Redatora de saúde, família e bem-estar, com foco em comportamento e saúde mental.
Sabe quando o bebê franze a testa e chora de forma aguda e incessante? Esse é um indicativo de que ele pode estar com cólica. Essa condição pode se manifestar por mais de 3 horas por dia, pelo menos 3 vezes por semana, em um período que costuma durar cerca de 3 semanas. Apesar de ser chatinha, ela é benigna na maioria das vezes, portanto você não precisa se preocupar.
De acordo com a neonatologista Monica Vilela Carceles Fráguas, a cólica afeta aproximadamente 20 a 30% dos bebês. Essa manifestação começa a aparecer por volta de 4 a 6 semanas de vida e desaparece entre 3 a 6 meses. A incidência é igual nos dois sexos e pode acontecer independentemente do tipo de alimentação - aleitamento materno ou com fórmula.
É importante lembrar que identificar o choro de cólica logo de cara pode não ser fácil, portanto, quando o bebê começa a chorar, é bom checar como está a fralda, ver se ele mamou, se está com frio, calor ou febre antes de concluir que ele está com cólica.
Saiba mais: Colar de âmbar: o que é, para que serve e riscos para o bebê
Como saber se o bebê está com cólica?
De acordo com Monica, existem alguns fatores que podem ajudar a identificar a cólica no bebê. A cólica começa, na maioria das vezes, no final da tarde e início da noite. Veja algumas características da cólica:
- Faz com que o bebê tenha um choro intenso e sem associação a outros fatores como fralda suja ou fome
- O bebê pode puxar as pernas para cima, cerrar os punhos e mover mais as pernas e os braços
- O bebê pode fechar e abrir os olhos, franzir a testa e até prender a respiração
- Pode haver um aumento da atividade intestinal
- O choro de cólica pode se manifestar quando o bebê está comendo ou dormindo.
O que não são sinais de cólica do bebê
Segundo a American Pregnancy Association, existem alguns indícios que podem ajudar os pais a descartar a possibilidade de o bebê estar com cólica:
- Febre
- Muco com fezes ou sangue
- Vômito
- Diminuição do apetite
- Pele pálida.
Saiba mais: Shantala: o que é e como fazer a massagem em bebês
O que fazer para aliviar a cólica do bebê
Quando o bebê está com cólica é preciso tomar algumas medidas para acalmá-lo. Experimente realizar as recomendações a seguir, uma de cada vez, para não estressar ainda mais o bebê:
- Mantenha a calma, pois a ansiedade dos pais pode ser percebida pelo bebê
- Segure o bebê no colo encostando a barriga dele contra o seu corpo
- Caminhe com ele, a fim de acalmá-lo. Ou leve-o para um ambiente tranquilo
- Caso não dê certo, coloque o bebê virado de barriga para cima e faça movimentos leves do umbigo para baixo, para estimular a liberação dos gases intestinais. Também é possível flexionar as pernas contra o abdome
- Deite-o de bruços e massageie suavemente suas costas, como forma de ajudá-lo a liberar os gases
- Enrole o bebê em um pano aquecido. Essa prática ajuda a resgatar a memória da barriga da mãe, além de ajudar a conter os movimentos de braços e pernas.
A neonatologista diz que cólica do bebê pode durar horas, sendo bastante desgastante não só para ele quanto para a mãe. Por isso é importante não passar por esse momento sem ajuda. Isso porque pode ser necessário contar com o auxílio de outra pessoa para lhe tranquilizar e encorajar, além de ficar um pouco com o bebê nos períodos mais difíceis.
Também é importante descansar nos momentos em que o bebê descansa. Isso lhe ajudará a ter mais energia para cuidar dele quando precisar.
E se a cólica do bebê não passar?
No início do quadro de cólicas é bom que o pediatra examine e veja se não há outra causa para o choro. Se o diagnóstico for de cólicas, o pediatra deve orientar a mãe a identificar alterações que possam indicar algum outro problema. Não é necessário ir ou ligar para o pediatra sempre que surgir a cólica.
Quais são as causas da cólica do bebê?
Imaturidade intestinal: devido ao pouco tempo de vida, o sistema digestivo do bebê é imaturo nos primeiros meses. Sendo assim, durante esse período podem acontecer movimentos intestinais desordenados, ocasionando o desconforto.
Intolerância à proteína do leite ou à lactose: Existem pesquisadores que acreditam que a cólica pode ser resultado de uma alergia à proteína do leite (ou intolerância à lactose) em bebês que se alimentam de fórmula. Mães que amamentam seus bebês precisam tomar cuidado com a alimentação, pois o tipo de nutriente ingerido pode contribuir para o surgimento de cólica no pequeno.
Alguns trabalhos mostram, nos casos de aleitamento materno, uma relação entre ingestão de leite, amendoim, ovos e soja pela mãe e a cólica do lactente. Dietas evitando alimentos causadores de alergias podem ser tentadas.
Não colocar o bebê para arrotar: Depois que o bebê mama, independente de ser leite materno ou fórmula, é importante que ele fique alguns minutos na posição vertical para arrotar. Não colocar o bebê para arrotar faz com que ele não consiga liberar o ar absorvido, o que pode facilitar o aparecimento de cólica.
Mãe fumante: Existem estudos que relacionam que mães que fumaram durante ou após a gestação são mais propensas a terem bebês com cólicas. Não fica claro como a fumaça do cigarro pode estar relacionada com a cólica, mas de qualquer forma, o tabagismo pode provocar diferentes problemas à saúde da mãe e do bebê.
Saiba mais: Fumar durante a gravidez causa alterações no comportamento das crianças
Estresse materno: Alguns estudos sugerem que o estresse materno também está associado às cólicas. Dessa forma, a mãe precisa procurar relaxar e precisa do apoio familiar, pois a rotina com um bebê novo é complicada para a mulher.
Medicamentos para tratar cólica no bebê
De acordo com o pediatra Jorge Hubberman, existem medicamentos capazes de amenizar os efeitos da cólica no bebê. Um deles é a dimeticona. É importante lembrar que esses medicamentos devem ser administrados apenas com recomendação médica.
O uso oral de probióticos também tem sido estudado, de acordo com Monica, e muitas pesquisas mostram alguma melhora com o uso do Lactobacillus reuteri.
Segundo o endocrinologista Filippo Pedrinola, os probióticos são bactérias que produzem efeitos benéficos, usados para prevenir e tratar doenças uma vez que são promotores de crescimento e imunoestimulantes.
Probióticos funcionam para aliviar a cólica do bebê?
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Infantil, na Austrália descobriu que bebês que tomavam o probiótico Lactobacillus reuteri tinham 50% de chance de reduzir a cólica ao longo de um mês. De acordo com a pesquisa, a redução do tempo diário de choro foi de 13 a 15 minutos.
Para a realização do estudo, os pesquisadores analisaram dados de outras pesquisas feitas em países como Itália, Canadá, Polônia e Austrália. No total foi analisado o comportamento de 345 bebês.
De acordo com os pesquisadores, o probiótico tem o potencial de ajudar a diminuir a contrações intestinais.
O probiótico Lactobacillus reuteri está disponível para comercialização no Brasil. No entanto, peça orientação ao seu médico antes de administrá-lo junto ao seu bebê.
Cólicas podem ser indício de outros problemas?
O choro intenso pode ser sinal de algum problema de saúde que pode necessitar de tratamento. Pode indicar, por exemplo, refluxo gastroesofágico, uma hérnia inguinal encarcerada, algum ferimento ou fratura, entre outros. É importante reforçar que nestes outros casos de choro intenso, o bebê apresenta outras manifestações além do choro. O bebê com cólicas do lactente não apresenta nenhuma anormalidade no exame físico.
Existem medicamentos capazes de amenizar as cólicas dos bebês?
Monica explica que os pais e cuidadores precisam aprender a lidar com os episódios de choro. Manter a calma, pois sabemos que o bebê é saudável e que as cólicas melhoram em algumas horas e em 1 a 2 meses, em geral, desaparecem. Acalmar a criança no colo, com carinho e aconchego. Massagens suaves na barriga. O uso oral de probióticos tem sido estudado e muitas pesquisas mostram alguma melhora com o uso do Lactobacillus reuteri.
Chás podem ajudar a amenizar a cólica do bebê?
A Sociedade Brasileira de Pediatria contraindica a oferta de qualquer alimento antes dos seis meses de vida. Os chás, mesmo os que contém pouca ou nenhuma quantidade de cafeína, não são indicados para crianças pequenas. Eles não vão melhorar ou aliviar as cólicas, podem estimular o desmame ou mesmo levar a diminuição de absorção de nutrientes.
Funchicória ajuda a aliviar a cólica no bebê?
A funchecória é um medicamento fitoterápico que prometia dar fim às cólicas nos bebês. Ela é composta por folhas de chicória, raiz de ruibarbo e flores de funcho. A fórmula havia sido proibida pela Anvisa no ano de 2012 e voltou a ser liberada em 2013.
De acordo com o órgão oficial, o problema do medicamento era não haver garantia do fabricante de que a quantidade do ativo em todos os produtos em pó era igual. Ainda assim, alguns especialistas ainda têm o pé atrás com o medicamento. "Além dos extratos de plantas, a funchicória possui sacarina, um adoçante muito usado por adultos com diabetes e que pode ter efeitos graves nos bebês", afirma o pediatra.
Saiba mais: Veja como aliviar a cólica sem precisar de funchicória
De acordo com ele, nenhum estudo conseguiu comprovar o benefício da funchicória no combate à cólica, mas existem várias pesquisas identificando os efeitos nocivos da sacarina, principalmente no desenvolvimento de câncer. "A ação calmante da funchicória tem relação com a sacarina, que estimula a liberação do neurotransmissor serotonina (gatilho natural de bem-estar)".
Como prevenir as cólicas no bebê
As cólicas são manifestações benignas do organismo e podem acontecer com qualquer bebê. No entanto, existem algumas medidas que podem ajudar a prevenir a cólica no bebê:
Prestar atenção à dieta da mãe: Caso o bebê seja amamentado, é importante que a mãe converse com o pediatra para ver se a sua dieta está contribuindo com os episódios de cólica no bebê. geralmente alimentos como chocolate, carnes vermelhas e alguns vegetais, entre eles brócolis e repolho, podem provocar o incômodo no bebê.
Ajustar a pega do bebê no seio: Crianças que são amamentadas podem engolir ar durante a mamada - e, caso não sejam colocadas para arrotar, haverá a formação de gases intestinais e consequentemente cólica. Se você amamenta, certifique-se de que a pega está correta. Dessa forma, é possível reduzir os episódios de cólica. Vale lembrar que crianças que são alimentadas por fórmula também engolem ar no momento que estão mamando.
Coloque o bebê para arrotar depois de mamar: Independente de o bebê mamar no seio ou na mamadeira ele precisa ser colocado para arrotar depois que se alimenta. Esse hábito pode contribuir para que ele coloque o ar para fora e não haja formação de gases intestinais.