Graduada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba em 1980. Especialista em Pediatria pelo Conselho...
iOs primeiros relatos sobre o Autismo são do final do século 19 e início do século 20. Patologia com grande polimorfismo em suas manifestações, não existe uma só forma de confirmar o diagnóstico. Por isso, a observação de critérios clínicos é o mais importante. Três áreas de desenvolvimento chamam particularmente a atenção, tendo de ser avaliadas cuidadosamente:
- a capacidade de comunicação com meio ambiente e a linguagem
- o comportamento frente a situações por vezes corriqueiras do dia a dia
- a capacidade de socialização
Tendo em vista que o diagnóstico baseia-se na observação, o pediatra tem a importante tarefa de identificação precoce já que é o primeiro a ser consultado. Quanto mais precoce o diagnóstico maiores são os resultados benéficos e positivos em seu prognóstico. O conhecimento atual desta doença permite fazer diagnóstico antes dos 36 meses de vida sendo que em 25% dos casos tem sua manifestação no primeiro ano de vida.
Assim, o pediatra experiente usa da máxima "a clínica é soberana". Partindo do pressuposto que o diagnóstico é boa observação, a responsabilidade do pediatra na identificação precoce do autismo fica muito evidente.
Em uma consulta, seja com o pediatra, seja com o homeopata o acompanhante: pai, mãe, avó, babá, são os interlocutores de seus problemas. Contamos então, que esse acompanhante seja bom observador, tentando traduzir fala em diagnóstico.
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O consultório do pediatra ou homeopata dispõe de um espaço com brinquedos, e deixar a criança explorar sem interferir esclarece pontos importantes.
Com a vivência e a prática de atender crianças diariamente nos deparamos com uma criança "diferente das demais".
Temos os extremos da doença: do "autismo clássico" à "Síndrome de Asperger", retratados em vários filmes: Rain Man, Testemunhas do silêncio, Código para o Inferno, O nome dela é Sabine, entre outros. Representam os extremos em que, em geral, no primeiro caso a criança se fecha sobre si mesma, e no segundo temos uma criança com QI muito alto.
Muitos avanços têm sido feitos na área clínica porém os mecanismos moleculares, genéticos e neurobiológicos desse distúrbio permanecem em grande parte desconhecidos. Chegou-se a dizer, por exemplo, que vacinas poderiam causar intoxicação que levaria ao autismo, o que levou a um aumento de 400% nos casos de sarampo na Europa.
O tratamento do autismo
O tratamento é também muito variado na dependência de sintomas apresentados, mas sempre individualizado caso a caso.
O uso de fármacos visa controle de sintomas específicos como a insônia, a hiperatividade, mutilações, agressividade e outros. Os sintomas centrais ainda são uma questão para muita pesquisa.
A individualização é a forma de determinar tanto o diagnóstico como a melhor forma de tratamento.
A abordagem homeopática nos dá a vantagem de conseguirmos "repertorizar", ou seja, traduzir sintomas em linguagem homeopática:
- Hipersensibilidade a texturas
- Sensibilidade a sabores
- Sensitivo, não coloca a mão e não se suja
- Dificuldade de interação social, criança não olha a mãe ao mamar
- Não beija quando solicitado, resistentes ao toque.
- Muito resistentes ao aprendizado e fazem sempre tudo igual
- Não tem noção de perigo: objetos cortantes, chave de casa
- Querem rotina sempre: alimentar, trajetos, mudanças fazem crises pois se desorganizam.
- Estereotipias: flaping, gira em torno de si mesmas
- Raiva e agressividade
- Solidão autística e insistência na mesmice
Ao nos depararmos com um quadro clínico tão polimorfo, separamos os sintomas a tratar. Quanto mais raro e peculiar, mais eficaz será o medicamento. Sintomas comuns como falta de atenção, nos oferecem uma quantidade infinita de medicamentos. Então daí vem a importância da história e coleta de sintomas, ser muito minuciosa.
A Lei da Semelhança, um dos pilares da homeopatia, foi descrita pela primeira vez por Hipócrates, o pai da medicina (460-377 a.C.), como uma observação cuidadosa, seguida de repertorização de sintomas, que deverá levar a grupo de medicamentos homeopáticos, individualizados para cada caso, que usados corretamente diminuem as manifestações da doença.
Não tendo um tratamento específico, devemos lançar mão de todo nosso arsenal: psicanalistas, neurologistas, pediatras, homeopatas, terapeuta ocupacional e todos concordam que o melhor é um tratamento individualizado.
A homeopatia é uma especialidade médica onde tratamos não a doença, mas o indivíduo que adoece como um todo, aguda ou cronicamente.
Considerando a discussão sobre a medicação das crianças autistas, o uso da homeopatia deverá atenuar sintomas e estereotipias, diminuindo a quantidade de fármacos utilizados. Não é um tratamento fácil e nem rápido, mas com certeza já de início temos visíveis melhorias.