, que foram confeccionadas com resina acrílica em laboratório, são cimentadas sobre a estrutura de metal no consultório do dentista.
Os implantes podem ser contraindicados em casos de pessoas com doenças sistêmicas, dependendo do estado da enfermidade no momento. É o caso, por exemplo, "de pessoas com osteoporose, dependendo do grau e das medicações que está utilizando, pois algumas inviabilizam a colocação de implantes", diz Kairalla.
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Outro exemplo são pessoas com diabetes, que podem colocar implantes desde que passem por uma avaliação médica, estejam medicados e num estado compensatório da doença.
Além disso, como o procedimento envolve uma preparação diferenciada, ele é mais caro que os demais tratamentos.
Próteses flexíveis
Ainda em estudo, essas próteses são feitas de poliamida e polipropileno. "São feitas com metal na parte interna, para conferir maior resistência e estabilidade às peças. A parte externa do grampo, que ficaria aparente nos dentes, faz-se com resina flexível, eliminando o metal nessa situação", descreve Panza.
No entanto, elas ainda não são largamente utilizadas, até devido a alguns problemas do material. "As resinas são termossensíveis, ou seja, são mais sensíveis ao calor", explica Yoshino.
* A repórter Nathalie Ayres colaborou nessa reportagem.