Graduado em medicina pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), com residência médica em Genética Médica pelo Hos...
iNestes tempos em que a infecção causada pelo Zika vírus assusta a sociedade brasileira, especialmente aqueles casais que pretendem engravidar, o teste PCR é a técnica de detecção do vírus mais recomendada, devido à precisão do resultado (99,99% de acerto) e especialmente por conta da rapidez com que podemos obter o resultado. Mas você sabe o que é este exame?
Histórico do teste PCR
PCR é uma sigla inglesa para Polymerase Chain Reaction, ou "Reação em Cadeia da Polimerase". Ele é uma das primeiras grandes conquistas da genética moderna e já rendeu o prêmio Nobel de Química ao seu desenvolvedor, Kary Mullis. O processo PCR foi inventado por Mullis em 1983 e é saudado como uma das mais monumentais técnicas científicas do século XX.
O PCR é um divisor de águas no mundo da genética. Antes do seu desenvolvimento, era muito difícil e demorado o processo de amplificar e criar cópias de fragmentos de DNA para serem analisadas. O que a Reação em Cadeia da Polimerase faz é permitir a criação de várias cópias de um determinado segmento de DNA. E faz isso com rapidez e precisão.
A técnica PCR é utilizada em diversas áreas da Genética: em todas as análises e procedimentos biomoleculares, na pesquisa forense, na agricultura. Na área médica, o PCR é atualmente utilizado para fazer a clonagem de genes, testes de paternidade, sexagem fetal, identificação de organismos que causam infecções (vírus, bactérias, fungos) e na identificação de doenças genéticas e hereditárias, entre outras várias aplicações.
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PCR na detecção de doenças como o Zika vírus
Na detecção dos organismos agentes de doenças infecciosas, a técnica de PCR é especialmente indicada por ser um método direto e altamente sensível, além de rápido. O PCR é capaz de identificar o organismo causador da infecção (bactéria, fungo, vírus) com precisão, fornecendo informações acuradas sobre o tipo, a quantidade e a presença do patógeno na célula analisada.
Um grupo de cientistas brasileiros e estrangeiros está se dedicando, no momento, ao mapeamento do genoma do Zika vírus encontrado no Brasil. O Zika vírus é encontrado em outras partes do mundo, e a espécie brasileira é bastante similar à encontrada na Ásia. A compreensão de toda a estrutura genética da espécie brasileira e a comparação com outras espécies, como a asiática, é fundamental para ter um diagnóstico preciso e para levar à produção de uma vacina específica. Esta seria a melhor forma de tratamento para o combate a essa terrível doença.
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Como o PCR para Zika vírus é feito?
Como teste genético para diagnosticar a infecção pelo Zika vírus, é melhor que o PCR seja realizado aos primeiros sinais de infecção. É de suma importância para o paciente, especialmente se for uma mulher grávida, que haja o diagnóstico diferencial da virose, pois outras infecções por vírus - cujos sintomas se assemelham - não afetam o bebê, como é o caso do Zika.
O problema é que após cinco ou mais dias do início dos sintomas, o corpo começa a produzir anticorpos que aderem ao vírus para combatê-lo e aí não é mais possível encontrar o seu material genético. Assim, fica muito difícil detectar e analisar o vírus no sangue.
No entanto, em outros meios de cultura, como o sêmen, é possível detectar o vírus e analisá-lo geneticamente. Está comprovado que o Zika vírus pode permanecer ativo no sêmen humano por mais de 60 dias. Casais cujo parceiro tenha tido a virose, ou suspeita de virose, nos últimos meses, devem procurar um laboratório de genética para verificar se ele ainda tem o vírus em seu organismo.
A técnica de PCR, de per si, não é cara, mas o procedimento depende de equipamentos de alto custo, o que acaba por tornar o exame mais caro. No entanto, o mundo da genética progride a passos largos em termos de tecnologia cada vez mais rápida, precisa e simplificada. Há pouco mais de 10 anos, o custo de um mapeamento genético era de milhares de dólares, hoje está abaixo de um mil dólares. Ou seja, a macro e rápida tendência mundial é termos um barateamento dos custos genômicos com tecnologia, o que deverá afetar felizmente o preço dos testes genéticos, inclusive o PCR.