Graduada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Possui especialização em Pediatria e Pneumologia...
iA alergia é uma reação exagerada do sistema imunológico em relação a certas substâncias da natureza, que são chamadas de alérgenos. Essas reações são provocadas por substâncias habitualmente inofensivas para a maioria das pessoas.
A alergia respiratória envolve as vias aéreas superiores provocando rinite alérgica, e as vias aéreas inferiores desencadeando asma.
Acredita-se que vários fatores ambientais influenciam o desenvolvimento dessas doenças respiratórias em indivíduos geneticamente suscetíveis.
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Principais causas das alergias respiratórias
Os agentes que causam esse tipo de alergia são antígenos inalantes em suspensão no ar que penetram no organismo através das vias aéreas:
- Ácaros da poeira doméstica
- Fungos
- Baratas
- Epitélios de animais
- Polens.
Os ácaros são os principais responsáveis (dentre este grupo) pelo sintoma de alergia respiratória. São seres não visíveis a olho nu e suas fezes representam o maior grau de alergenicidade do ácaro, alimentam-se de pele descamada, de fungos e de outras substâncias ricas em proteína. Desenvolvem-se em locais com muito pó, com temperatura entre 18 a 26 graus, pouca luminosidade e umidade maior que 50%. São encontrados em colchões, travesseiros, tapetes, carpetes, brinquedos de pelúcia, etc.
Os fungos são encontrados em suspensão no ar e em ambientes fechados como sótãos, porões, armários, malas, podendo aparecer também em banheiros, cozinhas, nos rejuntes de azulejos, em umidificadores e em locais quentes e mal ventilados. São seres que gostam muito de umidade e por isso abundantes em regiões próximas ao mar. Locais com umidade elevada e poeira podem ser uma ótima oportunidade para instalação de fungos, por isso podem estar presentes também em ar condicionados sem manutenção, colchões e travesseiros.
A alergia a animais prevalece em cachorros e gatos, porém ao contrário do que pensam, os pêlos não são considerados os mais alergênicos, as proteínas da saliva e urina ligadas ao pêlo são os alérgenos mais importantes, assim como o epitélio descamado, que são as caspas. Os antígenos podem ser carregados nas roupas para as escolas, escritórios, automóveis, locais onde o animal nunca apareceu.
A barata doméstica foi identificada como um importante aeroalérgeno em locais de clima tempera-do ou tropical principalmente em áreas urbanas. A sensibilização a barata é mais frequente em residências de famílias com baixo poder aquisitivo e com grande infestação. As frações que provocam alergia são: as fezes, saliva, descamação e secreção.
Os polens são grãos microscópicos destinados à fecundação das plantas. Determinadas espécies são levadas pelo ar numa época determinada chamada de período de polinização. Os grãos de polens das plantas produzem alergia respiratória por inalação. A doença polínica é mais frequente nas regiões da Europa, Argentina e Estados Unidos. No Brasil pode ser encontrada essa alergia nos estados da região sul.
Fatores que desencadeiam ou agravam alergias respiratórias
Outros fatores podem desencadear ou agravar a rinite alérgica ou asma.
- Mudanças climáticas
- Infecção de vias aéreas superiores principalmente desencadeadas por vírus
- Inalação de irritantes inespecíficos (odores fortes, de perfumes, produtos de limpeza, gás de cozinha, fumaça de cigarro (destaca-se o tabagismo passivo onde a população infantil pode inalar partículas do cigarro), poluentes ambientais, inalação de ar frio e seco
- Medicamentos como anti-inflamatórios não hormonais
- Estresse e exercício físico podem desencadear crises de asma.
Como reconhecer uma alergia respiratória?
Os principais sintomas relacionados à rinite alérgica compreendem:
- Obstrução nasal (entupimento nasal) de uma ou duas narinas
- Espirros
- Coceira nasal, acometendo também ouvidos, olhos, palato, faringe, podendo apresentar inclusive um pigarro
- Coriza, anterior ou posterior geralmente é transparente, podendo apresentar uma secreção pós-nasal, com limpeza constante da faringe
- Coceira, lacrimejamento e vermelhidão da conjuntiva dos olhos podem estar associados à rinite alérgica, caracterizando a conjuntivite alérgica
- Dificuldade para ouvir transitória (sensação de ouvido tapado)
- Cefaleia, tosse, halitose, astenia, sonolência, irritabilidade, perda de apetite, dificuldade para dormir e para se concentrar em atividades escolares ou no trabalho.
Os principais sintomas relacionados a asma compreendem:
- Tosse (pode ser o único sintoma)
- Falta de ar
- Chiado no peito
- Aperto no peito.
Estes sintomas podem apresentar-se associados ou isolados, em crises, mas é possível que o indivíduo apresente sintomas contínuos.
Tratamentos mais comuns das alergias respiratórias
O tratamento em relação à rinite alérgica e asma é muito abrangente. Inicialmente é importante que o paciente saiba que tratam-se de doenças crônicas, onde as medicações resolverão as crises e poderão prevenir novas, portanto trata-se de um acompanhamento a longo prazo. É importante tentar identificar os fatores desencadeantes através da detecção da IgE específica no sangue para alérgenos ou através do teste cutâneo para inalantes. Através deste procedimento é possível realizar uma orientação ambiental e caso o paciente tenha indicação, existe a possibilidade de realizar um tratamento com imunoterapia (vacinas) injetável ou sub-lingual por um período de 3 a 5 anos.
Em relação a tratamento medicamentoso há uma variedade de drogas que podem ser utilizadas como: para rinite alérgica para crises - anti-histamínicos orais ou descongestionantes orais associados a anti-histamínicos orais ou descongestionantes tópicos (devem ser utilizados por um curto período). Para tratamento preventivo: anti-leucotrienos e/ou corticosteróides tópicos nasais ou corticosteróides tópicos nasais associados a anti-histamínico tópico nasal.
Em relação à asma pode-se utilizar nas crises broncodilatadores orais ou inalatórios (sob a forma de nebulização ou utilizando sprays com ou sem o uso de espaçadores com ou sem máscara) e/ou corticosteróides orais(em casos mais graves intra-venosos). Nos tratamentos preventivos podem ser utilizados anti-leucotrienos e/ou corticosteróides inalatórios ou corticosteróides associados a broncodilatadores de longa duração inalatórios.
Para minimizar e evitar as crises de asma e rinite alérgica o paciente deve procurar um especialista alergista/pneumologista, investigar os fatores desencadeantes, estabelecer um plano de ação para crises e um tratamento preventivo com medicamentos para evitá-las. A orientação ambiental é válida para os alérgenos positivos. A asma e a rinite alérgica são doenças concomitantes em uma grande parcela de pacientes e devem ser tratadas simultaneamente. O abandono do tratamento é muito comum quando o paciente estabiliza, por isso é importante conhecer essas doenças e seguir as orientações do especialista.