Médico especializado em angiologia e cirurgia vascular graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é...
iO tratamento das varizes tem evoluído muito nos últimos anos. O laser é uma tecnologia que agrega valor e é uma nova forma de tratar as varizes. Ele pode atuar no tratamento clínico das varizes mais superficiais ou como método cirúrgico nas veias mais internas, principalmente as safenas. Sua forma de atuação é promovendo uma reação física, térmica, que aquece as varizes causando uma reação inflamatória, a qual acaba por eliminar o vaso doente.
Quando utilizado nas varizes superficiais, sua ação ocorre de fora para dentro, pois ele atravessa a pele e vai agir diretamente na parede do vaso. É usado nas pequenas varizes (chamadas de telangectasias), e varizes maiores (reticulares) e como coadjuvante no tratamento de varizes maiores, no qual associamos ao método de escleroterapia convencional ou escleroterapia em forma de espuma densa.
Quando utilizamos cirurgicamente, introduzimos uma fibra dentro da veia doente e por meio do ultrassom acompanhamos o seu deslocamento até o local que desejamos tratar. Emitimos uma quantidade certa de energia térmica, que vai fazer esta veia fechar.
Tratamento das varizes em membros inferiores
Podemos tratar as varizes superficiais com uma técnica chamada escleroterapia, que elimina as varizes. Esse tratamento pode ser feito com a administração de medicamentos dentro do vaso doente. Isso cria uma reação química, que vai fazer o vaso se inflamar e ser eliminado.
Esses medicamentos podem ser administrados em forma líquida ou espuma densa. Essas variações têm a mesma finalidade: colocar o medicamento adequado no local certo e ter a ação esperada, que é provocar uma reação química com consequente eliminação do vaso doente.
Porém as pessoas são diferentes e têm respostas diferentes ao mesmo estímulo, razão pela qual às vezes no mesmo paciente podemos mudar a forma de tratar de acordo com a resposta obtida.
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Em alguns pacientes já podemos iniciar o tratamento usando laser. Ele produz uma reação física, por meio de calor (térmica), conseguindo provocar uma reação na parede do vaso com a mesma finalidade, eliminar a varizes. É um tratamento que exige resfriamento no local da aplicação, é praticamente indolor nos pequenos vasos e tem a vantagem de não provocar sangramento e nem causar equimoses (roxos) no local tratado.
Podemos usar a associação de técnicas sempre visando ao melhor resultado para cada paciente. A combinação de técnicas é uma forma de agregar valor ao tratamento e melhorar o resultado nos casos em que a resposta ao tratamento instituído não seja satisfatória.
Como funciona o tratamento a laser?
O laser, assim como o tratamento de escleroterapia, é muito bem tolerado e conhecido dos angiologistas e cirurgiões vasculares. No entanto, as indicações variam muito. Em pessoas de pele mais claras e vasos bem finos, o tratamento com laser costuma ter uma resposta muito boa, superior ao convencional. Já em pessoas de pele escura ou bronzeadas as chances de manchar são maiores.
As sessões são realizadas normalmente de mês a mês e o número depende muito da quantidade a ser tratada e da resposta de cada um. Antes do tratamento de escleroterapia convencional não há grandes cuidados a serem tomados, no entanto, se a proposta for iniciar com laser, deve-se evitar bronzeamento da pele.
Para varizes um pouco maiores podemos usar o laser associado com a espuma densa, que com menos medicamento consegue produzir excelentes resultados em veias maiores. Utilizamos muito em varizes recidivadas em quem já operou e em pessoas que por alguma razão não podem ou não querem operar. Podemos ainda usar o laser como coadjuvante no tratamento com escleroterapia convencional.
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Tipos de tratamentos para varizes
Além do tratamento de escleroterapia para varizes, podemos lançar mão do tratamento cirúrgico, que, assim como na escleroterapia, deve ser personalizado para cada paciente. Hoje temos inúmeras técnicas cirúrgicas que incluem a cirurgia convencional, com anestesia de bloqueio ou sedação e anestesia local, na qual fazemos mini-incisões para a retirada das varizes. É uma técnica mundialmente aceita, que tem ótimos resultados e na grande maioria das vezes não há necessidade de pontos. O resultado estético é muito bom, pois as mini-incisões são praticamente imperceptíveis e não há necessidade de o paciente ficar afastado por longos períodos das atividades habituais e esportivas.
A diferença principal é no tratamento da veia safena. No caso da cirurgia convencional, fazemos uma incisão na virilha, na qual acessamos a veia safena e a desligamos no local onde está doente. Introduzimos um aparelho nela até o local onde está doente e este segmento de veia é retirado. No caso do laser introduzimos uma fibra dentro das varizes e acompanhamos com um ultrassom até colocar a fibra no local que desejamos tratar. Depois emitimos energia térmica, que vai queimar a parede da veia que fica no seu local mas sem funcionar. É menos agressivo e envolve menos cortes. A desvantagem para o paciente é que ainda não é coberto pela maioria dos planos de saúde. Então o paciente costuma ter que pagar pelo exame de ultrassom (que é feito durante a cirurgia para se visualizar a fibra do laser na veia e até o momento de sua colocação no local adequado e sua retirada) e pelo custo da fibra.
Além da cirurgia a laser, temos também a possibilidade de usar a radiofrequência, que utiliza os mesmos princípios do laser, mas produz efeito de dano térmico por mecanismo diferente. Podemos complementar no mesmo ato cirúrgico com a injeção de espuma para as veias tributárias ou fazer mini-incisões.
Enfim, temos uma gama enorme de técnicas cirúrgicas que podem ser utilizadas. No entanto, como diz o cirurgião americano Dr. Henry Marsh, "é preciso três meses para aprender a fazer cirurgia, três anos para saber quando é preciso fazê-la e 30 anos para saber quando não se deve fazer uma operação", ou seja, no momento da indicação do tratamento a ser instituído é importante que o angiologista e/ou cirurgião vascular converse com seu paciente e apresente as vantagens e desvantagens de cada técnica, pois desta maneira podemos realizar um tratamento personalizado para cada paciente que atenda às normas técnicas vigentes, as diretrizes de tratamento e principalmente que seja o melhor para cada paciente.
Como todos os tratamentos médicos, existem contraindicações ao laser, comuns a outros tratamentos, entre elas, febre, inchaço, lesões na pele e doenças em geral como crise hipertensiva e insuficiência cardíaca. O paciente deve estar em boas condições de saúde de uma maneira geral. As grávidas não devem fazer, pois devido às alterações hormonais os tratamentos aplicados não serão efetivos. O tratamento a laser pode queimar a pele, dependendo da energia aplicada e da cor da pele. De uma maneira geral, peles de tom escuro ou que estejam bronzeadas podem queimar.
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A técnica de escleroterapia exige muito mais que simplesmente injetar um medicamento ou apontar uma ponteira laser. Exige conhecimento de anatomia, fisiologia, farmacologia, bioquímica, enfim uma formação médica bem-feita e uma especialização adequada para que todos os recursos disponíveis possam ser usados da melhor maneira possível em prol do bem-estar do paciente. Além disso, deve ser realizada em ambiente vistoriado pela vigilância sanitária e preparado para receber e tratar o paciente de forma adequada.
O tratamento de varizes, seja por meio de escleroterapia convencional, laser ou cirurgia convencional, deve ser feito por médico angiologista/cirurgião vascular especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular. Esse profissional está capacitado para oferecer o melhor tratamento para o paciente que lhe confia o que ele tem de mais precioso: sua saúde. Em troca dessa confiança oferecemos um trabalho ético, respeitoso, procurando o melhor tratamento para cada paciente e isso exige conhecimento, dedicação e amor à profissão.