Pediatra especializada em medicina do adolescente, conhecida como hebiatria. Formada pela Pontifícia Universidade Católi...
iAs doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), atualmente denominadas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), são consideradas um problema de saúde pública mundial, sem preferência de raça, sexo ou idade. Basta iniciar a vida sexual ativa para entrar no grupo de risco.
Algumas características próprias da adolescência fazem com que a incidência seja elevada nessa faixa etária, pois os jovens estão ávidos a experimentar um mundo novo, muitas vezes desafiando os limites e ignorando as orientações recebidas. Infelizmente as estatísticas mais recentes têm demonstrado que não estamos obtendo sucesso no quesito prevenção, pois os números mostram aumento significativo de doenças como AIDS, sífilis, gonorreia e clamídia entre adolescentes.
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A melhor forma de lidar com o problema é trabalhar em várias frentes, envolvendo escola, profissionais da saúde, políticas públicas e família. Estudos mostram que a procura por prevenção de ISTs está diretamente relacionada com a maturidade e escolaridade maiores, com o medo de adoecer (portanto ter a consciência dessa possibilidade), a um ambiente de convívio com diálogo aberto e favorável ao uso de contraceptivos na adolescência, além do acesso fácil aos métodos de barreira.
As escolas são um espaço de convívio frequente, onde há a possibilidade de se transmitir a informação sem o peso emocional da conversa em família. Pode-se discutir as doenças, seus sintomas, quando procurar ajuda médica e os métodos de prevenção. Dinâmicas em grupo, palestras com profissionais convidados e estímulo à pesquisa, podem ser métodos interessantes de abordagem de assuntos sobre a sexualidade e as ISTs.
Dos profissionais de saúde espera-se que tenham a habilidade de não só diagnosticar e tratar as ISTs, mas antes de tudo, de trabalhar com a prevenção. Respaldados em seu conhecimento científico devem abordar a temática da sexualidade e, dentro dela, trabalhar com a prevenção de doenças e de gravidez entre adolescentes.
Muitas vezes eles são procurados pelos jovens sem o conhecimento de suas famílias devido à sua posição isenta de julgamentos, devendo aproveitar a oportunidade para ter uma conversa franca, identificando comportamentos que possam ser de risco e sugerindo formas de revertê-los, focando sempre na saúde física e emocional de seus pacientes.
Políticas públicas que tenham como foco principal a prevenção de ISTs são capazes de colaborar com a mudança de estatísticas das doenças em uma determinada localidade. A redução das filas para atendimento ambulatorial, a criação de espaços para conversas com os jovens, tanto nas escolas como nos centros de saúde, a formação de agentes de saúde que possam entrar nas comunidades para difundir boas atitudes e identificar indivíduos em situação de risco, além da disponibilização de métodos de barreira a baixo custo e de fácil acesso, são algumas das possíveis ações para melhorar os marcadores de saúde da população.
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Falando sobre ISTs em casa
Mas a família é a base de tudo. Desde o nascimento a criança recebe, consciente ou não, informações que vão moldar a sua personalidade, seu comportamento e suas crenças na vida adulta. Exemplo e diálogo são alguns dos pilares da educação e é através do convívio com os filhos que os pais podem ao mesmo tempo ouvir suas demandas e orientar condutas adequadas.
Em residências onde acontecem encontros frequentes entre seus membros, seja nos horários de refeições ou em outras atividades conjuntas, percebe-se menor incidência de comportamentos de risco, tais como o uso de drogas e álcool e o exercício da sexualidade de forma inconsequente.
Conversar com as crianças e adolescentes com honestidade, responder as suas dúvidas de forma direta, estimular a leitura para aprofundamento do assunto conforme a maturidade de cada um, são maneiras de minimizar os riscos que cruzam a vida de qualquer pessoa.
Falar sobre infecções sexualmente transmissíveis requer tocar no assunto sexualidade sem preconceitos ou tabus, com a certeza de que essa faz parte do comportamento humano saudável.
Aos pais que têm dificuldade em lidar com o tema, fica a dica: contem com a ajuda de profissionais de saúde habilitados para abordar essa temática e com as orientações fornecidas pelos professores nas escolas, mas não deleguem o exemplo, a conversa franca, e acima de tudo, o acolhimento dos seus filhos. Isso quem melhor pode fazer são vocês.