Médico ginecologista e obstetra. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro(2009) e res...
iCom experiência na cobertura de saúde, especializou-se no segmento de família, com foco em gravidez e maternidade.
Nas últimas semanas antes de um bebê nascer, enquanto os pais se preparam para a sua chegada, o pequeno também vai passando por mudanças que facilitam a sua vinda. Uma delas é a definição da posição em que ele encaixará: cefálica (de cabeça para baixo, mais comum) ou pélvica (quando dizem que o bebê está "sentado").
De acordo com Marcos Antonio de Farias Lira Júnior, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Cristóvão, a posição em que o bebê nascerá costuma ser definitiva na 34ª semana de gestação, e as mudanças após este período são raras. Já quando a mãe está próxima das 36 semanas de gravidez, é comum que aconteça o "encaixe". "O encaixe é quando o bebê se encontra fixo na pelve materna, confirmado após manobras no exame clínico do obstetra, podendo ser pélvico ou cefálico", explica o médico.
Há alguns sinais de que o bebê encaixou. Segundo Marcos Antonio, nesta fase as mães sentem mais dores na região pélvica, aumento da frequência com que faz xixi e mais dificuldade para caminhar. No entanto, já que são sensações comuns do final da gravidez, é só na consulta pré-natal que um obstetra consegue confirmar.
O "encaixe" acontece no final da gestação, quando há uma acomodação da apresentação do bebê na pelve da mãe (região da bacia). Por isso, é difícil que ele mude de posição naturalmente depois que passa pelo processo.
Bebês na posição pélvica
Geralmente, a primeira parte de um bebê a passar pela vagina na hora do parto é sua cabeça. Isso acontece porque a apresentação cefálica é a mais comum para o nascimento. No entanto, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 4% dos bebês estão "sentados" no momento do nascimento.
A apresentação pélvica tem o dobro de chances de acontecer entre filhos de pai ou mãe que tenha nascido assim, segundo um estudo da Universidade de Bergen, na Noruega, que analisou dados de 387 mil bebês nascidos entre 1967 e 2004.
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Nestes casos, o Ministério da Saúde recomenda que os médicos tentem uma manobra chamada versão cefálica externa (VCE) a partir das 36 semanas. Neste procedimento, o profissional faz a mudança de posição do bebê manualmente, com toques na barriga que parecem uma massagem. Apenas profissionais muito experientes podem fazer a versão, em ambiente hospitalar, após avaliação do médico que faz o pré-natal e também quando não há contra-indicações.
Veja como é o procedimento de uma Versão Cefálica Externa neste vídeo da Organização Mundial da Saúde.
As contra-indicações para a VCE são:
- se a gestante está em trabalho de parto
- se há comprometimento fetal
- quando há sangramento vaginal
- se a bolsa for rompida
- obesidade materna
- operação cesariana prévia
- outras complicações maternas.
Quando o médico indica esta manobra, a gestante também deve assinar um termo de consentimento, segundo o Ministério da Saúde.
Se a versão cefálica externa não é indicada, o órgão recomenda que se faça uma cesariana a partir das 39 semanas, preferencialmente após entrar em trabalho de parto.
No entanto, existe a possibilidade de um nascimento pélvico de parto normal. "O parto pélvico é mais complexo que o parto cefálico, mas não é um monstro", explica o obstetra Marcos Antonio. Segundo ele, são raras as exceções que impedem um parto pélvico normal, mas é inegável que quando o bebê está sentado, a mãe precisará de muito mais força de vontade e determinação, em suas palavras.
Para as mulheres que optam pelo parto normal pélvico, o Ministério da Saúde ainda aconselha que busquem instituições experientes nestes casos.