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Você já sentiu dores nas solas dos pés pela manhã? Essa é uma das queixas mais comuns, que leva muitas pessoas aos consultórios médicos em busca de ajuda. Existem quadros em que a pessoa não consegue nem encostar o pé no chão, tamanho é o incômodo. Mas como surge esse problema? Como tratá-lo?
A principal causa desse tipo de dor é o uso de calçados inadequados, sendo essa uma das razões que faz a dor ser mais recorrente entre as mulheres. "Salto muito alto e sapatos rasteiros, muito moles, são os que mais causam dores. O rasteiro leva a dor na parte da sola do pé perto do calcanhar. Já o salto muito alto desenvolve a dor na parte da frente do pé", conta o ortopedista Marco Antonio Ambrosio, do Hospital Samaritano de São Paulo.
Os dois tipos da dor na sola dos pés são chamados de talalgia e metatarsalgia. Entenda quais são as características nos dois problemas:
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Talalgia
A talalgia é uma das dores nos pés localizada na parte detrás da planta. "Na maioria das vezes, as talalgias estão relacionadas à fascite plantar, uma inflamação na estrutura do pé chamada fáscia plantar, que nasce na ponta do calcâneo e vai até a região perto dos dedos", conta Marco.
A fáscia ganha um quadro de inflamação por sobrecarga e, com o passar do tempo, pode formar até um esporão do calcâneo. "Muitos acham que o esporão é o problema, mas na verdade é a fáscia que está inflamada", ressalta Ambrosio.
Metatarsalgia
"A metatarsalgia é um quadro de dor que surge geralmente na sola do pé, localizado na região abaixo dos ossos do metatarso, a parte média-anterior do pé. O local mais comum é abaixo da cabeça dos metatarsos, próximos aos dedos, área que sofre bastante carga", conta o fisioterapeuta Marcel Tomonori Sera, da Clínica Reactive.
Mais de um tratamento pode ser aplicado, dependendo do nível de dor e de inflamação do paciente. Assim, o médico pode optar por receitar medicamentos em conjunto com a fisioterapia, além do uso de palmilhas e alterações de calçados.
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Medidas para evitar esses problemas
Faça o teste: pegue um sapato seu, segure com as duas mãos, uma em cada ponta, e tente dobrá-lo. Se conseguir, significa que ele não está adequado para uso. "O que as pessoas fazem geralmente é o contrário, buscam o sapato mais mole, sendo que o mais indicado é o rígido. Pode até ter uma estrutura acolchoada na planta, mas precisa ser rígido", conta Ambrosio.
Também vale usar calçados com um pequeno salto, entre 3 e 4 cm de altura no máximo, e que tenham algum tipo de amortecimento. "É importante ficar atento a procedência do calçado. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), por exemplo, tem um guia de normas de conforto para os calçados, que devem ser seguidas pelos fabricantes para garantir um sapato de qualidade e que não prejudique a saúde", destaca o ortopedista Rogério Vidal de Lima.
Como amenizar a dor
O mais importante quando a dor aparecer é retirar a carga dos pés, ou seja, ficar o máximo que conseguir sem pisar no chão. Dependendo da gravidade do caso, o médico pode até recomendar que a pessoa fique dias sem apoiar os pés no chão. O ortopedista Marco Antonio Ambrosio recomenda o uso de gelo na região que dói, três vezes ao dia, por 20 minutos cada, e alongamento dos pés, esticando e puxando os dedos para trás.
"Algumas medidas de fisioterapia para alongar as estruturas da planta do pé, gerando menor tração na região do calcanhar, ajudam muito. Imagine um elástico tensionado e, com o alongamento, é como se você conseguisse afrouxá-lo", explica ele. Além disso, Marco destaca que os pacientes sentem uma diferença significativa logo que fazem a substituição do calçado inadequado.
Faço atividades físicas, e agora?
É importante parar por algum tempo e consultar um médico sobre o melhor tratamento. "Ao usar demais o pé, pode ocorrer a fratura por estresse. Esse problema é diagnosticado com exames de imagem", conta Marco. Diferentemente das fraturas comuns, essa lesão é "silenciosa", vai ocorrendo aos poucos, e surge a partir do exagero repentino da carga de exercícios.
"Além disso, os pacientes tendem a pausar o esporte que realizam, observam a melhora da dor e acreditam que o problema foi resolvido, o que nem sempre é verdade. Por isso, o ideal é investigar o que causa o desconforto na sola dos pés com um especialista", finaliza Rogério.