Graduado em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1982), com residência médica em Cirurgia Geral n...
iA ejaculação retrógrada (ejaculação que ocorre para dentro da bexiga) e anejaculação, ausência de ejaculação através da uretra.
A falha de emissão é caracterizada por ausência do sêmen e pode ocorrer infertilidade. A pesquisa de espermatozoides na urina após o orgasmo confirma o diagnóstico clínico.
Fases da ejaculação
Fisiologicamente, a ejaculação pode ser dividida em duas fases, a emissão e expulsão do sêmen. A emissão é provocada pela contração dos músculos no sistema genital, iniciando nas cápsulas dos testículos, epidídimos, na vesícula seminal, na próstata e nos ductos deferentes.
Estes últimos se contraem como uma unidade por toda sua extensão, enquanto que as vesículas seminais se contraem em movimentos peristálticos (em ondas), liberando e conduzindo os fluidos ejaculatórios até a uretra prostática. Toda esta etapa do processo é involuntária, sob o comando do sistema nervoso autônomo simpático.
O primeiro jato ejaculado é rico nos espermatozoides, correspondendo a menos de 1% do total do volume ejaculado. Todas estas glândulas eliminam as secreções que compõem o sêmen.
A expulsão do sêmen ocorre também sob influência do sistema somático por meio de arco reflexo neurológico a nível medular. A contração do esfíncter interno (musculatura lisa que ocupa a uretra prostática) impede a entrada de sêmen na bexiga. Durante o orgasmo, os músculos da região pélvica, o bulbo cavernosa e bulbo-esponjoso se contraem de forma rítmica e involuntária.
O esfíncter externo (musculatura estriada localizada abaixo da próstata) abre e fecha de forma coordenada com as contrações, o que faz com que o sêmen ganhe propulsão através da uretra, liberando-o.
Como acontece a ejaculação retrógrada
A ejaculação retrógrada ocorre quando o homem chega ao orgasmo e relata que não eliminou o sêmen pelo meato uretral pelas contrações uretrais intermitentes.
O mecanismo da ejaculação é integrado por terminações nervosas do sistema motor e sensitivo, assim como pelo sistema autônomo simpático e parassimpático (sem que se possa controlar pela vontade). Portanto é um mecanismo altamente complexo.
As secreções ejaculadas que formam o sêmen provém da glândula prostática (25-30% do volume ejaculado), das vesículas seminais (65-75%), epidídimo e dos ductos deferentes (5-10%, que contém os espermatozoides) e glândulas bulbouretrais (1-2%). Estas últimas estruturas transportam os espermatozoides produzidos nos testículos e maturados nos epidídimos, localizados na bolsa testicular.
Quando se ejacula, ocorre fechamento da uretra prostática na transição para a bexiga, local chamado de colo vesical. Portanto, toda secreção que chega na uretra prostática é eliminada pelas contrações uretrais, que se iniciam no colo vesical e vão em direção a uretra distal durante o orgasmo.
Causas da ejaculação retrógrada
As causas da ejaculação retrógrada e da anejaculação são divididas em quatro grandes grupos: neurogênicas, farmacológicas, uretral e incompetência do colo vesical. As causas mais comuns são:
- lesão da medula espinhal
- esclerose múltipla
- neuropatia autônoma (diabetes melitus)
- linfadenectomia retroperitoneal (cirurgia que pode ser usada no tratamento do paciente portador de câncer de testículo)
- simpatectomia e cirurgia aorto-ilícas
- cirurgia colo-anal, doença de Parkinson
- uso de drogas simpaticomiméticas
- antidepressivos e antipsicotrópicos
- álcool
- estenose uretral
- hiperplasia veru-montano
- ressecção do colo vesical (em cirurgia para desobstrução da próstata)
- prostatectomia.
Sintomas da ejaculação retrógrada
A primeira consulta que desvenda as queixas clínicas pode ser a pista para o diagnóstico. Sinais e sintomas de hipogonadismo (baixa de testosterona), identificados por sintomas sistêmicos, como cansaço, pensamento lento, desânimo, piora do rendimento erétil, perda da libido e disfunção eréctil, diabetes, doenças psiquiátricas (como depressão), e doença neurológica (alterações sensoriais do intestino ou disfunção da bexiga) pode ajudar no diagnóstico de disfunção ejaculatória. Vários medicamentos usados para tratamento de doenças comuns e principalmente as de causas neurológicas podem interferir com a ejaculação.
Existem vários distúrbios fisiopatológicos que merecem diferentes avaliações para o seu diagnóstico e tratamento neste amplo espectro de doenças, que causam esta perturbação dos mecanismos neurais relacionados a fisiologia da ejaculação.
Riscos da ejaculação retrógrada
A fertilidade é dependente da presença dos espermatozoides e se eles estiverem sendo produzidos e eliminados, existem soluções não fisiológicas que podem resolver o problema da infertilidade. Existem situações que com a ajuda laboratorial pode-se colher o sêmen e realizar uma fertilização assistida.
A presença do sêmen na urina não acarreta nenhum problema clínico, entretanto a acidez da urina pode causar dano funcional aos espermatozoides. A alcalinização da urinária pode melhorar a qualidade dos espermatozoides para sua coleta.
Tratamento para ejaculação retrógrada
O tratamento medicamentoso é a base do tratamento, embora apenas uma minoria responda. Para os homens que não são respondedores, há uma variedade de técnicas de recuperação de esperma para ajudar as suas capacidades reprodutivas.