Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (2004). Concluiu no ano de 2008 a Residência em Clínica...
iCerca de 500 mil cirurgias de retiradas de amígdalas são feitas nos Estados Unidos anualmente. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou mais de 200 mil amigdalectomias entre 2010 e 2014.
As amígdalas fazem parte do sistema imunológico do nosso corpo e estão localizadas na parte de trás da garganta. Como elas estão justamente em uma porta de entrada, entram facilmente em contato com vírus e bactérias. Dessa forma, formam anticorpos para que o organismo resista à infecções.
Os problemas mais comuns nas amígdalas são as infecções, tanto bacterianas quanto virais e em muitos casos infecções de repetição, que podem causar crescimento das amígdalas, dificultando a respiração. E é justamente esse crescimento uma das indicações da cirurgia. Mas por que, então, a retirada de amígdalas poderia levar ao ganho de peso? Parece uma relação estranha, mas... não é tanto assim.
Os dados vem de uma pesquisa publicada na revista médica JAMA no ano de 2014, quando estudou-se 815 pacientes com menos de 18 anos, e foi visto que os maiores aumentos de peso aconteciam nas crianças menores de quatro anos e com pesos menores à época da cirurgia. Nas crianças que já eram mais pesadas, não havia ganho de peso significativo após a cirurgia.
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A principal hipótese, quando avaliamos os dados da pesquisa, é que as crianças mais novas poderiam sofrer maiores efeitos da amigdalite de repetição e, portanto, comerem menos, devido à dificuldade de se alimentarem. Quando essas crianças depois da cirurgia acabam voltando a comer melhor, apresentam reganho de peso.
No entanto, a explicação não parece convencer parte dos especialistas. Existem controvérsias quanto à alimentação das crianças após a cirurgia - em certas regiões do mundo, o ganho de peso poderia ser devido ao excesso de carboidratos ofertados à crianças após o procedimento. Sorvetes, chocolates e uma alimentação hipercalórica na tentativa dos pais e cuidadores de restabelecer a saúde dos pequenos mais rápido.
É um tema intrigante. Talvez a mensagem principal seja a de observar a alimentação tanto antes quanto depois da cirurgia. O acompanhamento das curvas de crescimento e índice de massa corporal pelo pediatra pode indicar a necessidade de corrigir a quantidade a qualidade dos alimentos na busca de um peso equilibrado e saudável.
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