Com experiência na cobertura de saúde, especializou-se no segmento de família, com foco em gravidez e maternidade.
Quando uma pessoa famosa fica grávida, os holofotes se voltam para o bebê antes mesmo de ele nascer. Situação como essa é o que vem acontecendo com a apresentadora Sabrina Sato, com 5 meses de gestação, e a life coach Mayra Cardi, que chegou aos 7. Há algumas semanas, os internautas questionavam Mayra por sua barriga não estar tão grande quanto à de Sabrina. De acordo com Mayra a alimentação saudável é responsável por uma barriga menor e, segundo ela, do tamanho adequado.
Diante desta situação a dúvida que fica é: existe um tamanho correto para a barriga da gestante?
A barriga vai crescendo com o crescimento não só do bebê, mas também da placenta, explica Maria Fernanda Barca, doutora em Endocrinologia da FMUSP, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e da Sociedade Europeia de Endocrinologia.
Portanto, a barriga de uma grávida não tem um tamanho ideal. "O que importa é o tamanho do útero, e o crescimento da barriga é a consequência do crescimento uterino", explica Paulo Sellani, Obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, Unidade São Caetano.
Eduardo Sertã, ginecologista do Hospital Caxias D?Or, explica que o tamanho do fundo uterino é medido nas consultas de pré-natal. A partir da 20ª semana, a grosso modo, as semanas de gestação correspondem aos centímetros na medição da altura do fundo uterino. Por exemplo, com 23 semanas, essa altura deve ser de 23 centímetros, segundo ele. O fundo uterino é a parte oposta ao colo do útero, de onde o bebê sai.
Tamanho da barriga
Essa medição, no entanto, não diz respeito ao tamanho da barriga da grávida. A barriga de quem está grávida é influenciada por diversos fatores, que muda em cada mulher. Por isso, comparar mulheres com o mesmo número de semanas não é adequado. "Isso acontece porque a readequação dos órgãos é diferente para cada paciente e depende da distensão das alças intestinais, da quantidade de gordura visceral e muito mais", explica Renata de Camargo Menezes, Ginecologista, Obstetra e Especialista em Reprodução Humana.
Além do modo como os órgãos se adequam ao útero crescendo, um fator importante é se a grávida tem um abdômen mais ou menos musculoso. Isso porque a musculatura pode promover uma restrição mecânica na readequação destes órgãos abdominais, e geram uma pressão que faz com que a barriga pareça menor. A elasticidade destes músculos também conta, e a ordem da gestação pode influenciar.
"Uma paciente que não pratica exercícios físicos ou já teve uma gestação anterior vai ter uma parede muscular menos rígida e mais elástica, permitindo que a força intra-abdominal projete esses órgãos mais para frente, evidenciando mais a protuberância uterina", segundo Renata.
A dieta pode influenciar no peso da grávida e assim como no tamanho da barriga, segundo Ana Paula Normando, endocrinologista do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco. "Se ela engorda pouco, a barriga vai ser menor, assim como o peso também", concorda Maria Fernanda.
Quando a minha barriga vai começar a aparecer?
O útero começa a sair da cavidade pélvica por volta da 12ª semana, com três meses. Nesta etapa, é comum que a paciente o sinta despontando cerca de 2 centímetros acima da sínfise púbica, a articulação óssea que existe próxima à vulva. Já perto das 16 semanas, começa a aparecer de forma mais evidente, porque o útero está evidentemente fora da cavidade pélvica. Aos 5 meses, ou 20 semanas, a mãe pode começar a sentir essa parte do útero por volta do umbigo, explica a obstetra Renata.
"Alguns fatores podem interferir nessa percepção, como por exemplo o biotipo materno: geralmente pacientes mais magras evidenciam a gravidez em idades gestacionais mais precoces", completa o obstetra Eduardo.
Outro fator que também influencia a idade gestacional em que a barriga aparece é se é a primeira gestação. A mulher que nunca teve filhos terá uma barriga que cresce mais devagar, já que seu músculo é mais rígido, pois nunca foi laceado, segundo a endocrinologista Maria Fernanda.
Papel da alimentação e diabetes gestacional
Todo mundo sabe que uma mulher que está grávida deve prestar ainda mais atenção à sua alimentação, para que seu bebê cresça saudável. Se esta alimentação a faz ganhar mais peso na gravidez, a gestante tende a ter uma barriga maior.
No entanto, a endocrinologista Maria Fernanda alerta que há um desequilíbrio na saúde da mãe que pode aumentar demais o peso do bebê e o tamanho da placenta: a diabetes gestacional, que geralmente se desenvolve na segunda metade da gravidez. "Quando a pessoa tem uma pré-diabetes ou a resistência à insulina, existe um aumento maior do bebê e consequentemente da barriga", segundo ela.
Durante a gravidez, a placenta, que liga o seu bebê para seu suprimento de sangue, produz altos níveis de vários hormônios. Quase todos eles prejudicam a ação da insulina nas células, aumentando o nível de açúcar no sangue. Dessa forma, uma elevação modesta de açúcar no sangue após as refeições é normal durante a gravidez.
Conforme seu bebê cresce, a placenta produz mais e mais hormônios que atuam no bloqueio de insulina. No diabetes gestacional, os hormônios placentários provocam um aumento do açúcar no sangue em um nível que pode afetar o crescimento e o bem-estar do bebê.
Apesar de estar ligada a outros fatores, uma alimentação saudável, sem excesso de açúcares e carboidratos, associada a atividades físicas evita a diabetes gestacional.
Uma alimentação rica em sal pode causar inchaço e retenção de líquidos no corpo inteiro, o que pode influenciar também o tamanho da barriga.
É comum que a barriga diminua de uma semana para outra?
O tamanho e a altura do útero não podem diminuir de uma semana para outra. A única exceção acontece nas últimas semanas, já que o feto pode se ou encaixar na bacia, segundo a obstetra Renata.
"A diminuição da barriga pode sugerir uma diminuição de líquido amniótico ou outra alteração que deve ser analisada e avaliada pelo obstetra durante o pré-natal", ressalta o obstetra Eduardo.
A barriga, no entanto, pode parecer maior em um momento, depois de alguns fatores como gases e excesso de fezes no intestino, e depois diminuir um pouco quando eles forem eliminados.