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Chorar faz parte da existência humana. Nós já nascemos chorando e durante nossos primeiros meses de vida essa é a única forma de comunicação. Choramos por felicidade, tristeza, dor, medo, angústia e por diversos outros fatores. Mas afinal, por que o corpo reage a essas emoções chorando?
Embora muitas pessoas acreditem que o choro é apenas uma questão psicológica e emocional, de acordo com oftalmologistas entrevistados, existe sim uma explicação fisiológica para o choro.
E o maior motivo de fazermos isso é justamente proteger os olhos. Sim! Produzimos lágrimas o tempo todo, mas alguns fatores levam os olhos a aumentar a quantidade produzida e liberada.
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"Existem três as causas do aumento da quantidade de lágrimas: o fator emocional (em decorrência do estímulo do hipotálamo), o aumento da produção por um fator irritativo e a dificuldade de drenagem da lágrima, condição conhecida como epífora. Para cada uma dessas situações existe uma causa específica e apropriada forma de investigação, bem como o tratamento vai variar, a depender da causa", comenta Rita de Cássia Lima Obeid, oftalmologista e especialista em Plástica Ocular e Vias Lacrimais do Hospital CEMA (SP).
Olhando de perto a anatomia
Para conhecer um pouco mais sobre esse mecanismo é preciso também entender como funciona a estrutura dos olhos. A órbita é uma cavidade óssea que contém o globo ocular, os músculos, os nervos e os vasos sanguíneos, assim como as estruturas que produzem e drenam as lágrimas.
"A superfície ocular é constituída pela conjuntiva (que recobre o 'branco' do olho) e o epitélio (parte superficial) da córnea (parte transparente do olho que fica na frente da íris e pupila) e são banhados pelo filme lacrimal, que proporciona a lubrificação para o fechamento das pálpebras e também tem funções antibacterianas", afirma a oftalmologista Keila Monteiro de Carvalho ao Minha Vida.
Portanto, podemos dizer que a lágrima é uma película protetora da superfície ocular e é composta por 3 camadas: oleosa, aquosa e mucosa. No entanto, os níveis desses componentes podem variar, como no caso de pacientes com doenças oculares que apresentam uma diminuição ou aumento das camadas.
"A camada oleosa ou lipídica vem das glândulas meibomianas e é muito fina com cerca de 0,1 cm. Sua função é prevenir a evaporação da lágrima e a saída da lágrima pela borda palpebral", indica Keila. Além disso, elas impedem que as gorduras presentes na pele cheguem à superfície ocular, propiciando um meio óptico claro e límpido para que haja boa visão.
De acordo com Rita Obeid, as lágrimas são ricas em água, sais minerais, eletrólitos, proteínas e imunoglobulina, sendo que suas principal função é lubrificar a córnea.
Lágrimas fazem bem para saúde
Segundo a oftalmologista Keila Monteiro, o componente aquoso da lágrima é secretado pelas glândulas lacrimais que ficam na parte superior do olho, por dentro das pálpebras. Essa secreção aquosa contém proteínas como a imunoglobulina A (IgA), latoferritina, proteínaG, prealbumina especifica da lágrima e lisozima, que desempenham papel de proteção imunológica.
Como a lágrima irriga a superfície ocular, acaba fazendo parte do sistema imune de resposta aos antígenos ambientais (toda substância estranha ao organismo que desencadeia a produção de anticorpos). Por isso a sensibilização da conjuntiva aos antígenos ambientais faz parte da resposta alérgica do organismo. Traduzindo, os antígenos do ambiente como a poluição ambiental (ou agentes como pólen) desencadeia um processo de "alergia" e inflamação ocular dando os sintomas de conjuntivites alérgicas e olho seco.
Além disso, a oftalmologista Rita Obeid afirma que o choro é importante para defesa e nutrição, já que impede micro-organismos nocivos de penetrar na superfície corneana, por conter imunoglobulinas, que fazem a defesa contra alguns patógenos.
Um estudo realizado no Centro Médico St. Paul-Ramsey, em Minnesota, nos Estados Unidos, descobriu que chorar contribui para redução de estresse e evita o ganho de peso. Isso ocorre porque as substâncias como prolactina, adrenocorticotrófico, leucina e encefalina (que é um analgésico natural) são produzidas pelo corpo em situações de grande estresse e, durante o choro, as mesmas são eliminadas junto com as lágrimas. Saiba mais sobre a investigação aqui.