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Você já pensou sobre a aparência da sua vagina em um nível além da depilação? Se sim, saiba que não está sozinha: muitas mulheres não só pensam no assunto, como também estão buscando formas de reparar alguns incômodos na área íntima. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, em 2016, 25.031 mulheres realizaram a famosa cirurgia plástica vaginal. Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) o Brasil é líder nessa cirurgia, realizando quase o dobro de procedimentos do que os Estados Unidos, país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo.
Os procedimentos mais buscados nas clínicas de cirurgia plástica são a lipoaspiração do monte de vênus e a ninfoplastia, ou seja, redução dos pequenos lábios. Além disso, já existem também algumas formas menos invasivas de "mudar o visual" dessa região. Recentemente, uma marca da Escandinávia criou um iluminador, como aqueles que você usa na maquiagem, só que para a vagina. Também já é possível encontrar o glitter em cápsulas para ser usado na vagina: durante o sexo ele estoura e espalha um líquido com as partículas brilhantes (e sabor de bala, dizem os fabricantes) pela área íntima.
Aqui no Brasil, um tratamento estético que tem se popularizado entre as mulheres é o peeling de clareamento da área íntima. Esse procedimento, que pode ser feito na virilha, na parte externa dos grandes lábios e no monte de vênus, é buscado por mulheres que querem um aspecto mais homogêneo na pele dessa região. "Todas querem deixar com aspecto de 'mulher mais nova'", conta a dermatologista Livia Pino, que realiza esse tratamento no Rio de Janeiro.
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Porém, muitas vezes a expectativa da mulher está desalinhada com as suas características naturais. "Antes de realizar qualquer procedimento estético, ter uma conversa com o paciente é fundamental para entende-lo. Uma das contraindicações relativas de procedimentos estéticos é a expectativa fora da realidade", destaca Livia.
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Padrão de beleza da vagina
Os profissionais que realizam os mais diversos tratamentos estéticos na área íntima sempre acabam encontrando um tipo de paciente em comum: aquela mulher que busca um padrão ou uma aparência específica. "A mulher geralmente quer um padrão X ou Y e você acaba demorando um tempo a mais para faze-la entender que seu corpo tem um desenho e uma história próprios, que devem ser respeitados", ressalta a cirurgiã plástica Ivanoska Filgueira.
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Em geral, as principais indicações de cirurgia, de acordo com a ginecologista Dra Milca Chade, são: "Para correção da hipertrofia dos lábios vaginais (lábios vaginais grandes), que podem causar corrimento e também desconforto na relação; atrofia vaginal ('secura da menopausa'), que pode alterar a qualidade de vida da mulher e também causar dificuldade na relação sexual por falta de lubrificação; correção de cicatriz, um fator que pode causar dor, desconforto na relação sexual e prejudicar a autoestima da mulher; e o HPV, que pode ser tratado com o uso do laser vaginal".
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Quando não existe um problema desse tipo, que influencie o dia a dia e o bem-estar da mulher, é hora de pensar em outros motivos para o surgimento dessa insatisfação. "A insegurança leva à baixa autoestima e isso traz uma busca por mudanças que podem nunca trazer uma satisfação real. Esse sentimento pode surgir por diversos fatores, inclusive pelos modelos idealizados de corpos que surgem na mídia, tanto impressa, quanto digital", conta a sexóloga e psicóloga especializada em sexualidade humana Priscila Junqueira.
Essa insatisfação com a área íntima também pode interferir diretamente na sexualidade da mulher, causando preocupação, insegurança e afetando até no seu desejo e desempenho sexual. Priscila completa dizendo que é adequado a busca de ajuda profissional para entender qual o significado dessa cirurgia para a mulher.
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Insegurança com o corpo começa cedo
Em uma reportagem da BBC britânica, foi divulgado que, de acordo com registros do Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido, entre 2015 e 2016, 150 meninas com menos de 15 anos realizaram a cirurgia na área íntima e a mais nova desse grupo tinha apenas nove anos. "Estou vendo meninas novas, de 11, 12 e 13 anos, pensando que algo está errado com sua vulva - que elas têm formato errado, tamanho errado e quase expressando repugnância. Sua percepção é que de que os lábios internos devem ser invisíveis, quase como numa Barbie, mas a realidade é que há uma variação gigante (entre as mulheres). É muito normal que os lábios se sobressaiam", contou a clínica geral britânica Paquita de Zulueta à BBC.
Aqui no Brasil não são divulgados os dados das idades de quem realiza essa cirurgia, mas é possível realizar a partir dos 16 anos. "A adolescência é uma fase de muitas transformações e questionamentos e essas questões podem trazer mais insegurança diante de adolescentes que queiram pertencer a determinado grupo ou até mesmo ser aceitas por futuros parceiros e parceiras", diz a psicóloga. Por isso, antes de qualquer decisão, é primordial consultar um profissional para entender de fato qual a origem desse descontentamento em relação à própria imagem.