Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (2004). Concluiu no ano de 2008 a Residência em Clínica...
iO tecido adiposo, nosso armazenador de gordura, tem se mostrado uma nova fronteira de descobertas nos últimos anos. Uma delas como ele pode avisar nosso cérebro sobre a hora de comer ou não.
As células armazenadoras de gordura (os adipócitos) produzem uma série de hormônios que vão indicar ao cérebro se as reservas de gordura estão cheias ou vazias. E isso é muito importante, pois desde a época das cavernas fazia toda a diferença saber armazenar melhor a energia consumida. Humanos que tinham o organismo mais poupador sobreviviam melhor do que os que não tinham.
Papel da leptina na saciedade
E com esse papel de avisar ao cérebro sobre a quantidade de gordura dentro dos adipócitos temos um hormônio fundamental: a Leptina.
A leptina indica a quantidade de gordura disponível em estoque no organismo, justamente porque é produzida pelas próprias células de gordura. Mas, o que sabemos também é que, quanto mais peso a pessoa ganha, mais Leptina suas células de gordura liberam.
Produção de leptina
Várias pesquisas têm se debruçado a cada dia para entender melhor as funções da Leptina nesse complexo sistema de controle do peso. Sabe-se, por exemplo, que quem dorme pouco tem menor produção de Leptina e portanto, poderia ter mais fome e mais chance de beliscar durante a noite. Sabe-se também que mulheres produzem mais Leptina, mas que em dietas com grande quantidade de gordura são capazes ter sua produção de leptina reduzida.
Todas essas pesquisas buscam um direcionamento para tentar explicar se mudanças na quantidade de Leptina no organismo poderiam levar à alterações no padrão de peso.
Relação com a obesidade
Em tese o cérebro deveria entender esta informação indicando saciedade, porém os estudos demonstraram que nos pacientes obesos há um estado de resistência à leptina, semelhante ao que acontece na resistência à insulina.
Explicando melhor, como apesar de ter muita leptina circulando no organismo, ela não age direito no seu receptor, tornando a pessoa resistente à presença da Leptina.
Benefícios da leptina
Existem pesquisas realizadas com o uso de Leptina recombinante para o tratamento da obesidade, ou seja, uma forma sintética de Leptina que poderia ser efetiva na perda de peso. No entanto, a dificuldade é separar os pacientes que se beneficiaram daqueles que não, devido ao estado de resistência à Leptina.
Em estudos, a Leptina também tem demonstrado ter outras funções, como a de agir no aumento da aterosclerose, mas também como regulador do ciclo menstrual. Aqui cabe uma análise interessante, pois sabemos que a primeira menstruação nas meninas acontece quando geralmente elas atingem um peso e uma quantidade de gordura corporal adequadas para permitir que o eixo reprodutivo funcione. Nesse contexto a Leptina seria uma sinalizadora para o cérebro da quantidade de gordura disponível no corpo.
Enfim... as pesquisas não param. Tanto para a Leptina como para estudar os diversos hormônios que atuam na regulação da fome e saciedade. Entender como se processa esse complexo sistema que nos faz ganhar ou perder peso é o objetivo de diversas áreas do conhecimento nos dias atuais. Esperamos que novas portas de tratamento se abram em breve.