Bacharelado em Educação Física pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, instituição onde t...
iNa vida tão corrida que temos, ainda que sejamos acometidos por dores no corpo, dor de cabeça e outros sintomas da gripe, desagradáveis, mas nada graves, não interrompemos nossas rotinas de trabalho e outras tantas atividades, seja simplesmente por não existir essa possibilidade ou ainda porque não queremos interrompê-la.
Nesse contexto, uma situação comum e que gera bastante dúvida é com relação a quem consegue inserir e engatar uma rotina de atividades físicas e não gostaria de parar por conta de uma eventual doença. Fazer exercício mesmo sem estar com saúde plena traz algum risco de agravamento ou, no caminho inverso, será que traz algum benefício?
A resposta pode ser neutra, positiva ou negativa, uma vez que depende de muitas variáveis, como: qual a enfermidade, o grau de estágio que está, bem como o nível de cansaço da pessoa, sua alimentação e hidratação naquele dia. Também são fatores determinantes o local e o tipo de exercício que fará, a intensidade e duração da atividade física e até o que vai fazer após realizá-la.
Apesar de complexa, a decisão sobre treinar ou não, mesmo não estando plenamente saudável, passa por alguns conceitos básicos. O primeiro deles é o fato de que se exercitar acima da intensidade da maioria das atividades do seu dia a dia significa gerar um aumento de toda atividade e processos fisiológicos (de funcionamento) dos vários sistemas corporais (cardiovascular, respiratório, neural, renal, hormonal, etc).
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O segundo conceito básico é que todo funcionamento do corpo gera algum desgaste por menor que seja e, portanto, precisa de recuperação, ou seja, quanto mais atividade, mais necessidade de recuperação. Todos os processos de recuperação são feitos pelo sistema de defesa, chamado de sistema imunológico. Ele serve tanto na recuperação do desgaste do corpo originado do exercício, quanto na recuperação do desgaste causado pelas enfermidades.
Na prática, a primeira conclusão que se tira é que, ao ?desgastar? o corpo com atividades intensas enquanto a pessoa estiver doente, ela dará muito mais trabalho ao sistema imunológico, que já está ocupado atuando no desgaste da enfermidade. Isso significa criar dificuldade na recuperação e até no risco de agravar a doença.
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Atividades leves e de curta duração
Porém, há um outro lado a ser avaliado. Muitas enfermidades colocam o funcionamento do corpo num estado mais preguiçoso, com falta de sede e de fome, cenário ótimo para a doença evoluir. Por essa razão, em alguns casos, quando esses estados ainda são bem leves, iniciais ou finais, as atividades de baixa intensidade, curta duração, bem parecidas com o ritmo normal do dia a dia, que quase não parecem exercícios, podem servir para estimular e gerar uma pequena ativação dos vários processos fisiológicos do corpo, inclusive do sistema imunológico e acabam por não fazer mal algum. Em alguns, essa ativação pode até beneficiar a recuperação.
Ao entender esses conceitos, você já consegue fazer uma boa análise de como se sente, para avaliar se vale a pena ou não fazer atividade física. Mas, sempre lembrando que as respostas e avisos do nosso corpo devem ser observados e respeitados.
O acompanhamento de um bom médico, moderno e atualizado, também é fundamental para ajudar a avaliar o estado de saúde e dizer se o repouso é necessário ou se as atividades da rotina podem ser mantidas. Da mesma forma, um profissional de Educação Física gabaritado, que estuda mais do que somente a técnica dos exercícios, pode auxiliar na seleção das atividades e intensidades certas, após a liberação médica para a prática de exercícios físicos.